Aproveitando essa fase paulistana do blog, me lembrei de publicar uma coluna do Guia do Estadão que não postei quando saiu porque a câmera estava no conserto. Mas como eu passei anteontem por lá, a crônica pode ser devidamente ilustrada...
Se essa rua fosse sua, você mandava ladrilhar? Walter Mancini mandou colocar paralelepípedos cor-de-rosa. Ficou lindo. A rua de Walter Mancini, como você sabe, é a Avanhandava – que, desde segunda-feira passada, é a mais bonita e bem-cuidada de São Paulo.
Na Bahia, que é um lugar mais antigo e, portanto, mais civilizado, o logradouro já teria sido sido rebatizado Rua Walter Mancini. Para que esperar? Lá eles têm Avenida ACM e Avenida Dorival Caymmi. Quando você passa pela Avenida Tancredo Neves, por alguns instantes chega a pensar que o Aécio ainda tem
tioavô vivo.
Só sei que estou adorando essa nova onda de ruas comerciais reformadas, com a Prefeitura rachando a conta com lojistas e cartões de crédito. Adotar ruas é a única saída para São Paulo ficar menos feia.
Não é de hoje que as únicas ruas realmente bonitas da cidade são as privatizadas. Veja o caso das Z-1, por exemplo. As zonas estritamente residenciais são bem-cuidadas porque seus moradores se acham donos da rua. Basta dar dois passos para fora de uma zona protegida para ver o descaso reaparecer. Em São Paulo, infelizmente, quando uma rua não é de alguém, ela não é de ninguém.
Apesar de sentir falta de mais ruas bonitas na cidade, eu sempre antipatizei com esses bolsões de Z1 encravados na zona central. Em qualquer outra grande cidade do planeta, quando a pessoa não quer que outros cidadãos passem, estacionem, jantem ou façam compras na sua rua, ela vai morar longe. Subúrbios residenciais foram feitos para o subúrbio, não para o centro.
A novidade das ruas comerciais reformadas é que elas são as primeiras ruas que se embelezaram para receber, e não para afastar, visitantes. E numa cidade que parecia conformada com calçadas de menos e postes demais, trata-se de uma revolução.
Pensando bem, é de espantar que isso não tenha acontecido antes na Amauri e na Oscar Freire, e que esteja demorando tanto a acontecer na Vila Olímpia. Por outro lado, é admirável que uma ruazinha no centro esteja na liderança do movimento.
Passei na Avanhandava no entardecer de terça-feira. Está tão bonitinha que, quando o quarteirão acaba, você quer mais. Por que parou, parou por quê?
Antes de voltar para casa, passei na Central 22, a lanchonete do Walter Mancini, que tinha acabado de abrir (mas a partir de quarta começaria a funcionar às 11 da manhã). Segundo a Maria, que me atendeu, eu comi o quarto sanduíche de pernil da história da casa. Vou lembrar de contar isso para meus sobrinhos-netos.
21 comentários