Doce de leite liberado

Doce de leite e queijos liberados: veja o que dá para trazer do exterior na mala

Doce de leite liberado

Muitas viagens ao Uruguai foram estragadas na volta por um funcionário da alfândega. O que é isso na sua mala? Doce de leite? E já apreendia a muamba, como se um inocente dulce de leche fosse uma ameaça à vigilância sanitária nacional. Mas desde 10 de maio, essas cenas lamentáveis pertencem ao passado.

Decisão do Ministério da Agricultura liberou a entrada no país de produtos de origem animal trazidos na bagagem por viajantes. Queijinhos franceses, salames italianos e o tão amado doce de leite do Uruguai — entre representantes de outras nacionalidades — não correm mais o risco de ficarem presos na alfândega na hora de voltar ao Brasil.

De acordo com o comunicado do ministério, os produtos autorizados a entrar no país estão divididos em grupos:

  • Produtos de carne industrializada, esterilizados comercialmente, como cozidos, extratos ou concentrados de carne, entre outros;
  • Produtos lácteos industrializados, como doce de leite, leite em pó, manteiga, creme de leite, queijo com maturação longa, requeijão, entre outros;
  • Produtos derivados de ovo, como ovo em pó, ovo líquido pasteurizado, clara desidratada, entre outros;
  • Pescados, como salgados inteiros, eviscerados dessecados, defumados ou esterilizados, entre outros;
  • Produtos de confeitaria que contenham ovos, lácteos ou carne em sua composição;
  • Produtos de origem animal para ornamentação.

Assim, a entrada de produtos fica alinhada com procedimentos internacionais de trânsito de bagagens, dando tempo para que a fiscalização em aeroportos e aduanas se concentre em produtos de maior risco. Até hoje, apenas os processados de origem vegetal eram liberados. Segundo o ministério, a inspeção sempre teve por objetivo coibir a entrada de pragas que pudessem causar danos ao meio ambiente nacional.

De qualquer forma, para entrar no Brasil, os produtos devem estar acondicionados em sua embalagem original de fabricação, com rótulo que permita a identificação.

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24 comentários

Tivemos um baita desagrado no Uruguai anteontem ( dia 20/07/23) entramos de CÓLON ( ARG) para Riviera, fomos parados na Alfândega por um Senhor, que apreendeu todos nossos doces de leite, por ser de marca Argentina. Na hora estávamos muito cansados, e ainda tínhamos muita estrada pela frente. Ficou a dúvida, se pode ou não! Afinal, qual o problema do doce de leite?

    Olá, Rafael! A gente só entende da legislação de entrada no Brasil. Talvez o Uruguai não permita mesmo. (Antigamente não dava para trazer doce de leite para o Brasil.)

Não se anime, pois se você for parado, como eu fui, o fiscal não tinha a menor nocão do que era maturado e o que não era. Pegou meus dois quilos de queijos e colocou num saco com muita satisfação.
Eu argumentei mas nao adiantou.
Eu queria tê-los furado mas nao foi possível.

Ricardo, liberado para trazer na mala de mão??
Obrigada pelo seu incansável e agradável trabalho!

    Olá, Marcia! Quem responde é A Bóia. Doce de leite, só se você comprar no free shop, porque é pastoso e não passaria pelo raio X.

Minha tentação e gastos são com queijos e vinhos . Agora vou poder trazer sem esconder . Era um stress. Tive amigos que perderam tudo.

Jetro, eu te entendo. Sou médica veterinária. Até vi seu comentário no Melhores Destinos, mas lá não consegui responder.

    Obrigado, sou engenheiro agrônomo, e acredito que segurança alimentar é um assunto relativamente complexo.

    Concordo com o Jetro. Acho que a questão não é tão simples assim. Existe, sim, o risco, em trazer produtos orgânicos de fora. Dizer “ah barrar meu doce de leite é exagero” é uma postura egoísta e desinformada. É claro que as chances de um produto industrializado em um país com normas sanitárias minimamente rigorosas é pequeno, mas ele existe sim. Acho que muita gente está fazendo piada com isso porque está pensando apenas em si e no próprio prazer, gente que se sente ofendida por ter um suposto direito (o direito de fazer o que der na telha?) barrado pela legislação. A legislação pode ser imperfeita, mas ela surge de estudos. Não é paranoia nem ficção científica. Abraço a todos.

