Consegui credenciais de imprensa (em nome do blog, vejam vocês) para cobrir o Carnaval em São Paulo. Infelizmente, estou com o trabalho muito atrasado (crise brabíssima de produtividade), e não pude fazer a cobertura que eu tinha planejado, completa e ao vivo, aqui no blog.
Mas dei um jeito de dar uma passadinha no Anhembi. Escolhi a escola popular que passaria no horário mais cedo: a Vai-Vai, que estava prevista para desfilar lá pelas 11 e meia no sábado.
A Vai-Vai estava linda, com carros impressionantes, fantasias criativas e bem-feitas. O uso ostensivo de material reciclado deixava tudo ainda mais bacana. A escola passou animadona e empolgando o público. Ficou em terceiro.
Já a escola seguinte, a Unidos do Peruche, estava muito fraquinha, com carros cafonas e fantasias complicadas. O júri também deve ter achado -- a escola acabou rebaixada.
Pois bem. Eu pensava que só quem se divertia no desfile de São Paulo eram os componentes das escolas, que vivem o dia-a-dia das quadras e têm motivos para não abandonar a cidade no Carnaval.
Mas no final sabe o que eu achei? Que o desfile é um programaço para quem resolve ficar em São Paulo no feriado. A comparação correta a se fazer não é "Rio versus São Paulo". É "ao vivo versus TV". Ver o desfile paulistano ao vivo é mais emocionante do que qualquer transmissão na telinha.
(E pelo amor de Baco, quando vão desistir de fazer essas materinhas tolas sobre a falta de celebridades de primeiro time nos camarotes? Fazer matérias sobre a falta de celebridades nos camarotes é ainda mais fútil do que fazer matérias sobre celebridades nos camarotes...)
De todo modo, acho que São Paulo erra ao tentar reproduzir ipsis-literis tudo o que o Rio inventou. São Paulo precisava fazer com o desfile de escolas de samba o que fez com o botequim carioca -- que foi reinventado em Sampa e, pasmem, acabou reexportado para o Rio.
Já que o desfile em São Paulo nunca será tão autêntico nem tão grandioso quanto o do Rio, por que não tentar aperfeiçoar os pontos fracos do desfile carioca?
Um deles já foi atacado com competência esse ano, com a venda de ingressos pela Internet.
Eu consigo pensar em dois outros pontos em que São Paulo podia inovar e começar a criar sua própria cara.
Um é a maldita iluminação. A luz em São Paulo consegue ser mais fluorescente ainda do que no Rio. Por que não estudar uma iluminação de mega-show para o desfile paulistano? (Além dos mega-shows, dá para se inspirar também em Parintins.)
O outro ponto é a originalidade. Depois desses anos todos de Paulo Barros, deu para ver que, à luz do regulamento carioca, a inovação nunca mais será premiada. E não sendo premiada, não será incentivada. Pois São Paulo podia criar um quesito extra: originalidade. Ainda há muito o que se fazer em termos de coreografia e movimentação de carros alegóricos (de novo, basta dar uma chegadinha em Parintins para ver o que eles fazem há anos). Quem sabe o próximo Paulo Barros não aparece em São Paulo?
No mais, se qualquer hora dessas você quiser passar o carnaval numa cidade tranqüila, sem trânsito, com hotéis em conta, restaurantes ótimos e onde dá até para ter um gostinho de Carnaval, venha pular ou assistir em São Paulo
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