Tóquio: le dernier mêtôrô

Metrô de Tóquio

(Ou: Cinderela japonesa à meia-noite vira cápsula) 26 de janeiro de 2005. Por onde é que eu começo? Talvez pela velhinha japonesa que passou por mim para ir ao banheiro, antes do avião começar os procedimentos de aterrissagem em Tóquio. Eu estava de bobeira no fundo do avião, esticando as pernas, e ela veio, toda senhorinha e completamente japonesa, “Hai!”, reverência, risinho envergonhado, enfim, um clichê ambulante a 11 mil metros de altitude. A velhinha passou por mim e então se pôs a analisar a porta do banheiro. Ela olhou, olhou, olhou para aquela rodelinha em torno da maçaneta onde estava escrito VACANT, e não teve coragem de tentar abrir. E com razão. Se você analisar a palavra VACANT com os olhos de quem tenta decifrar um ideograma, você vai chegar à conclusão de que boa coisa aquilo não deve dizer. Esse V colocado ao lado de um V invertido e cortado por um tracinho; esse C vazio de tudo; esse T áspero e seco no final — é lógico que o ideograma VACANT significa algo como tente mais tarde, minha senhora. Então ela se virou e olhou para mim — e veja bem: ela olhou para mim não como quem pede ajuda, mas como quem pede desculpas por ter sido tão tola e ter chegado até ali perto, quando de longe dava para ver que estava escrito VACANT, e que VACANT quer dizer tente mais tarde minha senhora –,  ela olhou para mim, envergonhadíssima, e já estava voltando resoluta para o seu lugar, quando eu gesticulei em japonês: “Hai!”. (É muito fácil gesticular em japonês. Basta você fazer cara de japonês de comercial, emendar uma pequena reverência com a cabeça e dizer “Hai!”. Gesticular em francês também é bico. Você faz cara de nojo, dá de ombros e solta um “Pffff!”.) Eu gesticulei “Hai” e ela entendeu pelo ideograma do meu gesto que o banheiro estava livre, sim, bastava ela não ter medo daquelas seis letras estranhas em volta da maçaneta. Ela agradeceu, hai!, sei lá quê arigatô gozamaishtá, e então puxou a porta para fora, empurrou a porta para dentro e conseguiu entrar. Quando a velhinha desapareceu no banheiro, eu pensei: eu sou você amanhã. Não, não. Eu sou você daqui a pouquinho. (O famoso Efeito Kirin.)

Antes de mais nada, preciso dizer que eu sou muito mal-acostumado. Quando eu chego a um lugar, eu já pesquisei dois ou três guias, vasculhei meu arquivo de revistas, entrei na Internet, fiz meu dever de casa direitinho. Normalmente depois de 48 horas eu já manjo a cidade. No terceiro dia, eu chamo a cidade de você, e ela me chama de Mr. Freire. Tudo bem, eu sabia que Tóquio não seria tão fácil assim. Mas eu não poderia imaginar o tamanho do baile que eu levaria nos meus primeiros dias. Nas primeiras 48 horas – as mesmas 48 horasque eu levo para me sentir em casa numa cidade – Tóquio me humilhou, me torturou, me espezinhou. Tóquio só não me bateu porque um lutador de sumô não bate – só derruba. Tudo bem: agora eu sei que não foi intencional. E que a culpa, no final das contas, foi minha.

É o seguinte. Quando eu escrever uma matéria sobre Tóquio – e isso aqui, apesar do tamanho, não é uma matéria, são só anotações de serviço – vou colocar bem no começo, em negrito e sublinhado, para não passar despercebido: não tente achar nenhum endereço específico em Tóquio. Se não for um shopping, uma loja de departamentos, um templo ou um parque, não perca seu tempo nem desperdice sua paciência. Se o lugar não tiver um letreiro no velho e bom alfabeto romano, esqueça. Você não vai achar. A não ser que você tenhaum concierge que escreva os seus endereços preciosos em japonês e um motorista de táxi que leve você até a porta. Fora isso, só mesmo se você, sei lá, tiver uma sobrinha que esteja aprendendo japonês e venha junto com você.

