Preços de 2007.
Sim, amigos: amarelei. Na sexta-feira, depois do temporalzão de quarta pra quinta, o tempo continuava assim-assim. Saía o sol, chuviscava, saía o sol. Decidi que andar 12 km na areia carregando mochila debaixo de chuva não seria mais aventura, e sim masoquismo. Deslanchei então o plano B: ir de bugue.
Zêni, o atenciosíssimo gerente da Vila Naiá (que nasceu e cresceu ali do lado, na Vila do Carroula), me deu o telefone do Jonga, que mora na aldeia pataxó de Barra Velha e faz esse traslado. O telefone da pousada tinha caído, mas peguei meu celular e fui até a beira da praia, onde TIM, Oi e Vivo têm sinal (sim, é uma má notícia: celular pega no Corumbau). Combinamos para ele me pegar do outro lado do rio Corumbau às duas da tarde. Preço do traslado: 80 reais.
Assim como os índios americanos controlam cassinos dentro de suas reservas, os pataxós controlam o tráfego de bugue entre Corumbau e Caraíva. Jonga é o maior empresário da região: tem uma frota de três bugues, que na temporada passam o dia zanzando pra lá e pra cá, pilotados por ele e seus dois filhos.
Atravessei o rio, e na hora marcada lá estava Jonga.
Depois que a gente tinha combinado o passeio o tempo tinha melhorado bastante, e eu quase tinha me arrependido; mas bem na hora em que eu cheguei à outra margem, a chuva voltou. Que bom que o superbugue tinha cobertura.
Pelo que vi do caminho, não perdi muita coisa: a praia é reta e sem acidentes topográficos que justificassem a caminhada. Teria sido apenas um exercício e nada mais. (Não que eu não esteja precisando, claro...)
A entrada para a aldeia pataxó fica no meio do caminho. E na beira da praia fica a sede da frota do Jonga. Demos uma paradinha para pegar mais uma lona para cobrir melhor as mochilas -- mas depois disso, a chuva parou.
Fora de temporada, a aldeia pataxó não é nada demais -- um vilarejo pobre como outro qualquer. No verão e em julho, os índios fazem um artesanatódromo na praça.
Nem 40 minutos depois de atravessar o rio Corumbau eu estava devidamente entregue em Caraíva. Mas ali não tem essa de bugue: é proibido o trânsito de veículos, ahn, automotivos. Mas não precisei fretar charrete. Minha pousada, a Lagoa, fica a 5 minutos de pernada de onde os bugues param.
Existem pousadas mais confortáveis (como a Vila do Mar) e até mesmo mais certinhas (como a Casinhas da Bahia) ou mais charmosas (como a Flor do Mar) -- mas a Lagoa pra mim é a perfeita tradução espírito de Caraíva (além de ser o lugar mais verde da vila).
Os bangalozinhos ficam espalhados pelo terreno, e à noite você precisa de lanterna para achar o seu. O banho, a gás, é uma delícia, e a música do bar, MPB e rock das antigas.
Agora licencinha, que eu já tô alugando demais o escritório da pousada aqui no Espelho. Amanhã, quando chegar a Trancoso, eu termino Caraíva. (Confusão...)
P.S.: o tempo está ótimo.
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