Com o real valorizado e o novo vôo da Emirates (que leva quase direto às Maldivas, com uma conexão bem rápida em Dubai), muita gente volta a sonhar com as ilhas paradisíacas do Índico e do Pacífico Sul.
Se a gente criasse uma moeda chamada txai, ou Tx$, que equivalesse à diária do bangalô mais barato do resort de Itacaré (R$ 1.250,00, ou cerca de 600 dólares), veríamos que dá para se hospedar em resorts top dessas ilhas entre Tx$ 1 e Tx$ 1,50. Claro que é preciso levar em consideração a passagem aérea, o tempo de deslocamento, e todos os extras. Mas se você já cogitou alguma vez fazer essa extravagância, esse é um bom momento.
Eu já estive nas Maldivas, em Zanzibar e em Bora Bora. E acrescento o que sei de orelhada das Seychelles e de Maurício.
Maldivas. 1.100 ilhotas de cartum de náufrago (só areia e coqueiros), um pouco acima da linha do Equador, próximas à Índia. Apenas 100, escolhidas a dedo, têm hotéis -- e somente um hotel em cada ilha. Águas transparentes. Barreiras de corais pertíssimo da areia. Snorkel facílimo. Hotéis de luxo -- e, devido à grande concorrência, com boa relação custo x benefício. Os hotéis mais novos importaram a estética palafita-chic do Taiti. (Às vezes, com densidade demasiada, para o meu gosto.) Os pontos baixos são o exotismo zero (não há hotéis em ilhas habitadas) e o fato de não haver nada a fazer a não ser tomar sol e mergulhar. O ponto alto é não haver nada a fazer a não ser tomar sol e mergulhar Acesso: via Dubai (Emirates), Cingapura (Singapore) ou Viena (Austrian). Quando ir: novembro a abril. Site oficial: Visit Maldives.
Seychelles. 115 ilhas de vários tamanhos, um pouco ao sul do Equador, no meio do Índico, à altura (mas longe) da costa da Tanzânia. Há desde ilhas bem grandotas, como Mahé (onde fica a capital) e Praslin, até ilhotinhas desabitadas. A paisagem mistura montanhas com vegetação densa e praias pequenas; as mais fotografadas -- normalmente em La Digue -- têm enormes pedras graníticas sobre a areia (em Trindade -- Paraty -- a gente tem umas meio que por aí, mas não com água turquesa). A maioria dos visitantes passa por essas três ilhas, ou então monta base em Mahé e faz bate-e-voltas de avião para outras ilhas. Na alta temporada, as praias de La Digue podem ficar cheias demais durante a estada dos excursionistas. Além desse circuito mais popular existem as ilhas-de-um-hotel-só, como Frégate, North Island e Desroches. Vendo pelas fotos, acho que North Island e Frégate podem ser páreo para as Maldivas, sim -- sobretudo para quem acha o visual ilha-de-cartum-de-náufrago muito monótono. Mas os hotéis dessas ilhas exclusivas são mais caros que as Maldivas (até porque têm menos bangalôs). Há um ótimo mapa interativo no site Seyexclusive. Acesso: via Johanesburgo (Air Seychelles), Dubai (Emirates), Maurício, Munique, Roma e Paris (Air Seychelles). Quando ir: maio a outubro. Site oficial: Seychelles Travel.
Maurício. Uma grande ilha no Índico, a leste de Madagascar, numa latitude que, no continente africano, daria em Moçambique. Há montanhas, florestas, praias azul-turquesa e uma capital pitoresca, Port-Louis. O povo é de origem predominantemente indiana, com imigrantes africanos, malgaxes e chineses. O turismo é controlado, com poucas opções para o mochileiro e inexistência de turismo de massa de pacotes. Os resorts são elegantes. Sem nunca ter ido a nenhum dos dois lugares, eu arriscaria dizer que Maurício seria uma Jamaica mais segura e com resorts, na média, mais sofisticados. Acesso: via Johanesburgo (South African, Air Mauritius), Seychelles (Air Seychelles) ou Londres (British). Quando ir: maio a setembro. Site oficial: Discover Mauritius.
Zanzibar. Ilha na costa da Tanzânia (é o "Zan" de Tanzânia; "Tan" vem da parte continental do país, a antiga Tanganica.) Um dos lugares mais exóticos do planeta: mistura mundo árabe com África negra e colonização britânica. É o lugar mais em conta de todos esses listados aqui; e, a julgar somente pelas praias, talvez nem merecesse estar nesta seleção. A praia realmente sensacional da ilha fica na ponta norte: é Nungwi, que também é um vilarejo de pescadores. O resto da costa é tomado por resorts melhorzinhos ou piorzinhos, como no nosso Nordeste. A pequena (e labiríntica) capital -- a cidade histórica de Stone Town -- é fascinante, e merece pelo menos uns dois pernoites, em algum hotelzinho de charme como o Emerson & Green. Se em vez de ficar numa pousada em Nungwi a idéia for gastar Tx$ 1,50 por noite, então vá direto ao Mnemba Club, um hotel caríssimo de cabanas rusticíssimas (tudo de madeira e palha, chão de areia) numa ilha privada. Foi lá que eu passei um réveillon com Emma Thompson... Acesso: via Johanesburgo e Dar Es Salaam (South African, depois companhias regionais). Quando ir: julho a fevereiro. Guia independente: Zanzibar.org.
Taiti. Ilha principal da Polinésia Francesa, cujo nome é erroneamente atribuído ao país inteiro (perdão, à dependência francesa ultramarina inteira). Um lugar LLL: lindo, longe e louco de caro. O que faz essas ilhas tão especiais é a topografia: montanhas majestosas dominando ilhas relativamente pequenas, circundadas por anéis de coral. Se você for até lá, ponha a mão no bolso e passe pelo menos uns dias em Bora Bora, onde esse visual é ainda mais lindo. Foi aqui que inventaram a palafita chic; mas se você não quiser pagar entre Tx$ 1 e Tx$ 1,50 para dormir debruçado na água transparente, pode tentar a sorte num hotel simples ou pousadinha... Acesso: via Santiago (Lan). Quando ir: maio a agosto. Site oficial: Tahiti Tourisme.
E você? Esteve recentemente num desses lugares? Ou foi a Fiji, Marquesas, Ilhas Cook, Tuvalu, Vanuatu, Comores, Moçambique? Conta pra gente vai...
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