A primeira viagem à Europa

Ponte Carlos, Praga

Se você vai aproveitar o real valorizado para realizar o sonho de viajar à Europa, entenda: não dá para abraçar o continente inteiro de uma vez só. Mas veja pelo outro lado: a Europa é como os melhores vinhos – vai melhorando com o tempo. Se você só pode viajar à Europa de dez em dez anos, saiba que daqui a uma década aquele pedaço que você não conseguir visitar agora vai estar ainda mais interessante.

Não tente fazer por conta própria o roteiro das excursões.
Nas excursões dá certo porque existe um ônibus sempre a postos, um motorista que sabe por onde está rodando e um guia que leva direto ao que ele acha mais importante. Na vida real você vai precisar fazer tudo sozinho – achar o endereço do hotel, andar de metrô arrastando mala e decidir o que fazer a cada momento. É muito mais divertido, mas leva muito mais tempo. Evite o pinga-pinga, parando em todas as cidades que se atravessarem no seu caminho. Procure dedicar pelo menos quatro dias inteiros para cada grande capital do seu roteiro. (Senão, deixe para a próxima.)

stpaul450.jpg

Não compre a passagem antes de resolver o itinerário.
É incrível, mas isso acontece com mais freqüência do que se imagina. O passageiro compra a passagem mais barata e depois é que vai tentar descobrir um jeito de cobrir o resto do roteiro. As viagens mais complicadas – como costumam ser as primeiras viagens – normalmente são melhor resolvidas quando você chega por uma cidade e volta por outra (e faz vários trechos aéreos internos que, quando comprados junto com a passagem intercontinental, podem sair mais em conta do que viajando de trem ou com companhias aéreas de desconto).

munique400.jpg

Trem não foi feito para dormir.
Passar uma noite no trem é uma bela experiência: não é lá muito confortável, mas rende ótimas histórias na volta e, vá lá, economiza uma noite de hotel. Fazer disso uma rotina, porém, é uma das maneiras de estragar a sua viagem. (Se é para dormir em beliche em meio a desconhecidos, prefira o albergue.) O trem é perfeito – e insuperável – em trajetos diurnos de até três ou quatro horas. Mais do que isso, considere o avião.

hamburgohbf450.jpg

Carro? Só em viagens pelo interior.
Mesmo depois da invenção do GPS, o carro continua não combinando com viagens longas pela Europa. Nas cidades grandes, carro é um estorvo: o trânsito é complicado, o estacionamento é difícil e caríssimo. As auto-estradas são ótimas, mas passam ao largo das paisagens mais bonitas e dos vilarejos mais pitorescos. Só alugue carro para explorar regiões delimitadas, com estradas vicinais, mirantes e paradas gastronômicas.

renault450.jpg

Reservar antes sempre é melhor.
Viajar sem rumo definido e sem hospedagem reservada é para quem tem tempo sobrando. Se você vai passar quinze, vinte ou trinta dias na Europa, não vale a pena perder meio dia toda vez que chegar a uma cidade. Faça suas reservas antes de sair: quanto maior a antecedência, melhores serão os hotéis que você conseguirá na faixa de preço que procura.

A Europa está nos detalhes.
Europa não é só igreja e monumento. Em vez de dar tanta importância aos cartões-postais que você não verá ao vivo na sua primeira viagem, dedique-se a viver os aspectos que são comuns a todas as cidades européias. Andar a pé e de transporte público; xeretar o pequeno comércio; sentar num café e ver a vida passar; comer coisas simples, feitas do mesmo jeito há séculos, são prazeres imbatíveis, que só se encontram no continente europeu. Não gaste seu dinheiro indo até a Europa só para ver. Use também os outros quatro sentidos, e você vai aproveitar muito mais.

nice450.jpg

A primeira viagem à Europa (II)

Pensando bem, a menos que você volte sempre para os mesmos lugares, toda viagem à Europa é uma primeira viagem. Cada vez que planejamos férias por lá, as mesmas dúvidas vêm à baila. Que cidades incluir e quais deixar de fora? Quantos dias em cada lugar? Avião, trem ou carro? O assunto rende um livro. Mas aqui vão algumas dicas para ajudar a montar o seu itinerário.

Procure reduzir o pinga-pinga.
Por mais cidades que você queira incluir no seu roteiro, evite dormir uma noite em cada lugar. Os procedimentos para entrar e sair de hotéis tomam tempo; carregar bagagem exaure a paciência. Eleja cidades-base de onde você possa fazer pequenas viagens bate-e-volta sem precisar carregar as malas o tempo todo. Numa primeira viagem de 15 ou 20 dias, o ideal é escolher três ou quatro cidades principais. Você vai se surpreender com a quantidade de lugares interessantes que você vai encontrar a até 1h30 de trem de distância.

veneza450.jpg

Simule os horários e os tempos de viagem de trem.
As melhores viagens de trem são as que duram até três, no máximo quatro horas, e não tomam a melhor parte do seu dia de férias. Para descobrir como o seu roteiro se comporta nos trilhos, simule suas viagens no site das ferrovias alemãs (https://bahn.hafas.de/bin/query.exe/en). Mas atenção para a pegadinha: use o nome das cidades nos idiomas locais (Venezia e não Veneza, Wien em vez de Viena). Assim você fica sabendo que a viagem mais curta entre Barcelona e Roma dura 18 horas, mas que de Viena a Budapeste são apenas 3 horas.

horariostrem600.jpg

Descubra as companhias aéreas low-cost da sua rota.
As Gol e as BRA da Europa são muito mais barateiras que suas congêneres brazucas. Comprando com antecedência, você consegue passagens de até 10 euros (com taxas, a conta costuma começar em 40 euros). Para saber quais companhias operam vôos no seu caminho, consulte o Skyscanner (www.skyscanner.net), que informa (em português!) rotas, disponibilidade e preços, já com todas as taxas incluídas.