Eu tenho uma sobrinha que está aprendendo japonês, a Aninha. Ela começou pelo Pokémon, evoluiu para o mangá, entrou para um curso do consulado japonês de Porto Alegre e já estudou dois ou três anos, com ótimas notas. Só que a Aninha está na Escócia agora. Trazer a Aninha com a gente, porém, sairia mais barato do que ficar num hotel com concierge e só andar de táxi pra cima e pra baixo.

Shinjuku, Tóquio

Não é só um prolema de alfabeto. Os endereços japoneses são ainda mais indecifráveis que os ideogramas japoneses. Só as grandes aenidas têm nome – que, em termos de endereço, não servem para nada. Existe uma avenida chamada Meiji Dori, mas não existe um endereço como Meiji Dori, 100. O sistema é assim. Os bairros são subdivididos em pequenas regiões numeradas. Dentro de uma região, cada quarteirão tem seu número. Dentro de cada quadra, cada casa ou edifício tem o seu número também. Por exemplo: o endereço Shibuya 10-3-20 significa que o que você procura está na vigésima casa da terceira quadra da décima micro-região do distrito de Shibuya. Dizendo assim parece quase praticamente tipo assim superfácil. Só que nenhum desses números está visível em lugar nenhum.

(Fico pensando se o fato dos japoneses adorarem viajar em grupo não se deva a uma total incapacidade de entender o sistema ocidental de endereçamento. Como assim, Faria Lima com Rebouças? Qual é a lógica dessas duas avenidas fazerem esquina?)

A única maneira de você achar um endereço é se alguém informar o caminho passo a passo – desça na estação tal, peque a saída tal, agora está vendo um luminoso assim-assado? É pro lado oposto. Passe pelo banco, vire na segunda máquina de chá gelado, ache um letreiro verde e amarelo, e voilà: o restaurante é o terceiro da esquerda para a direita. O ideal-ideal mesmo é que toda essa explicação seja ilustrada por fotos. O meu hotel fez assim no site de‚Œes, e por isso esse foi o único endereço que eu achei sem problemas.

Ah, o nosso hotel. Por que todas as minhas fontes resolveram conspirar contra mim ao mesmo tempo? Peguei a dica do Andon Ryokan numa Traveller, edição inglesa (normalmente mais bem informada do que a americana). Ryokans são htéis ao estilo japonês – tatâmi em vez de camas, portas de correr, luminárias de papel. Quando são realmente tradicionais, os ryokans custam caríssimo. Tóquio não tem nenhum ryokan tradicional – só um punhado de ryokanzinhos meia-boca que fazem as vezes de pensão.

O Andon Ryokan caiu nas graças da Traveller inglesa por ser um ryokan-design – um ryokan que até a Wallpaper acharia bacana, caso a Wallpaper se dispusesse a indicar hotéis de 78 dólares sem banheiro no quarto. Eu entrei no site e achei tudo legalzinho. Além do quê, estava querendo me hospedar em ryokans de verdade no interior do Japão – e precisava economizar na minha estada em Tóquio. 78 dólares por noite é só um poucomais do que duas pessoas pagam num albergue em Tóquio. Um japonês que perca o trem e precise se hospedar num hotel-cápsula vai pagar quase a metade disso.

Eu deveria saber. Quando a esmola-design é muita, o santo-design desconfia. Por fora o ryokan é bárbaro: um predinho revestido pr vidro fosco verde-água. À primeira vista parece uma pequena filial da DPZ em Tóquio. Só que uma pequena filial da DPZ em Tóquio teria salões, móveis da Forma, bicicletas do Petit e quadros do Zaragoza. Em lugar disso, o Andon Ryokan tem cubículos-design. Os quartos não chegam a ser cápsulas, mas são armários. Cada cubículo tem 1,69m de largura – eu sei porque medi com meu próprio corpo, e essa é a minha altura exata. Conheço alguns closets que dão quatro ou cinco desses. O problema nem é dormir num armário. Depois que você acostuma, fica até, digamos, aconchegante. O esquisito e chegar e sair. Nem a bicha mais indecisa do planeta entrou e saiu tanto do armário quanto eu nesses cinco dias.

