St.-Barth para duros :-)
Poucos lugares do Caribe são tão metidos quanto Saint-Barthélemy. No inverno do Hemisfério Norte a ilha vira uma espécie de Saint-Tropez des tropiques. O porto de Gustavia, a pequena capital, fica lotado de mega-iates que chegam antes de seus donos. Celebridades de todos os quilates desembarcam às dezenas, em busca de uma temporada de sol, rosé e paparazzi.
O que quase ninguém sabe é que não é preciso ser quaquilionário para ficar íntimo de St.-Barth (na grafia francesa) ou St. Barts (como preferem os americanos). A ilha não é freqüentada apenas por quem pode pagar hotéis de €700 a diária ou passar as noites entretido em menus-degustação nos restaurantes top. Se a sua carteira não é tão recheada, basta seguir os europeus descolados e aproveitar a estrutura voltada para os ilhéus.
Muito além do hype. A badalação é um dos grandes atrativos de St.-Barth, mas não é o único. Até porque a temporada do ver-e-ser-visto é curta — começa no Natal, experimenta o auge no Réveillon e vai murchando aos poucos até desaparecer depois da Páscoa.
Em qualquer época do ano — inclusive durante a altíssima temporada — St.-Barth vale a pena por inúmeras outras razões. Não só pelo que tem (praias lindas, por exemplo), como sobretudo pelo que não tem. A saber: St.-Barth não tem prédios verticais, não tem hotéis enormes, não tem estrutura para atender a grandes navios de cruzeiro, não tem shoppingões. Você pode vasculhar a ilha de cima a baixo, e não vai encontrar um pingo de mau gosto. Não é preciso estar em ambientes caros para apreciar a beleza e usufruir do charme do lugar.
Hotéis BBB? Voilà. St.-Barth começa a se tornar viável para mortais quando você abdica de um endereço glamouroso ou de uma localização pé na areia.
Entre as pechinchas encontráveis na ilha, a maior é um flat que vem com um carro incluído. Ou seria o contrário? O Auberge de Terre Neuve pertence aos mesmos donos da locadora Gumbs, e por isso oferece um bem-bolado imbatível, incluindo o carro na jogada: você aluga um apartamento com varanda, cozinha equipada, wifi e a chave de um jipinho Suzuki Jimny. O check-in e o check-out são feitos no aeroporto, no guichê da locadora. Com o seu jipinho você chega em 5 minutos à bela praia de Flamands – e em pouco mais do que isso a Gustavia.
No centro, o Sunset Hotel tem quartos básicos porém charmosinhos . Perto da areia, o melhor negócio é oferecido pelo hotel Salines Garden, que tem cabanas a preço de pousada na Bahia, com café da manhã incluído.
Modo de usar. Bem-instalado num hotel abordável e com um carrinho à disposição (item de primeira necessidade), é hora de aprender a curtir o dia a dia de St.-Barth à maneira low-cost.
Não é difícil. As duas melhores praias da ilha, Gouverneur e Salines, são públicas, selvagens — e gratuitas. Outras areias são ocupadas por clubes de praia esnobes, como o Nikki Beach e o Tom Beach na praia de St.-Jean, mas em Gouverneur e Salines toda atividade comercial é proibida. Os freqüentadores levam geladeirinhas equipadas com bebidas e queijos comprados no supermercado, mais saladas e sanduíches escolhidos a dedo num dos inúmeros traiteurs — delicatessens, em francês — de Gustavia e St.-Jean.
Nada impede que você leve a sua geladeirinha a praias onde há lounges. Muita gente faz isso em Shell Beach, a praia mais próxima do centro (se você está em Gustavia, pode ir a pé), onde fica o badalado bar Dõ Brazil, do ex-tenista Yannick Noah (que é casado com uma brasileira).
O happy hour mais tradicional da ilha é num sujinho do centro, o Le Sélect, onde as Heinekens (tamanho caçula) saem por módicos €3.
Em vez de seguir a lista das revistas chiques, siga a sua intuição, e você vai descobrir lugarzinhos como o restaurante L’Entr’acte, no deque da marina de Gustavia, ou a delicatessen italiana Kiki e Mo, em St.-Jean, e comer por bem menos do que gastaria em Camburi ou Búzios.
Depois de alguns dias nesse esquema você vai se dar conta de que a sua estada na ilha mais metida do Caribe está praticamente econômica – e de repente vai se animar a fazer alguma extravagância, como marcar um jantar no célebre Maya’s e entregar-se aos mojitos de €8 do hotel Tom Beach (ou do vizinho Nikki Beach), na praia de St.-Jean, e às noitadas muito loucas do ‘Ti St.-Barth.
