O que é melhor: pacote, excursão ou conta própria?

Empacotado ou desempacotado?

Minha posição pessoal, compartilhada por muitos freqüentadores assíduos deste site, é que viajar por conta própria é mais gostoso e recompensador. Mas até eu reconheço que há casos em que o pacote é uma boa alternativa (e que até a excursão pode ter o seu lugar). Vai depender do destino, das circunstâncias de viagem e da personalidade do viajante.

Pacote

Como funciona. Operadoras fazem acordos com companhias aéreas (às vezes, fretam vôos exclusivos) e bloqueiam apartamentos em hotéis e resorts, oferecendo um preço normalmente interessante.

Vantagens. Você não tem trabalho quase nenhum além de escolher um dos hotéis oferecidos. Um passeio de boas-vindas costuma estar incluído. Há possibilidade de parcelamento.

Desvantagens. A seleção de hotéis é limitada. A distribuição de hóspedes pelos hotéis na chegada e o recolhimento de todos na saída pode comer boa parte do primeiro e do último dia. Você é induzido a comprar os passeios “opcionais” com o receptivo da empresa. E muitas vezes não se informa o suficiente sobre o destino, por saber que a operadora cuida de tudo (e acaba deixando de fazer atividades mais bacanas). Vôos fretados podem ter horários esquisitos ou ser remarcados em cima da hora.

Onde/quando vale a pena. Os preços mais apetitosos aparecem nos pacotes que usam vôos fretados. Na ponta do lápis, pacote nunca é mau negócio em praças onde as operadoras brasileiras tenham força junto à rede hoteleira — como Buenos Aires, Orlando, Cancún, capitais do Nordeste, resorts. Para feriados, Réveillon e Carnaval, os pacotes podem ser a única opção de quem não fez reservas a tempo, já que as operadoras têm bloqueios de assentos de aviões e quartos de hotéis para os atrasadinhos. Faz sentido também comprar pacote de ecoturismo, porque você já sai com os passeios organizados e garantidos (e com garantia de qualidade, quando a operadora é especializada).

Onde/quando não vale a pena. Para Europa e Nova York, os pacotes oferecem apenas a comodidade do tudo-em-um: você acaba pagando preços de mercado, por uma seleção pequena de hotéis. E quando você consegue comprar uma passagem de avião descontada, é fácil igualar ou bater os preços dos pacotes.

Recomendações. Mesmo se você for comprar pacote, não deixe de fazer as mesmas pesquisas que você faria para viajar por conta própria. Você estará em condições muito melhores de fazer suas escolhas e saberá que atividades fazer de maneira independente. Outra dica que vale quase sempre é não optar pelo hotel mais barato; normalmente é só um chamariz. Tente extrair do vendedor a informação “qual é o que não dá reclamação?”.

Excursão

Como funciona. Você compra a hospedagem e toda a logística de deslocamento. Seu itinerário é meticulosamente pré-programado, com um ou outro momento livre. Todos os passeios principais estão incluídos (os ingressos, nem sempre), assim como algumas refeições. A passagem aérea ida e volta muitas vezes é paga à parte.

Vantagens. Novamente você não se preocupa com nada. Não precisa encontrar o endereço do hotel, nem vai dar de cara com uma atração fechada. Roteiros mirabolantes, impossíveis de fazer com suas próprias pernas, ficam magicamente factíveis.

Desvantagens. Os roteiros convencionais tentam entupir o seus dias na estrada com o maior número possível de cidades e países, resultando numa colcha de retalhos de city-tours, com mais tempo no ônibus do que em terra firme. É preciso conviver com um grupo fechado, em que é inevitável o aparecimento de personagens como o engraçadinho e o reclamão.

Onde/quando vale a pena. No meu caderninho, excursões só fazem sentido em países “difíceis” — Egito, Índia, Irã, Rússia… — ou quando são organizadas em torno de roteiros temáticos, com guias especializados e público homogêneo. Viagens gastronômicas, enófilas, arquiteturísticas, educativas (história da arte, antropologia), esportivas, viagens de bicicleta, travessias: quando você viaja com a sua turma, para ver/aprender coisas que seria mais difícil ou impossível sozinho, o esquema só tem vantagens. Finalmente, excursões também se justificam em caso de pânico de viajar sozinho ao exterior — neste caso, qualquer país dá para enquadrar na categoria “difícil”.

Onde/quando não vale a pena. Roteiros que cobrem muito chão em pouco tempo valem só para quem quer “ticar” pontos do mapa.

Recomendações. Jogue o roteiro no Google Maps e no Via Michelin para ver as distâncias percorridas a cada dia e a estimativa de horas em trânsito. E se possível, embarque com familiares ou amigos. Viajar em grupo é indolor quando você leva sua própria turma.

