Deu no Ancelmo. Mas a gente estava indo por indicação (e na companhia) de dois outros jornalistas: o João Gabriel de Lima, meu editor na Época, e a Cláudia Maximino, com quem eu tive o prazer de trabalhar num dos últimos especiais da V&T.
A concentração foi no Bracarense (que agora tem mesas e cadeiras de verdade e garçons com camisetas com logotipo da Sagatiba; não sei se eu gostei, não).
Saímos às 10 pras 3 -- quase uma hora depois da hora programada.
Opa: estamos chegando...
Madureira é o único subúrbio do Rio que tem duas escolas de samba com popularidade de time de futebol.
Agora é só virar à esquerda e pegar a segunda rua à esquerda passando o Madureira Shopping.
Rua Clara Nunes? É aqui mesmo.
Em São Paulo essa corrida teria custado pelo menos R$ 120.
A entrada custa 5 reais. Eram quase 4 da tarde, e a feijoada já estava, perdão, comendo solta há séculos.
O bom é que não tinha mais fila. O prato custa R$ 8, e é bem servido com as carnes que você escolher. (Eu me esbaldei: tinha até dobradinha...) Cerveja, só latão da Skol, a R$ 4 cada um.
Os anfitriões da tarde eram os bambas da Velha Guarda da Portela. Quando entramos no galpão, quem estava se apresentando era tia Surica, uma das glórias da escola.
Perto do palco, a acústica é passável. Mas, pelo que vi na Mangueira, e agora na Portela, continuo achando que as escolas de samba do Rio precisam mandar emissários urgentemente à Bahia para dar uma acústica decente a esses ensaios.
David Correa cantou o último samba campeão da Portela (é o meu preferido; aquele que diz "E lá vou eu/Pela imensidão do mar/Essa água que cobre a avenida de espuma/E me arrasta a sambar) e depois chamou umas pastoras da Mangueira para cantar outro samba de sua autoria, aquele em homenagem aos Doces Bárbaros ("Me chama que eu vou/Sonho meu/Atrás da verde-e-rosa/Só não vai quem já morreu"). Por sinal, muito bacana essa camaradagem entre as escolas.
O grande Monarco estava lá, mas parece que já tinha cantado mais cedo.
Outro compositor da casa: Paulo Debétio.
Bala? Halls? Cigarro?
E o grande momento da tarde: a mangueirense Leci Brandão, que tinha ido à quadra levar um gringo que era fã da Portela, é chamada ao palco e não amarela: "Soldado que vai ao quartel quer serviço", disse ela, emendando dois sambas históricos de Madureira: "Contos de Areia", da Portela ("Okê okê Oxossi/Faz nossa gente sambar") e "Aquarela Brasileira", do Império Serrano ("Vejam essa maravilha de cenário...").
Depois de mais três clássicos portelenses, que ela cantou sem titubear a letra, Leci terminou com a história do Zé do Caroço, seu clássico redescoberto por Seu Jorge e agora por Mariana Aydar.
Sete da noite: está acabando a festa. Quanto mais perto do carnaval, mais cheia fica a quadra. Agora em abril estava tudo calminho -- melhor assim.
Ops... deveria ter visto esta placa na hora em que entrei...
Para muita gente, o fim da festa na quadra é só o começo da noitada nos botecos em volta, onde as rodas de samba vão até alta madrugada.
Mas digamos que o programa já tinha sido suficientemente intenso (e tínhamos ingresso comprado para uma peça às nove).
Até a próxima, Madureira!
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