    Mas foi a mesma legislação brasileira que foi atualizada, respaldada por estudos, permitindo agora a entrada de produtos que não trazem risco ao país. Não acho que essa nova postura seja egoísta, e sim realista com a tendência inevitável de um mundo globalizado. A fiscalização contra produtos que poderiam ser nocivos não vai terminar, pelo contrário, vai haver um foco maior nesses perigos, já que um fiscal não vai perder mais tempo com um queijinho.
    De qualquer modo, nas últimas dez vezes que voltei ao Brasil, acho que a minha bagagem foi revisada uma vez, no máximo. Meus Cassoulet e Confit du Canard em lata não foram confiscados, e mesmo com essa “ameaça”, o Brasil continua sendo um dos maiores exportadores mundiais de alimentos.
    Sim, há vários exemplos de pragas causadas por espécies invasoras, como os castores canadenses na Patagônia e Terra do Fogo, os dromedários e coelhos na Austrália, e por aí vai…Mas isso é comparar pêras com maçãs, pois acredito ser impossível esconder um, por exemplo, diabo-da-tasmânia ou um castor no meu doce de leite uruguaio ou salaminho italiano.
    Se é para ser radical para proteger nossa segurança alimentar, então que se proíba a importação de qualquer produto e se construa um muro estilo Trump protegendo nossas saudáveis fronteiras, com franco atiradores preparados para abater qualquer passarinho amazônico, paraguaio ou argentino que se atreva a cruzar sem autorização para o nosso lado.
    Já esse tal de “direito de fazer o que der na telha” mencionado não se aplica a nós, cidadãos normais. Talvez você esteja se referindo aos nossos queridos políticos…Abraço!

    Entendo seu ponto de vista, Neftalí. Não concordo, mas entendo. Acho que não só de animais vertebrados está se falando. Existem pragas microscópicas também. Enfim, de todo modo, peço desculpas se me excedi e ofendi a você ou a alguém. Enxerguei nessa conversa algo que talvez não pertença a ela nem às pessoas nela envolvidas: uma certa má vontade contra as leis do nosso país e críticas a elas apenas quando elas afetam nossos prazeres. Repito, não tenho elementos para dizer que é o seu caso, que é sua motivação, nem a dos outros que participaram aqui, mas ela existe, e me deixa chateado ver que em muitas situações aceitamos e ficamos apreensivos/passivos com abusos contra o viajante feitos por países como EUA ou Espanha, mas falamos alto contra o Brasil. Por apreensivos/passivos quero dizer: aceitamos o abuso porque queremos visitar os países, não nos organizamos para pedir uma resposta oficial ou para protestar mesmo, e sofremos com isso (acho que viajar é um direito que deveria haver na Constituição de todo país). Mas, com o Brasil, muitas vezes a postura é desprezo e chacota, o que leva a maledicência, distorção e vontade de burlar as regras. Acho que é muito mais comum alguém querer burlar a Receita Federal do que fazer algo correlato entrando nos EUA ou na Europa, por exemplo. Por quê? Por que achamos tudo no Brasil caríssimo e aceitamos pagar 100 dólares por dia na Disney (o post sobre Bonito tem uma discussão nessa direção). Parece que amamos odiar nosso país, sabe. Chato isso. Amamos Madrid e Paris, mas não movemos uma palha contra o fim do MinC. Pois Paris e Madrid têm investimentos pesadíssimos em cultura e é por isso que são lindas como são. Enfim. Desculpe se me excedo, não o estou acusando, apenas me dirigindo a você. Abraços.