Por conta própria

Como funciona. Você monta o seu roteiro, pesquisa preços e faz todas as reservas, sozinho ou com ajuda de um agente de viagens.

Vantagens. Nunca foi tão fácil produzir uma viagem independente. Está tudo na internet: os vôos, os hotéis, os carros, as opiniões de outros viajantes. Você tem acesso às ofertas e pode se hospedar em hotéis que não são oferecidos pelos pacotões. E no processo de pesquisa, acaba aprendendo muito sobre o destino que vai visitar, o que proporciona uma viagem mais rica e satisfatória.

Desvantagens. Dá um trabalho danado, sobretudo nas primeiras vezes. Qualquer desatenção no preenchimento de datas pode resultar em multas ou gastos não-reembolsáveis.

Onde/quando vale a pena. Quem se diverte montando uma viagem por conta própria (e viu que consegue melhorar sua viagem desta maneira) dificilmente viaja de outro jeito.

Onde/quando não vale a pena. Os tais “destinos difíceis” (Egito, Rússia, Índia, China) impõem desafios extras aos desempacotados. Para lugares de ecoturismo, viajar por conta própria dá mais certo quando você vai com tempo de folga para se encaixar nos passeios ao chegar (nem todos ocorrem todos os dias, alguns precisam de quórum para se realizar).

Recomendações. Não se entusiasme demais com as possibilidades. Lembre-se de que não é humanamente possível realizar sozinho os roteiros mirabolantes das excursões. Cheque três vezes a data antes de dar o “enter” de qualquer compra pela internet. Para comprar passagens aéreas internacionais, use um agente de viagem — ele tem acesso a ferramentas que não estão disponíveis ao consumidor final, e além de descobrir os dias mais em conta pode rentabilizar a sua tarifa em vôos de continuação. E se você se sente inseguro para fechar negócios na internet, faça sua pesquisa e entregue para o agente aparar arestas e fazer as reservas.

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181 comentários

Eu sou adepta de viajar por conta própria, mas para a maioria das passagens aéreas internacionais, sempre recorri a um agente (bom, tenho uma amiga de infãncia que é agente, o que facilita as coisas…) E no caso de certas viagens, acho mesmo que é impossível se virar por conta própria – como na RTW, por exemplo… (Simulamos pelo site da Star Alliance, mas não só não dava certo, como a minha amiga/agente emitiu o bilhete por R$ 1000 a menos do que tínhamos cotado online!)

Apenas uma perguntinha: alguém tem conseguido usar o via michelin em português nestes últimos dias? Não estou conseguindo colocar os paises na parte de itinerários. Será que é só no meu pc que tá dando problema?

    No meu não tão entrando os países não. Nem no Firefox nem no Explorer. 🙁

    É isso mesmo Ricardo. Tb já tentei pelo Firefox e no Explorer. Torcer pra que seja apenas uma manutenção no site.

Mesmo correndo o risco de levar uma BV, pergunto: por que Egito, China e Índia foram considerados “destinos difíceis”? Que dificuldades mais particulares um viajante independente passaria nesses lugares? Não estou discordando, não, apenas querendo saber, por puro desconhecimento mesmo.

    Egito é complicado. Fiz uma viagem pela Royal Caribbean e passamos dois dias lá. No ônibus que nos levou para o Cairo havia um segurança armado (e em todos os outros também). Fomos orientados sobre questões de segurança antes da chegada e durante. Há muito pobreza. A guia avisou que nos pontos turísticos os locais tentariam de todas as maneiras ganham algum dinheiro. O trânsito é louco e não há sinais. Acho que 90% dos carros são batidos.

    PêEsse, eu não acho China complicado, pelo menos não nas cidades maiores. Mas entendo a colocação do Riq, pq são destinos q as pessoas em média terão mais dificuldades logísticas para se organizar q o “normal”. A probabilidade de dar zica se organizando sozinho pra um lugar desses é maior.

    O problema da Índia é uma burocracia doida e a dificuldade de fazer qualquer coisa (incluindo se livrar de todos os que te oferecem coisas). Você fica o tempo todo com inveja daqueles casais que têm um guia privativo.

    No Egito eles maltratam muito a gente. Enrolam, complicam. Sabem que a gente não vai voltar mesmo — e se aproveitam. Um grupo te protege dessas coisas.

    Na China o problema é que parece que quanto mais para o interior vai, menos consegue fazer coisas por conta própria. Mas preciso estudar melhor.

