Minha coluna na Época desta semana.
Caso as medidas tomadas na semana passada pela Aeronáutica continuem a surtir o efeito dos primeiros dias, o pior do caos aéreo terá passado. Mesmo assim, nossas viagens de avião não estarão livres de turbulências ainda no solo. Os controladores podem estar – perdão – controlados, mas a frota das companhias aéreas brasileiras continua superutilizada, e há uma concentração excessiva de vôos em certos horários. O aquecimento da economia aumenta a procura por vôos domésticos e a baixa do dólar invariavelmente lota os vôos internacionais. No exterior, a lenga-lenga dos procedimentos de segurança dificulta o embarque em vôos de conexão e exaure o que restou da paciência do viajante brasileiro. Não, não dá para seguir o conselho da ministra. O negócio é sair de casa preparado para tudo o que pode acontecer.
Não conte com o primeiro dia de viagem.
Estou sendo radical, eu sei, mas é melhor assim: considere o primeiro dia de viagem perdido. Não marque compromissos nem construa grandes expectativas para o dia da chegada. Tenha como objetivo principal simplesmente chegar; o que vier a mais é lucro. Vai a um casamento? Tem uma reunião importante? Viaje na véspera: é melhor para a sua saúde. Ah, sim: tenha sempre à mão um bom livro. Livros são os companheiros mais indicados para longas esperas em saguões e salas de embarque: não reclamam, não ficam falando de caos aéreo o tempo todo, nem incitam você a destratar os pobres dos funcionários do balcão, que não são os responsáveis pelos problemas da aviação brasileira.
Evite conexões imediatas.
Sim, é um passo atrás. As companhias aéreas passaram as últimas décadas montando redes que tornassem possível conexões rápidas, em horários convenientes. Na situação atual, porém, viajar com intervalo apertado de conexão aumenta o stress do viajante a um nível difícil de suportar. Peça a seu agente de viagem que programe sua conexão com um intervalo de pelo menos três horas desde o horário previsto para a chegada do seu vôo.
Procure incluir todos os vôos na mesma passagem.
Ao programar viagens internacionais – sobretudo à Europa – muita gente não se dá conta de que vale a pena comprar a passagem até a cidade final de destino, mesmo que ela não seja servida por vôos diretos do Brasil. A passagem intercontinental acaba subsidiando o trecho interno, e o passageiro tem a segurança de que seu vôo de conexão vai ser remarcado em caso de atraso. Se você comprar a continuação da viagem à parte (por uma companhia convencional ou low-cost), não vai ter garantia nenhuma. Nesse caso, siga a próxima dica.
Considere pernoitar na sua escala.
A maneira mais eficiente de evitar o stress da conexão é aproveitar a escala para interromper a viagem. Reserve uma noite num hotel próximo ao aeroporto, use somente o que você trouxe na mala de mão, passe o fim do dia no centro da cidade, desestresse, durma e pegue o primeiro vôo da manhã. Isso também vale para conexões a caminho do exterior: se é inevitável vir a São Paulo, aproveite para programar um dia na cidade, e diminua consideravelmente a tensão da viagem.
Garanta-se com a bagagem de mão.
Vôos que atrasam geram transtornos também para as suas malas, que nem sempre chegam ao destino junto com você. Na maioria dos casos elas são restituídas no hotel onde você esteja – mas até isso acontecer é bom que a sua mala de mão contenha tudo o que você vai precisar no início da viagem, incluindo uma muda de roupa.
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