Alguns assuntos soam vagamente esotéricos e parecem mera curiosidade até que aconteçam perto da gente.
Se você, como eu, achava que "síndrome da classe econômica" era uma dessas doenças de agência de notícias, está na hora de rever seus conceitos.
Aconteceu aqui pertinho da gente: com a Bia, irmã da Majô. O vôo de volta de Milão ao Rio causou uma embolia pulmonar que por pouco não lhe custou a vida. A Majô postou no seu blog e eu reproduzo aqui:
Acho que muitos já sabem que a Bia teve uma embolia pulmonar que só começou a manifestar sintomas, 6 dias após a nossa viagem de volta de Milão para o Rio, no dia 11. Foi internada no CTI, onde ficou 8 dias. Ela correu risco de vida, e o médico declarou que embolia pulmonar pode matar em minutos. Graças a Deus, ela já está em casa se recuperando.
Ao diagnosticarem, pelo ecocardiograma, o trombo no pulmão que se descolou de um outro trombo que se formou na virilha, os médicos fizeram uma série de perguntas, pois não entendiam como ela tinha tido a embolia, sem doença circulatória ou cardíaca. Ao relatar as atividades das últimas semanas, comentamos que tínhamos feito uma viagem de avião de Milão para o Brasil. Imediatamente, os médicos disseram “ isto é a síndrome da classe econômica.
Como assim ? Isto não ocorre em passageiros que viajam em classe executiva e 1a classe”.
Conclui-se que este episódio é mais freqüente do que se imagina, tanto que já há o jargão médico Síndrome da Classe Econômica.
Achei que tinha a obrigação de escrever sobre isto, divulgando o risco que corremos, ao viajarmos cada vez mais compactados na classe econômica, sendo que este risco aumentou proporcionalmente à ganância das Cias. Aéreas que nos últimos anos apertaram cada vez mais o espaço nos e entre os assentos.
É preciso que Constantino da Gol/VARIG, a família Rolim da TAM atentem para o fato de que são co-responsáveis por danos físicos que podem levar à morte, causados aos passageiros que viajam na classe econômica, como sardinhas em lata, por longas horas. E, não há dinheiro que pague a vida de uma pessoa. Tenho dito.
[...]
Hoje, dia 6 de setembro, por uma coincidência, o caderno Boa Viagem do jornal O Globo, publica a matéria CLASSE econômica que aborda exatamente o tema das poltronas apertadas e o desconforto e riscos à saúde dos passageiros, abraçando a idéia do Ministro Jobim que tem reclamado do assunto. O jornal pediu a quatro designers que redesenhassem as poltronas, sem que sejamos cutucados pelo passageiro da poltrona de trás, o que não acontecia nos espaçosos Electra da Varig. Menciona também que existe um estudo da Organização Mundial da Saúde que alerta para o risco de desenvolvimento de trombose venosa por conta da longa imobilidade numa área reduzida. Este é o mais grave, mas não o único perigo. Segundo o jornal, o Ministro Jobim resolveu bolar novas regras para a disposição dos assentos que serão publicadas no site da ANAC, e receberão críticas e sugestões até 1o. de outubro.
Faço meu -- e grifo -- o último parágrafo do texto da Majô:
As cias. aéreas não querem perder receita, mas nós, passageiros e clientes, temos o direito de exigir as condições mínimas de conforto e segurança à nossa saúde. Devemos pressionar e interferir para que esta situação mude, e a hora é agora.
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