    PêEsse já falamos um pouco sb isso , (e sabes minha posição):

    *Achei tranquilissimo ir pra Pequim desempacotada, e acredito que seja facinho Xangai , Xian, Guilin.. os destinos turisticos mais procurados ( ser brasileiro ajuda um monte )

    * India , é o que o Riq falou .Alugar um carro resolve 90% das coisas, pois o motorista vem junto e serve de escudo.

    *Egito : desempacotado vai precisar no minimo do dobro do tempo ; o país não é amigável com turistas independentes.

    Mas vejam bem, não é preciso sair empacotado do país de origem.
    Empacotar ao chegar é muito mais intessante 😉

    PêEsse, eu fui sozinha para o Egito e o que ouvi de história de mulher sequestrada….até de casal em lua de mel! Só depois de 12 dias tive coragem de andar a pé sozinha na melhor região do Cairo e de dia, com bastante movimento…fui de excursão e o guia foi um bonus para a segurança que senti lá.

    Puxa, uma pena essa dependência de guias ou de grupos. Mas é muito bom ser avisado disso antes, para tentar procurar um bom guia ou um bom grupo. Para mim, um dos principais problemas em ter de contratar um guia ou aderir a um grupo é que o viajante só vai até onde a maioria vai ou até onde seu guia quer que você vá. O espaço para procura por algo mais lado B (aquilo menos conhecido mas que é ótimo que você descobre e depois conta aqui para só o pessoal do VnV ficar sabendo) fica bem restrito. Mas, paciência, não se pode vencer sempre.

    Como disse a Sylvia, já que o empacotamento é inevitável, melhor que seja só no destino. Além de ser um turismo mais sustentável (concentra os recursos na mão-de-obra local), ainda dá para sentir as reais necessidades e restringir o empacotamento apenas àquilo em que ele for realmente imprescindível. Saindo empacotado já desde o Brasil as chances de empacotar mais do que o necessário aumentam.

    PêEsse, entendo perfeitamente – adoro ser levada pelos locais a lugares como uma loja de suco naturais na praia em Alexandria que o guia que era de lá me garantiu que era o único onde eu poderia tomar um suco decente no Egito. A minha excursão era bem chinfrim – para jovens do mundo todo com pouco dinheiro – mas o guia era um egiptólogo que eu gostei tanto que contratei para mais 1 dia em Alexandria. Pacote desde o Brasil concordo, deve ser programa 5 tacapes!

Provavelmente minha opinião é influenciada pelo fato de eu ser um adepto e defensor de carteirinha das viagens independentes. Mas, considerando o cada vez mais crescente aumento do acesso do público médio à Internet para obter informações e preparar e executar sua própria viagem, na minha opinião a tendência é que o agente de viagens tal como hoje é concebido só sobrará para quem precisa parcelar em diversas vezes ou para quem, por um motivo ou por outro, não tem acesso à Internet ou a cartão de crédito. Fora disso, acredito que o caminho é mesmo a viagem cada vez mais independente.

Com exceção de passagens aéreas complicadas (e dois ou três stopover ou entrar por um lugar, fazer vôos internos e voltar por outro lugar não necessariamente torna a passagem complicada), dá para fazer tudo pela Internet. Eu tenho contatos em duas agências. Para hotéis eu nem as procuro mais, seja qual for o destino. Nunca conseguiram uma relação custo X benefício que batesse a Internet. No aéreo eu ainda mando o que consegui na pesquisa prévia pela Internet mas há bastante tempo elas não conseguem bater. No máximo, igualam, mas aí costumeiramente propõem vôos diferentes daqueles de minha preferência. Que fique bem claro: eu já mando o e-mail para os dois agentes que conheço avisando que só fecharei com eles se eles conseguirem preço melhor. Empate não basta. Acho até que isso os desestimula na pesquisa (o que, se for verdade, só demonstra a falta de competitividade das agências), mas pelo menos fico com a consciência tranqüila por não estar criando falsas expectativas em ninguém. A conversa “mas por agência você tem a segurança de ter alguém por trás, dando um suporte se algo der errado” não me seduz. Fico muito mais sossegado com um e-mail recebido de uma companhia aérea e/ou de um hotel (sei com quem falei, quando falei, posso entrar em contato novamente mais próximo da viagem reconfirmando tudo etc.) do que com um voucher de agência (que pode ser cancelado. E outra coisa: se houver algum problema, não acho que ligar para o meu agente no Brasil e esperar que ele resolva a coisa daqui seja a maneira mais rápida e dinâmica de solucionar um problema.

Faço tudo pela Internet. Nunca clonaram meu cartão e nunca houve um problema de maior relevância. Os poucos prejuízos que tive foram causados por mim mesmo (mudanças posteriores de planos ou reservas feitas incorretamente).

