Chuva no Caribe

3 fatores a considerar antes de comprar passagem por impulso

Chuva no Caribe

Algumas das nossas melhores viagens são as que se oferecem sem a gente ter planejado antes. A oportunidade aparece e vira nossa lista de prioridades de cabeça pra baixo. Outro dia fui ao dentista (um super amigo meu) e ele me contou que estava pesquisando Réveillon na Bahia aqui no blog quando viu a promoção da Alitalia. Clicou no banner e meia hora depois ele já era dono de uma passagem para Roma e pesquisava dicas para a virada do ano na Itália.

Nem todas as compras por impulso, porém, têm final tão feliz. Para evitar entrar numa furada, sempre que achar uma oferta ~imperdível~, invista 15 minutinhos para pesquisar e refletir sobre essas três perguntinhas:

1. A época é conveniente?

Dentro do Brasil os conceitos de alta e baixa temporada têm a ver quase exclusivamente com férias e feriados, e não com clima. Férias escolares: preços altos, lugares lotados. Criançada na escola: baixa temporada, ofertas.

No entanto, em países com grande turismo estrangeiro (o que não é o caso do Brasil), o clima é o grande fator que define as temporadas. O Caribe é mais caro entre o Natal e a Páscoa não porque os americanos estejam em férias, mas porque os americanos valorizam o tempo firme e as temperaturas amenas do inverno caribenho. A hospedagem em Nova York é menos cara em janeiro e fevereiro (bem nas nossas férias!) porque o pessoal não tá a fim de passar aquele frio todo, e o apelo natalino já não está mais em cartaz.

Antes de comprar passagem para a praia, consulte o nosso Praiômetro para ver a incidência de chuva no mês. Assim você não compra promoção para San Andrés em outubro (é a praia mais chuvosa da nossa lista neste mês) nem para Maragogi ou Porto de Galinhas em maio (as campeãs de chuvas da hora).

Pare também para ver se neva no lugar em que você quer pegar neve (Bariloche nevada em junho? Bem difícil), se não é época de chuvas torrenciais no destino que você tanto acalenta visitar (como é o caso de Machu Picchu em janeiro e fevereiro), ou se você não vai chegar no destino e encontrar boa parte da estrutura fechada (como em balneários europeus fora do alto verão).

2. A passagem leva ao seu destino final?

Se você quisesse ir para Natal, você compraria uma passagem até Fortaleza só porque está mais barata? Não, né? Porque você sabe que não se vai de graça de Fortaleza a Natal. Que desembarcar em Fortaleza para só então seguir viagem a Natal — num outro vôo, de ônibus ou de carro — come seu exíguo tempo de férias e causa uma série de perrengues (e se o vôo atrasar? será que eu perco o seguinte?).

Para o exterior o mesmo raciocínio deveria valer, mas muita gente não leva isso em consideração. Fica hipnotizado por uma passagem baratinha até o lugar aonde não quer ir, e se esquece que ir do lugar de desembarque até o destino final custará dinheiro, tempo e stress.

Sempre que você se vir na iminência de comprar uma passagem só até o meio do caminho, PARE. Abra uma nova tela. PESQUISE quanto custa ir (e voltar) entre o destino da passagem e o destino que você quer visitar. SOME esse custo ao custo da passagem. Então REFLITA se a economia continua tão tentadora, e se vai valer os perrengues de fazer conexões não-vinculadas (se um vôo atrasa, você pode perder o seguinte e ter que comprar passagem a preço cheio na hora). Caso a economia continue substancial, recomendo que você aproveite o destino de chegada e fique uma ou duas noites, na ida e na volta, para evitar o risco e o stress da conexão não-vinculada.

3. Dá tempo para fazer o que você gostaria?

O problema de comprar passagem por impulso para destinos que você nunca estudou antes é achar que, no espaço de tempo entre a ida e a volta que você já comprou, vai dar para fazer mais coisas do que é possível.

Todo dia aparece aqui alguém que comprou uma passagem para ficar uma semana no Chile, no Peru ou na ~Europa~ e acha que dá pra ticar todos os lugares que tem na cabeça naquele tempo. Se normalmente a gente já é muito afobado e quer ver tudo em pouco tempo, quando a gente vai fazer o roteiro depois de comprar a passagem, acaba sendo ainda mais The Flash.

Se você tem planos ambiciosos para a sua viagem — ou seja, quer fazer do destino da passagem apenas o ponto de partida para um périplo –, ponha esse roteiro no papel antes de apertar o “enter” definitivo.

Caso você tenha comprado a passagem por impulso sem ter pensado antes no roteiro, não seja tão ambicioso. Procure resolver a viagem no destino e seus arredores. Viagens mais complicadas, com muitas escalas, requerem um planejamento prévio para darem certo. Simplifique e seja feliz.

DICA: Como comprar por impulso, com método

Essa formulinha tira muito da mágica da compra por impulso e da viagem inesperada que muda a sua vida. Em compensação, acaba com o risco do barato sair caro e você não aproveitar a viagem como deveria.

