O Carnaval do Rio em tilt shift do genial Jarbas Agnelli

Rio, City of Samba

Quando trabalhei na W/Brasil tive a sorte de conviver com talentos incríveis. Lá no nosso grande mesão do departamento de Criação, pelo menos dois figuras eram (são) geniais. Um deles é o redator Alexandre Machado, criador (junto com a mulher, Fernanda Young), da série Os Normais. O outro é o Jarbas Agnelli, diretor de arte que muito cedo descobriu sua vocação eletrônica (tanto no campo da imagem quanto no da música). Me lembro que uma vez ele tirou férias para fazer um curso na melhor escola de computação gráfica dos Estados Unidos — e acabou ensinando aos professores umas gambiarras que ele tinha desenvolvido sozinho no computador de casa…

Juntos, o Alexandre e o Jarbas criaram (e o Jarbas realizou, editou e sonorizou inteirinho) um dos comerciais mais lindos de todos os tempos, em qualquer língua ou cultura — esse filmete aqui para a revista Época.  O comercial rodou o mundo ganhando prêmios importantes, e deve ter sido decisivo para o Jarbas deixar a direção de arte para virar diretor full-time de filmes publicitários (e músico nas horas vagas).

Mas o Jarbas não brilha só na publicidade. Em 2009 ele viu uma foto no Estadão com pássaros dependurados nos fios elétricos. Eram cinco fios paralelos, e o Jarbas enxergou ali uma partitura. Foi ao piano e descobriu que, roubando pouquíssimo no jogo, dava para tocar a exata música que os passarinhos tinham criado ao acaso. Fez um vídeo que viralizou na internet com milhões de views no mundo inteiro. Se você não conhece o case, veja a apresentação do Jarbas na TEDxSP (é curtinha). O vídeo foi um dos 25 finalistas do prêmio mundial YouTube Guggenheim Play.

Pois bem. Tudo isso pra apresentar a nova realização do Jarbas fora da publicidade, que está arrebentando nas mídias sociais: “The City of Samba”, um vídeo de 5 minutos mostrando uma noite no Sambódromo, gravado em stop motion com efeito tilt shift — que acaba deixando tudo com cara de miniatura ou maquete. Quem usa Instagram deve já estar familiarizado com o efeito.

O Jarbas divide a autoria do vídeo com Keith Loutit, australiano que é a maior autoridade mundial em tilt shift. Não conheço os detalhes da realização, mas intuo que o Jarbas deve ter trazido esse Loutit para filmar com ele uma campanha para o Itaú Personnalité, e deve então ter aproveitado equipamento e know-how para mais um dia de filmagem. O vídeo deve ter demorado para sair porque a agenda do Jarbas não deve ser fácil.

As tomadas são lindas, o tilt shift é mágico, a edição está impecável. Mas a grande sacada do vídeo é a trilha. Em vez de samba ou batucada, o Jarbas compôs uma peça sinfônica, com um pé em Philip Glass e outro em Villa-Lobos. Nada contra o baticum, mas sem o peganoganzêpeganoganzá o desfile se reinventa. Vira um carnaval extraterrestre.

Aumenta o som e dá uma olhadinha:

O triste é, depois disso, entrar em páginas como esta, dos paupérrimos vídeos 360º (cheios de sombras do equipamento e do câmera….) do canal da Embratur para as cidades-sede da Copa. Ah, vergonha alheia…

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