Nos últimos tempos, a cidade de São Paulo criou uma grande tradição no campo dos bares tradicionais sem tradição nenhuma. Traduzindo: inventou-se uma maneira de fazer brotar bares novinhos com cara de estarem há cinqüenta anos naquele lugar onde foram inaugurados anteontem. A coisa funcionou tão bem, que a moda acabou exportada para o Rio.
Veja bem, não estou reclamando -- prefiro mil vezes bares novos com jeito de antigos a bares novos que vão ficar datados daqui a seis meses.
Até porque existem poucos bares e restaurantes paulistanos realmente tradicionais que sobreviveram com dignidade.
Entre os botecos, talvez o único que continue com o prestígio inabalado seja o Bar Léo, na rua Aurora, esquina com Andradas, no Centrão. O chope ali ainda é o mais conceituado da cidade, e ninguém consegue copiar seus canapés de carne crua (Hackpeter). Fazendo uma analogia com o Rio, o Bar Léo seria o nosso Jobi-Bracarense-Bar Luiz versão três-em-um.
Talvez o que tenha permitido ao Bar Léo chegar vivo à era dos neobotecos fake seja o fato de estar a apenas uma quadra da rua Santa Ifigênia, próspero centro de comércio de peças e eletrônicos. Não há nada como fazer pesquisa de preço de placas de memória para dar aquela vontade de tomar um chope.
Fazia muito tempo que eu não passava por lá; fui sábado e fiquei feliz de ver que o lugar estava não apenas cheio, como também mais organizado. Há mesinhas altas e numeradas na calçada servidas por garçons; antigamente você precisava cavar um espaço nas imediações do balcão para ser atendido.
Se deu vontade de tomar o chope tirado na chopeira de porcelana do bar, vá logo -- o Bar Léo entra em férias coletivas de 15 a 31 de julho. O chope custa 4 reais.
Prost!
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