Ardon Ryokan, TóquioAndon Ryokan, TóquioAndon Ryokan, Tóquio

Tudo bem. A Traveller inglesa me mandou para um armário-design. Mas um armário bem-localizado, um armário no fervo, um armário perto de tudo o que um hóspede-design procura? Nananina. A região do meu armário, Minowa, descrita no site do meu armário como “um pedaço ainda bucólico de Tóquio, onde se pode observar a vida como era antes”, no meu guia sairia como um dos pedaços mais desoladores de Tóquio, onde se pode observar como pode ser triste a vida por aqui. Com exceção do parque de Ueno e do templo de Asakusa, nós estávamos a pelo menos 7 estações de distância de qualquer coisa com algum interesse na cidade.

Mas não seja por isso. Tudo é experiência, e eu estava tendo o privilégio de viver cinco dias como um dekassegui. Ou, vá lá, um dekassegui-design.

Morar longe, contudo, tem uma vantagem. Eu posso ficar mais tempo dentro do paraíso para estrangeiros em Tóquio. O metrô.

No metrô e nos trens japoneses, tudo é inacreditavelmente bilíngüe. O nome das estações, o aviso do próximo trem no painel, a indicação do caminho para as baldeações e para as saídas — está tudo transcodificado para o alfabeto romano. Ah, os romanos. Como eles podiam ser tão complicados com números mas tão geniais com letras? Como é que 26 letrinhas poem substituir 6 mil ideogramas? Decerto, não podem. Os japoneses devem olhar para esse emaranhado de caracteres, G-I-N-Z-A, S-H-I-N-J-U-K-U, e achar tudo vazio e sem significado. VACANT, como o banheiro do avião da vovozinha. Tente mais tarde, minha senhora.

Se não bastassem as placas, os avisos sonoros também são bilíngües. Por causa de meia-dúzia de estrangeiros, todos os milhões de usuários do metrô de Tóquio são obrigados a ouvir os anúncios das estações e das interligações com outras linhas em inglês também. Imagina ouvir no metrô de São Paulo: “next station, An-ran-ga-báu. Transfer to Dja-ba-kwa-rah Line”. Graças a isso, basta passar meia hora no metrô para se ter a ilusão de que Tóquio é a cidade mais preocupada do mundo em fazer o estrangeiro não se perder. Trata-se de uma cilada, claro. É só emergir de qualquer estação que você não ter a mais remota idéia de para onde deve ir para achar o que quer que seja.

Prada em Aoyama

Como eu já disse, aquelas 48 horas que eu normalmente levo para me achar numa cidade foram as 48 horas que eu levei para me dar conta de que jamais me acharia em Tóquio. A iluminação me sobreveio depois de quase duas horas perdidas em Shinjuku para achar um rstaurante que dois guias diferentes — o Time Out e o Eyewitness (editado no Brasil pela Publifolha) — indicavam como o tempurá com o melhor custo x benefício de Tóquio. Diga-se a meu favor que havia uma diferença de duas quadras entre o mapa do Time Out e o do Eyewitness. Mas mesmo com o dobro de chances de achar o endereço correto, eu rodei, rodei, rodei uma eternidade e não achei a p*r*a do c*z*o do maldito infeliz tempurá com o melhor custo x benefício de Tóquio. Foi nesse momento que Buda, Confúcio e todas as divindades xintoístas me iluminaram, e eu percebi que não preciso — nem ninguém precisa — experimentar o tempurá com o melhor custo x benefício de Tóquio para gostar de Tóquio. Eu saí do meu transe e me lembrei que rodar uma eternidade para achar qualquer coisa em qualquer lugar é o programa de pior custo x benefíco de uma viagem.

Foi então que eu formulei o meu doravante clássico Postulado de Tóquio. Que diz o seguinte. Contente-se em achar as coisas que podem ser encontradas na boca da estação. Ache as lojas de departamento de Ginza. Os edifícios modernos de Shinjuku. As teens fantasiadas de Harajuku. O boulevard de grifes de Omotesando a Ayoama. O cruzamento famoso de Shibuya. A putaria de Roppongi. O comércio moderninho de Dakanyama. É só emergir da estação, e você já achou o que procurava. Agora: na hora de comer, beber ou comprar, a portinha que chamar a sua atenção naquele instante vai oferecer o melhor custo x benefício para a sola do seu sapato.