    Que é isso, Cezão! Não tem nada que desculpar, imagine! E em parte concordo com você.
    Estive agora na Austrália, e é tudo tão impecável que não me incomodava em caminhar 10 quarteirões com uma guimba de cigarro na mão até achar uma lixeira. Já no Brasil, as vezes é tanta sujeira que, se não encontro um lixo, jogo a guimba no meio fio mesmo (evito na maioria dos casos). E por aí vai…É complicado pagar altos impostos sabendo que você não vai ter retorno, e boa parte dessa arrecadação é desviada ou roubada. O problema é que no final tudo vira um circulo vicioso, e nossos políticos finalmente são um bom reflexo de uma sociedade cuja Constituição é a Lei de Gérson, levar vantagem em tudo.
    Mas, como um otimista incorrígivel, acho que a situação já foi pior. Antigamente corrupto não ia para a cadeia, e isso já é um começo. Falta muito ainda para melhorar, mas acho que estamos caminhando, muito lentamente, na direção correta. Abraço!

    Cara, o mesmo queijo ou paté que eu não podia trazer da França eu posso comprar aqui no free shop ou em importadora e deixar estragar sem conservar direito. Aliás, já aconteceu comigo.
    O mesmo vale para o doce de leite.
    A legislação era burra sim, veja que na Europa não há impedimento dessas coisas.

Apesar da notícia ser boa para os viajantes, a noticia é ruim para segurança alimentar nacional. Não pela reserva de mercado, que é um assunto complexo, mas pela entrada de doenças e pragas que podem acabar ou dificultar a produção de alguns alimentos no Brasil, o que a longo prazo pode encarecer os produtos. O doce de leite industrializado, tecnicamente não havia muito motivo para o impedimento. Mas os outros produtos, existem um grande risco! Vejam a legislação dos outros países, a grande maioria proíbe a entrada de alimentos e material exótico. A Nova Zelândia: https://www.customs.govt.nz/features/prohibited/imports/Pages/default.aspx
Alguns links de justificativas:
https://ndonline.com.br/joinville/noticias/211206-as-pragas-exoticas-que-se-multiplicam-em-joinville-impulsionadas-pelo-calor-do-verao.html
https://www.usdabrazil.org.br/portugues/information-for-tourists.asp

Além do mais 5 kilos?? Vai ter gente que vai deixar de revender roupa pra revender presunto parma, caviar, etc.!!!

    Acho que vc está exagerando. A fiscalização continua, mas os itens liberados não afetam o meio ambiente. E a notícia de Joinville que vc colocou não se aplica, uma vez que os caramujos vieram vivos para o Brasil na década de 80 (o que não seria permitido hoje de qualquer forma).

    A noticia de Joinville, não se aplica totalmente no caso do caramujo, (o escorpião não conheço como foi introduzido), mas coloquei para mostrar o que pode acontecer quando uma espécie é introduzida em outro ecossistema e não há predadores ou ambiente para controla-lo. A maior preocupação seria, com vírus, bactérias e outros microorganismos, que podem vir nos alimentos, afinal parte do material liberado agora, não é estéril. Um exemplo é que nos EUA é proibida a entrada de material vegetal de citrus (Florida é um grande produtor). Outro exemplo, por que na imigração assinamos uma declaração perguntando se visitamos uma fazenda ou propriedade rural? Pólen, microorganismos podem ser transportados em nossa roupa, em ALIMENTOS, pelo solo em nossos calçados. Em relação a queijos e embutidos, existe claramente o risco (dependendo do preparo e embalagem), um microbiologista poderia falar com maior propriedade sobre os riscos.

    Exagero grande mesmo! Comparar o Brasil, que tem fronteiras secas com vários países, com a Nova Zelândia, cercada de mar e livre de diversas pragas (que nós temos), não faz sentido.
    A “segurança alimentar nacional” não vai ser afetada pela entrada de doce de leite ou de um salame do exterior.
    O bom senso prevaleceu nessa decisão do MAPA! Fato raro nos dias de hoje.

    Pois é, acho muito exagero mesmo. Afinal, se é para ter controle de pragas que tal inspecionar a cabeça de cada um que entra no país?

Olá a todos,
Que ótima notícia, principalmente se considerarmos que as viagens estão cada vez mais focadas, também, na gastronomia e “visitas aos supermercados gringos”.
Podemos entender que os enlatados estão enquadrados nessa liberação, mais especificamente o atum (delicioso na Itália, Espanha, Uruguai…)?

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