Escolha seus hotéis com base na opinião de outros viajantes.
Qual o melhor hotel, na faixa de preço que você pode pagar, que esteja disponível nas datas em que você precisa? Sites como o TripAdvisor (www.tripadvisor.com) e Venere (www.venere.com) buscam essa informação baseados na experiência de hóspedes de verdade. Para a Europa, o melhor é o Venere, que organiza as resenhas por bairros: em vez de pesquisar a cidade inteira, você vai direto na localização que mais lhe interessa.

teresa450.jpg

Quanto mais países, melhor?
Não adianta: para a maioria dos viajantes, a primeira viagem a Europa é sinônimo de passar pelo máximo de países no mínimo de tempo. Se esse for o seu caso, deixe as grandes distâncias da Península Ibérica, do sul da França e talvez até da Itália para uma próxima; se você zanzar ali pelo norte da França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Inglaterra, a cada três horas vai estar num país diferente, ouvindo um novo idioma. (Em contrapartida, se você quer saber qual é o melhor lugar da Europa para fazer uma viagem de um país só, a resposta é fácil: Itália.)

englischer450.jpg

Se você já foi à Europa, encerre a viagem na sua cidade favorita.
Gostoso mesmo é poder voltar a lugares como Paris, Londres, Roma ou Barcelona sem precisar bater ponto em absolutamente nenhum cartão-postal. Termine seus giros europeus sempre no mesmo lugar, e em três viagens você e sua cidade favorita estarão íntimos.

Leia também:

Europa: quantos dias em cada lugar?

Europa: avião, trem ou carro?


1049 comentários

Pois é Arnaldo, já eu gosto de ter coisas ” por fazer”
que podem me motivar a voltar , e no caso do Carlos
o que ele colocou em pauta foi Budapeste ou Londres
(Praga está nas duas opções ) .
Entre Budapeste e Londres fico com Londres de olhos fechados.

Cordando com o que “disse” a VANESSA, 10 a 1 para Praga e Budapest contra Londres.

Sinceramente, a menos que vc não troque por OUTRA coisa, como viajante, acho que é MUITO melhor ter subido ao Arco do Triunfo (e ter-se arrependido, achado que é uma das “tourist traps´ que existem em qualquer destino) do que voltar pra casa com aquela ETERNA DÚVIDA: “Puxa, eu poderia ter ido!” ….

Eu acho que só NÃO vale a pena fazer uma coisa quando já nos disseram e recomendaram não fazer (seja vindas de sites, de tripulantes e do comandante). Resumindo, aintes um mico que uma dúvida eterna.

Perfeito, muito bom. Já havia lido na Época.

Carlos, eu eliminaria Milão, uma das cidades mais sem graça da Europa, passando maior tempo em Praga e Budapest. Se você ainda não conhece Praga, ainda bem!, porque correria o risco de achar as outras cidades européias…assim assim! Visite meu blog e leia extensa reportagem sobre Praga e sobre Milão. Se precisar de dicas, além daquelas excelentes que já teve até aqui, quer pelo comandande, quer pela tripulação, não deixe de pedir.

Carlos, honestamente pelo que conheci das ultimas vezes sugiro ir a Budapeste e Praga vc não vai se arrepender. Londres é maravilhosa ,mas quem conhece Praga …….

Sylvia, eu também não faria isso por nenhum dinheiro do mundo!!! Mas fazer para nós mesmos e para alguns eleitos (família, amigos próximos) é até gostoso. E aquela sensação de vitória quando a gente consegue encontrar a tal agulha? Não tem preço mesmo… 😉

Carlos:
Leia com atenção o que a Carla escreveu sb Milão.
Aqui no VnV é consenso .

Carla
Encontrar agulha no palheiro é a nossa loucura né?
Eu que procurava 12 agulhas( hotéis) na alta estação
na europa, por menos de 100 eur em duplo ( todas as taxas incluidas) com arcondicionado ( funcionando direito) bem
no centro das cidades ( e nos melhores points) e a no maximo
200m de uma estação de metro ( e com conexões fáceis )
encontrei todos ! Reservas feitas com cartão para pagar lá
no hotel e com a tarifa garantida 5/6 meses antes.
Mas tb vou te dizer que não faria isso por dinheiro nenhum
é muito trabalho; centenas de avaliações de clientes para ler,
google earth para a localização exata,estudo de linhas e
conexões de metro, varios e mails para cada hotel, planilhas
do excel para acompanhar …
Sem falar que eu conheço bem 11 das cidades , e a que
não conheço demorei muito para compreender.
Prá variar, o comandante me salvou com um post !
Com o post do Riq na mão fui para o google earth e escrevi
palavra por palavra, marquei com um pin e.. bingo !
Visualizei tudo . Gracias Riq !!!

Carlos, eu concordo com a Sylvia. Veja bem, não conheço Budapeste, mas Londres é imperdível, por isso voto sem pestanejar. Agora, uma pergunta: você faz questão de ir a Milão? Vi que é a única cidade italiana no seu roteiro, mas é uma cidade que particularmente me parece dispensável, e ainda mais se você puder substituí-la por outra – Veneza, talvez…

Carlos:
Vamos ver se eu entendi: resumindo, vc está em duvida
entre Londres e Budapeste ?
Eu fico com Londres.Os voos o Riq já deu o caminho.

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito