A Cozinha da Alcobaça, de Laura Góes: deliciosa até de ler

(As plantas são aqui em casa mesmo)
(As plantas são aqui em casa mesmo)

Anteontem fui a um jantar a seis mãos no Studio 768, anexo ao restaurante Carlota. Laura Góes, proprietária e chef da Pousada da Alcobaça, de Correias, ia cozinhar receitas de seu livro A Cozinha da Alcobaça, luxuosamente auxiliada por Carla Pernambuco e Carolina Brandão.

Laura Góes e os verdes da Serra
Laura Góes e os verdes da Serra

O jantar foi maravilhoso. Dona Laura trouxe da Serra até as alfaces (é ela mesma quem cultiva, e conhece todas por nome e apelido). A finíssima flor da blogosfera de gastronomia estava presente; reencontrei amigos, conheci gente bacana e mais uma vez cabulei o regime 😯

Alê Blanco e Marcelo Katsuki em ação
Alê Blanco e Marcelo Katsuki em ação

Mas a grande surpresa da noite foi mesmo o livro. Imaginava, pela capa, que seria um coffee table book com fotos e receitas. Não! É muito melhor: um banquete para quem gosta de ler.

Pato com laranja
Pato com laranja

Laura Góes, que é dona de uma deliciosa prosa ao vivo, se revela (para mim, que sou um ignorante; seus alunos e fãs antigos já sabiam disso desde sempre) mestre em prosa por escrito também.

Torta de chocolate com amêndoas caramelizadas
Torta de chocolate com amêndoas caramelizadas

A Cozinha da Alcobaça combina memórias da cozinha com técnicas culinárias e receitas. Onde quer que você abra o livro, o texto é uma gostosura.

Do capítulo Panela, panelinha, panelão:

Passei longos anos desejando panelas importadas e até hoje meu coração bate mais depressa quando vejo aquelas francesas magníficas, mas adoro certas panelas brasileiras, como as de pedra-sabão, as de ferro fundido e as de alumínio grosso. Panelas mineiras de pedra-sabão fazem o melhor arroz do mundo. São ótimas para cozimento lento. As melhores são produzidas em Cachoeira do Brumado, perto de Mariana, em Minas.

Cachoeira do Brumado é um lugar extraordinário. Para chegar lá, é preciso sair do asfalto e andar sete quilômetros por uma estradinha de terra, pela qual se volta duzentos anos no tempo. Montes de crianças que brincam numa pracinha param o que estão fazendo e seguem os visitants, como se eles fossem de outro planeta.

As panelas são feitas por um artesão, chamado seu Sinésio, que parece um homem da Antigüidade, talvez um caldeu ou um egípcio, quem sabe. Trabalha com um torno primitivo, esculpindo as panelas em pedras que tira de um barranco atrás de sua casa. Recebe as encomendas num telefone público: é preciso berrar todas as explicações, sem nenhuma certeza de que ele tenha entendido.

Dá para ver que não é por acaso que dona Laura é mãe da jornalista e dramaturga Marta Góes e avó do Antônio Prata, cronista a quem devoto incessante inveja 😳

Laura Góes e Carla Pernambuco
Laura Góes e Carla Pernambuco

Para o livro ficar mais gostoso, sugiro que antes você se hospede lá na Alcobaça. Depois de conversar com Laura Góes e registrar sua voz, você vai poder ler o livro inteiro ouvindo a narração da autora 😀

Leia também:

Pêra belelé e custódio: uma noite na Alcobaça

13 comentários

Assisti a entrevista dela c Bial. Fiquei apaixonada. Amo uma cozinha. Gostaria de comprar o livro mas está esgotado. Como adquirir?

Sra…laura….Vi uma entrevista sua em uma canal de tv e gostei muito…suas receitas são maravilhosas…grande abraço

Passei algum tempo programando uma ida a Alcobaça para a feijoada de sabado. O inverno se foi e eu não fui. Quando as coisas se acalmarem, lá para abril ou maio, irei por lá para passar uns dias e curtir todas essas delícias.

Acho que seria impotante esclarecer que Correas faz parte do município de Petrópolis, na serra fluminense.

Riq, que bacana deve ter sido este jantar 😉
A D. Laura é uma figura humana riquíssima, um de seus talentos, a culinária, faz no capricho desde o mais simples prato brasileiro, o feijão preto que cozinha lentamente em forno de lenha às pêras belelé. Os almoços na Alcobaça são concorridíssimos.
A Pousada da Alcobaça em Correias é de super bom gosto e tem uma horta imeeensa cultivada por ela. Quem se hospedar não vai se arrepender e Correias tem um dos melhores climas do Brasil.
Comprei o livro, além de ser uma gostosura de ler tem receitas tim por tim tim.
Uma curiosidade, ela nos contou que teve um colégio em São Paulo, onde morou por muitos anos, chamava Gávea.

Marcie, vou em 05/janeiro, se eu for a 1ª da fila é só falar, será um prazer levar a encomenda.

    Brigadim, Rosa, muito simpático de sua parte. Mas a filhota vem antes disso. É que eu nem queria esperar o Natal pra ter o livro, entendeu?? 😉 😉

Confesso que,tendo um in-house personal chef, minha única atração por livros de culinária é mesmo sua leitura – então vou fazer a festa com esse.
Quem é dos Trips que está vindo pra cá pra trazer pra mim?? 😉

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