Sobre a nova função do agente de viagens, a de consultor, embora ache que seja um caminho, não acho que vá dá certo logo. O brasileiro não é acostumado a contratar o melhor profissional que seu dinheiro pode pagar. Se um advogado cobra R$ 300 por um divórcio ou para elaborar um contrato e outro cobra R$ 500 pelo mesmo serviço, o mais barato tende a ser o escolhido, ainda que o mais caro seja comprovadamente um melhor profissional e o cliente reconheça isso. As exceções que conheço são mais ligadas a empresas, não a pessoas físicas. Assim, o que o candidato a viajante puder fazer sozinho, ainda que fazendo uma besteira aqui e ali, ele vai tentar, até para não gastar com o consultor. Por isso que acho vai demorar a emplacar.

    Concordo totalmente. Todas as minhas viagens são por conta própria. Com agências também já desisti, pois os preços nunca são bons e ainda cobram taxas adicionais que na Internet não cobram. Mas é preciso tempo e paciência para pesquisar na Internet. Muitas pessoas não têm e acabam preferindo a comodidade. Uma pena, pois é tão bom começar a viagem antes dela realmente acontecer.

Riq, precisei de pacote em uma viagem ao Egito, pois há trechos em que o governo inviabiliza o deslocamento do turista caso ele não esteja inserido em um grupo, como é dito pelo Airton Ortiz em seu ótimo livro “Egito dos Faraós”. Excluído este tipo de situação, em tempo de eleições, voto no PVCP – Partido do Viajante por Conta Própria. Em tempo, em pesquisa recente o meu agente conseguiu o melhor preço no aluguel de carro.

A minha primeira viagem por conta própria foi em 2007, com a ajuda do antigo site Freire´s. Fiz uma viagem pelo Nordeste, de João Pessoa a Maceió, com direito a alguns dias na Rota Ecológica. Foi uma experiência inesquecível, que não seria possível em um pacote. Desde então, só viajo assim. Já fui a Buenos Aires (alugando um apê por 10 dias), Sul da Bahia (que incluiu uma visita à Praia do Espelho, outra que não encontro em pacotes) e, neste ano, um tour pela Europa.

Posso dizer que dá mais trabalho, mas acho prazeroso planejar a viagem, estudar os destinos, encontrar lugares fora do circuito turístico tradicional, enfim, montar um roteiro com a minha cara! Todas as informações necessárias estão na internet, basta ter paciência para garimpá-las por aí. A compra das passagens de avião ou trem, reserva de hotéis, ingressos para museus, está tudo a um clique de distância.

Clara, como vc eu tb moro no Rio e sofro do mesmo problema.
Como Riq sempre diz, a indicação de alguém com Cacife alto numa agência ajuda MUITO, só que eu vivi o desmoronamento do meu castelinho, quando eu comecei a perguntar se ela , minha agente, não conseguia a passagem ,mais baratinha da Air Berlin, a promoção da Turquish airlines, saindo de Madrid… Coisas básicas que nós viciados em viagens lemos por ai. A menina surtou e disse que se eu conseguia bons preços, comprasse sozinha. Realmente compro tudo sozinha, mas as vezes queria poder delegar esta função ” busca da melhor passagem”. Acho que os tempos mudaram, os agentes de viagem estão mudando e os que não mudaram ficaram chatos e sem paciência com consumidor que já sabe os nomes de cias aereas, nomes de alianças, rotas de voo.

    Juliana, é preciso também saber o que pedir ao agente. Low-cost é algo que não se pede: o agente não é remunerado.

    Mas o agente é insubstituível para rentabilizar tarifas saindo do Brasil — que é o jeito mais seguro e confortável de viajar. Pode ser que ele não chegue no preço final do roteiro-gambiarra (às vezes chega!), mas a viagem fica menos estressada.

Há também outra alternativa: ir de pacote na primeira vez e depois ir por conta própria, quando já se conhece o lugar.

Riq, perfeito o post! Adorei. É o que eu tento explicar todo dia. Vou ‘mimeografar’! Beijos (saudade) a/de todos.

Alterando, quando fui os citypacks foram imbatíveis em custoXbenefício (mesmos hotéis e voos), não sei hoje, mas sempre faço a cotação de ambos.
A maioria de minhas viagens são Passagem na mão e reservas na NEt de hotéis, carro e etc, total desempacotado, excessão nestas duas vezes.
Já fui para os EUA sem Hotel reservado, pegando o guia de desconto e parando nas saídas das Interstates, para não ter que seguir datas e sim curtir os locais.

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