Minha vida mudou depois do Postulado de Tóquio. Eu ainda vivia como um dekassegui-design, mas pelo menos podia entrar na mais fuleira birosca de udon (uma espécie de miojo para adultos) ou no primeiro sushi de esteira rolante que aparecesse na minha frente, sem dramas de consciência.

Vitrine de udon

Havia um programa gastronômico, no entanto, que já estava na pauta desde antes do Postulado de Tóquio. Queriamos jantar na cobertura do hotel Park Hyatt – um dos cenários mais marcantes do filme “Encontros e Desencontros”, de Sofia Coppola. Não só pela vista, nem tanto em busca de uma compensação pelo nosso armário-design – é que, depois de algumas horas em Tóquio, o filme tinha deixado de ser a história bobinha sobre o não-encontro entre um ator americano e uma garota mal-amada, e tinha se revelado uma reportagem fiel e muito bem realizada sobre a incomunicabilidade entre uma cidade e seus visitantes. Como conseqüência, o restaurante do Park Hyatt tinha deixado de ser uma curiosidade para se tornar, para nós, um sítio de peregrinação.

Liguei e consegui reserva para as 9 e meia – meio tarde, para Tóquio. Eram 9 e cinco quando colocamos  pé para fora da saída Oeste da estação Shinjuku. Sabíamos que o Park Hyatt ficava pertinho dos prédios imensos da Prefeitura de Tóquio, numa zona de Shinjuku de baixa densidade, ahn, prediográfica. Ia ser bico achar o hotel. Era só seguir o mapa e procurar um luminoso, uma portaria, uma fila de táxis. Às 9 e vinte já tínhamos passado da Prefeitura, e nada de Hyatt. Andamos prum lado e pro outro. Só prédios de escritórios com andares e andares de luz fluorescente e portarias fechadas. Foi então que vimos uma ruela saindo pela lateral de um desses prédios e, nela, uma fila de táxis. Desesperados, perguntamos a um motorista pelo Park Hyatt. Ele apontou para o prédio em frente.

Por que a gente não tinha achado? Porque o letreiro era discretíssimo. A entrada era pelos fundos do grande prédio de escritórios que tínhamos visto na avenida. Os primeiros 40 andares eram, de fato, escritórios. O Park Hyatt começava no 41º. andar. C*c*ta! C*r*lho! P*t*qu*p*riu! Nem o c*z*o da p*r*a de um hotel americano eu consigo achar nessa cidade!

Subimos. O restaurante fica no 52º. andar e se chama, perdão, New York Grill. Deve ser o mais lindo Terraço Itália do planeta. A vista do bar, para o lado de Shinjuku com mais arranha-céus, é mais bacana que a do restaurante. Mas como nos deram uma mesa bem na janela, não pudemos reclamar. Eu tinha levado comigo meu controle remoto, e depois da dificuldade em achar o hotel, não havia outra alternativa senão apertr o botão do f*d*-se. Não, não vou dizer quantas diárias do armário-design nós gastamos naquele jantar. Só vou dizer que comemos muito bem e nos sentimos os dekasseguis mais bestas da História.

Às 11 e quinze começamos a subir a avenida em direção à estação Shinjuku. Á medida que a gente se aproximava da estação, o filme deixava de se “Encontros e Desencontros” para virar “Koyaanisqatsi”. Tóquio inteira corria para não perder o último metrô – ou mêtôrô,como diz a voz do trem no começo de cada aviso. Eu já tinha minha estratégia definida: andar quatro estações e pegar o último trem da linha Hibyia, que nos deixaria a três quadras de casa. A primeira parte do plano deu certo. Aos trancos e barrancos, chegamos inteiros a Ebisu e pegamos o trem da linha Hibyuia um nadinha antes da meia-noite. O trem então andou uma estação só – e parou. Finito. Tá pensando o quê? Que aqui é Paris? Que o último metrô vai necessariamente até o fim da linha? Nananinanão!!!

