Viagens de Natal: São Miguel dos Milagres

Curte um lugar? Volte sempre!

Viagens de Natal: São Miguel dos Milagres

Um dos mais felizes efeitos colaterais de viajar é você descobrir lugares onde se sente incrivelmente em casa — ou que despertam a vontade de um dia vir a sentir-se em casa.

Se você já sentiu isso alguma vez, é sinal de que aquele é um lugar pra namorar. Vai por mim: considere voltar mais vezes e investir nessa relação. Lugares não são ciumentos, e deixam você ficar com quantos outros você quiser — mas sempre que você voltar, vai ser recebido de braços abertos.

Volta e meia me perguntam coisas como “Adorei o lugar Tal. Que lugares parecidos você me sugere?” É um caminho válido, mas cartesiano. OK, pode ser que leve a um lugar ainda mais redondinho do que aquele pelo qual você se apaixonou. Assim como também pode levar a uma decepção, se você pensar o tempo todo no lugar pra onde não foi.

Que tal uma outra estratégia? Escolha um lugar totalmente diferente. E depois dê um jeitinho de voltar na primeira oportunidade àquele lugar de que você gostou tanto.

Cada volta a um lugar que curtimos vai nos tornando mais íntimos. Você percebe as mudanças, sabe aproveitar melhor as qualidades, passa a entender as limitações. A relação vai evoluindo com o tempo, e você aprende qual é o momento certo e a duração adequada dos reencontros.

Não perder contato é muito melhor do que voltar dali a quinze anos e não reconhecer o lugar pelo qual tinha se apaixonado. “Que tristeza! O lugar Tal ACABOU!”

E se, nessas idas e vindas, você enjoar do lugar? Normal. É da vida. Você parte pra outra(s), e o lugar também segue adiante, sem ressentimentos.

Aqui na comunidade temos uma legião de devotos de Buenos Aires, os ViBANas (Viciados em Buenos Aires Não-Anônimos, copyright Mô Gribel). Qualquer caixa de comentários do Conexão Paris é uma trincheira de reincidentes crônicos em desembarques no Charles-de-Gaulle.

Eu tenho um caso permanente e simultâneo tanto com o Rio de Janeiro quanto com a Rota Ecológica alagoana. Já vivi um babado forte com Trancoso, mas esfriamos (nada impede, porém, que a história seja retomada a qualquer momento). Tento me achar mais íntimo do que sou de Paris e Berlim. Resisti, mas sinto que começo a me envolver mais seriamente com Nova York. Agora em janeiro, sob o pretexto de fazer campo, vou investir um mês inteiro numa paixão antiga, Salvador. Queria poder estar mais, e por mais tempo, com Boipeba e Lisboa. (Sim, sou eclético.)

Em “Gostos Adquiridos”, meu guru Peter Mayle (aquele de “Um ano na Provence”), ensina que melhor (e muito mais barato) do que comprar uma casa na praia ou de campo é voltar sempre ao seu hotel predileto. No “Viaje na Viagem” de papel eu escrevi que por sorte Paris era o lugar mais próximo de qualquer outro no planeta; sempre dava para voltar por lá.

A Georgia deixou um comentário muito sábio outro dia, a respeito de viagens multicidades (e foi isso que me inspirou a escrever esse texto). Diz ela:

Gosto de deixar para o final da viagem, quando já estou cansada, aquela cidade que já conheço e que posso passear sem bater ponto em lerês, com tempo pra fazer tudo com calma, e até dar aquela dormidinha no meio do dia…

Tirar uma sesta no lugar que você curte de outros carnavais: nada, nada, nada pode fazer você se sentir TÃO em casa.

E você? Pra onde está pensando em voltar?

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109 comentários

Tenho um caso de amor com Buenos Aires, adoro os “meus” cantinhos (de sempre) da cidade e a sensação de boa orientação que tenho de lá é delícia (o contrário ocorre com São Paulo, apesar de até gostar, o fato de me sentir totalmente perdido me deixa desconfortável). Paris, bom, vivi lá, é uma relação de amor e ódio (o ódio é principalmente porque me sinto roubado a cada gasto, um lanchinho na rua ser de 3 a 5 vezes mais caro que um lanche muito melhor em Berlim me deixa irritadíssimo!), porém, também conheço a cidade como a palma da mão, o que me faz sentir em casa; e sei até em qual vagão do metrô entrar para sair mais perto da saída específica em uma estação! Berlim é puro amor, sobretudo de bicicleta… E como vivi lá também a (bendita!) coisa da orientação espacial também me conforta muito! Estou “ficando” com Bogotá, ainda mais depois de finalmente entender o porquê de cada lugar (casas, prédios, restaurantes, etc) ter dois números e a lógica sul-norte e oriente-ocidente – perfeito, facílimo de se orientar! Também acho que é um destino ainda não muito descoberto e que está ganhando adeptos cada vez mais… O santo não bateu com Santiago, tive de ir lá uma segunda (e última espero) vez para afirmar com propriedade: eu (eu!) detesto Santiago. Tenho alguns “amantes” (fico doido querendo voltar!): Roma, Nova York, Lima, Montevidéu, Cidade do México, Panamá, Tel Aviv, Tunis e Barcelona. E milhares de destinos só no flerte por enquanto (Oriente Médio, Ásia Central e África). Será que todos vão dar “match”? rs.

“Gosto de deixar para o final da viagem, quando já estou cansada, aquela cidade que já conheço e que posso passear sem bater ponto em lerês, com tempo pra fazer tudo com calma, e até dar aquela dormidinha no meio do dia…“ aprendi isso frequentando o blog há milênios e eu e meu Rick chamamos de descompressão – nas últimas viagens foi Paris ou Amsterdam rs

Minha primeira viagem internacional foi para a Argentina e Uruguai. Mais especificamente Buenos Aires e Colônia de Sacramento…viagem saboreado com muito amor, com a pessoa amada. 2019. Gostaria de viajar inúmeras vezes com está encantadora pessoa p/ outros destinos internacionais. Tipo Itália, França…fazer passeios de trem na Europa tbm!

Eu tenho um caso com Nova York. As voltas eram sempre porque meu sonho maior era pegar uma nevasca na cidade. Em uma das vezes passei 15 dias em dezembro e não nevou. Então sempre voltava. Na última vez, no meu aniversario em Janeiro, finalmente a neve na cidade, no Central Park. Mas não foi a nevasca como destes últimos dias de janeiro /21, então certamente ainda voltarei , não só pela nevasca, mas porque agora acrescentei um novo período, (que seria uma outra volta rs) que é o Outono com tudo bem laranja.

Agradeço muito suas dicas, conheço meio mundo com suas sugestões 🙏, quando acabar esta pandemia quero conhecer Croácia e países próximos, e depois seguir pra Dinamarca, Noruega e Finlândia…seguindo suas maravilhosas dicas!!

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