Como chegar. O acesso a St.-Barth é feito via St. Maarten/St.-Martin, e pode ser por aviãozinho ou barco.
Várias cias. aéreas operam o trecho em monomotores que levam menos de 15 minutos na travessia — a aterrissagem é de arrepiar os cabelos, porque o teco-teco dá um rasante acompanhando o declive de um morro e precisa frear antes de alcançar a areia. Saindo do aeroporto do antigo lado holandês (hoje St. Maarten é independente), a Winair voa desde US$ 200 ida e volta. Saindo do lado francês, a St.-Barth Commuter cobra desde €120 ida e volta.
De barco, a Voyager opera rotas a partir de dois pontos de St.-Martin. Saindo de Oyster Pond (a primeira praia francesa da costa leste da ilha), a viagem leva 30 minutos. Saindo de Marigot (a capital, que fica na costa oeste), a viagem leva 60 minutos. Há pelo menos duas saídas diárias, pela manhã e à tarde (nem sempre do mesmo porto). O Great Bay Express faz a viagem em 40 minutos, saindo de Philipsburg.
Leia também:
Todas de St.-Barth no Viaje na Viagem
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127 comentários
Riq, uma correção de menor importância apenas:
“aindo do aeroporto do antigo lado holandês (hoje St. Maarten é independente)”
Sint Maarten não é independente, não. O Reino dos Países Baixos (Koninkrijk der Nederlanden) é formado por quatro países (pense mais ou menos em Reino Unido = Escócia + País de Gales + Inglaterra + IRlanda do Norte):
– Nederland (Holanda)
– Sint Marteen
– Aruba
– Curaçao
Outras dependências holandesas (Bonaire, Sint Eustatius e Saba) são municipalidades da Holanda (Nederlandse Geementen), como qualquer outra (com pequenas exceções).
É assim que ficou o quadro político da Holanda após a dissolução das Antilhas Holandesas no fim do ano passado. Anyway, é só um detalhe, mas Sint Maarten não é independente, não. Tem certa autonomia, mas só.
Riq
Também da para ir de barco, a partir de St Martin, com passagens a partir de 50 E por pessoa.
Eba… adorei essa e colocou no mapa pra mim.. 🙂
Desculpe, corrigindo o comentário acima, estive lá no final de junho. sorry…
Gâzzz, eu também estive por lá por essa época. Quase nos encontramos entonces!
Eu estive em St Barth no final de novembro e fiquei hospedado no hotel La Banane, com poucos quartos e super charmoso. O site do hotel é http://www.labanane.com
Final de novembro e começo de dezembro é um período com muuuuito sol, um pouco de vento pra refrescar, mar com água morna e transparente e risco de um pouquinho de garoas rápidas, mas nada que atrapalhe.
Recomendações:
1 – Leve e use repelente, inclusive quando vc estiver no quarto do seu hotel.
2 – Faça um tour pela ilha e conheça todas as praias.
3 – Alugue um jipinho suzuki ou um smart. Não é caro, vale a pena, e sem carro vc não terá como explorar a ilha.
4 – Peça ou alugue no seu hotel um guarda-sol, caso contrário, você terá que se abrigar debaixo de alguma árvore na praia.
5 – Compre e beba muita água e tenha sempre no seu quarto um snack para as horas que bater aquela fome. Restaurantes na ilha são pequenos e distantes, e alguns bem caros.
6 – Evite levar malas grandes ou em grande quantidade. O avião que leva até a ilha é pequeno e é um saco ficar transportando malas.
7 – Se você não enjoa em alto-mar e for voltar por San Marteen, faça a volta de barco. Várias saídas diárias e com um visual bem legal, sem contar que você estará em companhia dos moradores locais da ilha.
8 – Leve água e comida na praia pois lá não existe vendedor ambulante, quiosques, etc. E o mais importante: NÃO SUJE A PRAIA.
Esse hotel Labanane é gostoso! magnífica dica, Gus!
Boa, já me deu vontade.
Adorei o que St.Barth não tem! E com esse post, é só planejar…
Riq,
Alguma dica de como/onde conseguir essas geladeirinhas?
Leve de casa! 😉 O Comandante acha que de repente dá pra comprar por lá num supermercado, mas aqui é mais barato. Geladeirinha = lancheirona.
amei!!!! quero ir!!!! só que agora, só depois da Sara nascer…