Por esse momento eu não esperava – o metrô, que até alguns parágrafos atrás era “o paraiso do estrangeiro em Tóquio” – tinha nos deixado na mão. Estávamos na terceira estação de nossa linha – a estação do armário era a antepenúltima, umas 15 paradas adiante. Ou seja: havia uma cidade inteira a cruzar. Numa situação dessas, um japonês se dirigiria ao hotel-cápsula mais próximo. Nós não podiamos fazer isso. Primeiro, porque já tínhamos, mal ou bem, nossa própria cápsula. Cápsula-design, mas cápsula. Depois, não tínhamos como saber se havia hotéis-cápsula em Hiro-ô (o nome da estação em que o trem encalhou). E, finalmente, 45 minutos atrás nos estávamos jantando no Park Hyatt, e o nome do filme é “Encontros e Desencontros”, e não “Cinderela”.

Sem considerar outra saída, emergimos da estação e fizemos sinal para o primeiro táxi que passou. Falei “Minowa” para o motorista e ele repetiu: “Minowa. Hai!”. (Que emoção: meu primeiro diálogo inteiramente em japonês.) Olhei para o taxímetro e descobri que a bandeirada em Tóquio é 660 yens (6 dólares e 60 cents). Comecei a ler o aviso afixado atrás da poltrona do motora. Os primeiros 3 km custam 660 yens. A partir daí são 80 yens a cada 200 metros.

Eu só comecei a avaliar o tamanho da encrenca quando o taxímetro já marcava 30 dólares, mas as placas de trânsito ainda falavam de bairros com nomes de estações bem distantes da nossa. Aos 50 dólares, aquilo começou a doer. Porque a gente não estava indo para o Four Seasons nem para o aeroporto pegar um avião em cima da hora: a gente estava indo para um armário em Diadema. Lá pelos 60 dólares aconteceu algo engraçado (sim, àquela altura eu já estava achando graça): era uma e cinco da madrugada, e o trânsito parou. Obras.

Perto dos 70 dólares, avistamos um luminoso com o nome de nossa estação: Minowa. Só que não era essa a avenida que a gente conhecia. E como acharíamos a nossa saída, se a estação estava fechada? Em pânico de ter que pagar 70 dólares para ficar num lugar desconhecido de Tóquio, me lembrei que tinha comigo um cartãozinho com o mapa do armário. O mapa usava o alfabeto romano, mas se eu apontasse a estação e o hotel, o motorista não teria como não achar. Aproveitei o trânsito parado e dei o cartão para o motorista. Ele olhou. E olhou. E olhou. Eu pensava: VACANT. VACANT. VACANT. Passe mais tarde, minha senhora.

Então o táxi andou mais um pouco e virou na avenida seguinte. Alívio. Era a nossa avenida. Daqui já sabíamos chegar a pé. Mas por 73 dólares eu quero mais é ser deixado na porta de casa, concorda? O motorista rodou mais um pouco e, por contingência de trânsito, chegou ao nosso quarteirão pelo lado oposto ao que chegávamos a pé. Então ele parou numa bifurcação. Nós também não sabíamos dizer qual das duas ruelas era a certa — mas tudo bem, a gente podia descer ali, se não fosse uma seria a outra. Antes que pudéssemos falar isso (em gestês, claro), no entanto, o motorista deu uma guinada — e se mandou para o lado totalmente oposto ao nosso armário. Ei! Pára! Stop! No! — nós gritamos.

Demorou quase uma quadra para o motorista decifrar o ideograma do volume de nossos apelos. Quando ele parou, o taxímetro marcava 7.540 yens. 75 dólares. Eu estava empobrecido, porém realizado. O JAPONÊS TAMBÉM NÃO TINHA CONSEGUIDO ENTENDER UM RELES MAPINHA! Foi a glória. Sem dúvida, foram os 75 dólares mais bem empregados de toda a viagem.

Um prédio projetado por Philippe Starck em Asakusa

Estou republicando a blogagem ao vivo da minha viagem de volta ao mundo de janeiro de 2005. Os posts vão ao ar nas mesmas datas em que foram publicados. Leia sobre as etapas anteriores — em Sydney, Cingapura e Cidade do Cabo — clicando aqui.

62 comentários

Coletando infos pra próxima viagem e caio bem aqui neste post.
S*ns*c**n*l! Cadê o livro com os “the best” posts/escritos, Riq? Bjs pra todos, bóias inclusas.

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