Minha coluna no Guia do Estadão de hoje.
Escolha uma letra qualquer – a letra "E", por exemplo, que já está no início dessa frase, mesmo. Faça o seguinte, então: comece a próxima frase com a letra subseqüente do alfabeto. Gostando ou não da letra que vem imediatamente na fila, é ela que você vai precisar usar, inapelavelmente. Haverá momentos – como este – em que a frase seguinte começará torta e você se lamentará de não poder recomeçar outra vez. Isso faz parte; nem sempre você será agraciado com uma seqüência de letras que favoreça a sua argumentação, encadeie seus pensamentos e permita que você diga o que é preciso dizer.
Jamais, contudo, reclame da rigidez da única regra deste jogo – nem mesmo quando chegar a vez de uma daquelas letras difíceis que nem constam do alfabeto vigente no Brasil. Kennedy foi um dos presidentes mais populares da história dos Estados Unidos, e pode muito bem vir em seu socorro nesta hora difícil. Lembre-se de que você está fazendo este exercício por escrito, com todo o tempo do mundo para pensar na próxima letra e na próxima frase.
Muito mais complicada é a situação dos palhaços-atletas do Jogando no Quintal, que disputam um hilariante campeonato de improvisação no teatro do colégio Santa Cruz. Numa das provas da partida, as equipes precisam criar um texto como este, em que cada frase é iniciada com uma letra diferente, na seqüência do alfabeto. O problema dos palhaços é que eles não têm tempo para pensar – e cada jogador só pode dizer uma frase por vez.
Preciso dizer que o resultado é de rolar de rir? Quisera eu poder soar tão engraçado quanto eles. Ratifico, porém, todos os elogios que já foram feitos ao grupo. Sem dúvida, é o espetáculo mais divertido – e mais original – em cartaz na cidade. Tanto assim, que as pessoas não param de voltar. Umas quantas vezes. Vão e voltam, vão e voltam, vão e voltam. Wow! Xuxu beleza. Yabadabadu! Zuzo bem aí?
A brincadeira, obviamente, não acaba com a última letra do alfabeto; é preciso dar a volta completa até repetir a letra que iniciou a rodada. Bom: depois de chegar até aqui, fica fácil – ainda mais podendo lançar mão de sinais de pontuação, como dois pontos e travessão, inexistentes na linguagem oral. Creia-me: você precisa ver o pessoal do Jogando no Quintal fazendo isso ao vivo. Domingo agora, às 8 da noite, tem uma nova partida; se eu fosse você, não perdia. Entendeu?
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(O vídeo não é meu, não; pesquei no YouTube)
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