1. Eleja 3, 5 ou 10 destinos que você quer muito visitar

2. Pesquise as épocas em que vale mais a pena ir para cada um desses lugares, e a quantidade de dias necessárias para cumprir o roteiro que você gostaria em cada lugar.

3. Deixe isso prontinho e disponível no seu computador e no seu email.

4. Acompanhe as promoções para os destinos que você elegeu. Sempre que aparecer uma, é só consultar a sua lista para ver se a época é conveniente e de quantos dias você precisa. Uma consulta de 5 minutos que não vai fazer você perder a pechincha que você achou 😀

31 comentários

Fiz isso com minha esposa ano passado. Apareceu EUA a 20.000 milhas o trecho e compramos ida para NY e volta de Miami, com quase um mês de espaço entre ida e volta, sem termos visto e com uns 5 meses de antecedência. Foi tão aquela de “não dá tempo para pensar” que estava com dois computadores ao mesmo tempo, emitindo as idas e as voltas separadamente por medo que depois de comprar as idas não achava as voltas por 20…

Não digo que é loucura ou e nem digo foi sorte ter tudo dado certo. Não. Já tínhamos a viagem pensada ‘por cima” e sabíamos todos os procedimentos necessários, e o tempo que gastaríamos em cada um, na cabeça. Visto, p. ex., já sabíamos que conseguiríamos agendar com um mês de prazo mais ou menos.

Fomos para NY, Philadelfia, Washington, Chicago, New Orleans, Orlando e Miami, e viajamos de carro, avião, trem e ônibus internamente. Chegamos a achar passagens de ônibus de 1 dolar. Ficamos em apartamentos alugados, hoteis, hostels…

Acho que o importante é a dica do Riq, tenha na cabeça um ou alguns lugares pré planejados. De resto você, com uns meses de antecedência, consegue se arranjar sem gastar fortunas.

Adorei as dicas. Eu colocaria mais uma: ficar atento se o lugar da passagem tão tentadora não está em conflito. Acabei de amargar um prejuízo com cancelamento de passagens para Maceió por conta da superlotação nas cadeias de lá e eu ia bem na semana do Natal ( imagina a quantidade de presos que serão soltos no indulto de natal só pra liberarem espaço nos presídios) e mais, com presos trancados nas viaturas policiais, como noticiado, se precisar de um policial por conta de uma acidente ou furto (imprevistos acontecem mesmo em férias) lá se vai o sossego.

Acho que o mais importante é vc ter noção do que está fazendo ainda que seja passar por alguns perrengues, se valer a pena.

Eu já comprei passagem pra Frankfurt e na verdade fui pra Suíça. Fui de carro e aproveitei para dirigir na Autobahn a 200 por hora. Uma bata experiência na minha opinião. Além disso, ainda deu pra visitar algumas cidades no caminho como Heidelberg e Strasbourg. Eu sabia que teria essa questão do deslocamento então transformei uns limões em limonada e adorei o resultado!

Eu penso tanto que acabo perdendo a passagem. Agora mesmo quero ir para Paris em dezembro. Já me sentei em frente ao PC várias vezes com a firme intenção de comprar os bilhetes e, acabo desistindo. rsrssrs
Adorei as dicas. Um abraço,
Bárbara.

Já comprei e deixei de comprar várias passagens por impulso. Acho que o mais importante é a questão da época, porque isso acaba limitando muito os tipos de atividades que podem ser realizadas. E em alguns lugares, fora da temporada você pode encontrar o destino meio morto, atrações podem estar fechadas, menor disponibilidade de passeios etc. Agora o resto é uma questão de ser flexível e aproveitar o que a promoção de última hora tem a te oferecer, talvez você vá conhecer um destino intermediário que nunca tinha pensado em ir mas que supere suas expectativas. Ah, já fui de ônibus de Fortaleza pra Recife, mas claro aproveitei vários dias em Fortaleza antes.

Post muito interessante.

Eu já comprei algumas passagens-relâmpago. Meu critério, quando necessário decidir imediatamente, foi: “se eu apenas ficar no destino da passagem e fazer bate-voltas, vale a pena?”. Já dispensei algumas pechinchas sérias por isso, como vôo para Montreal (sendo que queria mesmo ir para Vancouver e Los Angeles) para 1 semana de permanência, e também já dispensei várias promoções bem off-season, como voar para a Islândia na segunda quinzena de novembro (dias curtíssimos, difícil organizar visitas que interessam, sem neve para atividades de neve ainda).

Gostei da ideia da lista com destinos, já vou providenciar a minha. O problema é que são tantos lugares que ai dar uma lista e tanto..

Comprei uma passagem por impulso Rio / Lima / Rio. Depois não resolvi resolver a questão dos vôos internos, que são caríssimos se comprados separados (mesmo preço da passagem internacional), além da dificuldade de se comprar daqui com cartão. Resultado, achei melhor cancelar tudo. Depois disso, penso mil vezes antes de comprar qualquer passagem…

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