Ecoturismo não é só turismo aventura, lembra Edgar Werblowsky

Recebi este texto por email da assessoria de imprensa da operadora Freeway. Acho que nunca recebi um press-release tão lúcido e sincero. A pensata e as idéias são do Edgar Werblowsky. Os grifos são meus.

Steve Jobs e o ecoturismo

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Pena que não tivemos um Steve Jobs no ecoturismo.

Faz falta sua visão inovadora,  multilateral, observadora da experiência humana, de análise do todo e da posterior síntese.
 
Para ele, um ícone da tecnologia,  criatividade é  simplesmente conectar coisas, como afirmou à revista Wired. “Quando você pergunta a pessoas criativas como fizeram alguma coisa, elas se sentem um pouco culpadas, porque na verdade, não fizeram aquilo; elas só viram algo. A coisa lhes pareceu óbvia porque conseguiram conectar experiências que tiveram e sintetizar coisas novas.”
 
E é essa criatividade que tanto nos faz falta quando deixamos o conceito mais amplo do ecoturismo resvalar para o simples e limitado turismo de aventura.
 
O fato é que o ecoturismo foi concebido para ser muito mais do que aventura pura e simples. Nasceu de uma visão – da possibilidade de  recriação da  experiência de conexão com a natureza. Onde esta assumiria o protagonismo e não se contentaria em ser uma coadjuvante. Bela, muito bela, mas ainda assim coadjuvante. 
 
Jobs praticamente não inventou nada. O próprio mouse foi inventada por outros. Aliás, foi nos laboratórios da Xerox que ele pela primeira vez viu uma mouse passeando pela tela de um computador.
 
A diferença foi que ele teve a visão, que os dirigentes da Xerox não conseguiram enxergar, obcecados que estavam por  copiadoras. Um problema clássico de visão. Com isso a Xerox perdeu a potencial  liderança no mundo dos computadores, o que mudou para sempre a sua história. 
 
Conseguir que um Steve Jobs tivesse abraçado o ecoturismo transformaria para sempre o segmento. Ele teria conseguido enxergar no ecoturismo muito além  do que este acabou se tornando: uma coleção de atividades radicais em meio à natureza.
 
Jobs teria se voltado ao basics, elaborado um simbólico orçamento base zero, e percebido que o que estava em jogo era um novo olhar para a natureza. Não simplesmente a sua utilização como playcenter verde.
 
Perceberia que a humanidade se encontrava num beco sem saída, ou com poucas saídas, e a natureza, ou melhor, a nova relação do homem com a natureza, seria uma das chaves para escapar desta encruzilhada.
 
Rapidamente intuiria que a questão real  era uma mudança paradigmática de visão em que a natureza deixaria de ser o mero celeiro mundial de matéria prima, a que foi relegada a partir da revolução industrial e das idéias de Descartes no século XVIII, para assumir seu papel de matéria viva, pulsante, e repositório dos segredos e do futuro do planeta.
 
Steve buscaria criar maneiras criativas, geniais, de reconectar de forma amigável a mente, o corpo, enfim, o ser humano, a este ente verde e vivo, que vibra por debaixo das cobertas planetárias.
 
Quem sabe inventaria um AmazonMouse. Ou criaria uma Green Apple, algo como um sistema para fazer da delicada e imanente harmonia da natureza sucesso de crítica e público. Utilizando-se do design de seus bosques e florestas para desenvolver um produto a ser cultuado e idolatrado por legiões. Suas legiões…

Como uma nova religião. Uma nova Apple.
 
Poderia se valer, na parte estética, dos estudos de Gaudi, que tão sabiamente soube enxergar na bela heterogeneidade da natureza a inspiração para suas monumentais obras  de design arquitetônico.
 
Talvez conseguisse transformar  a  Amazônia inteira numa sede virtual da Green Apple, no lugar do Vale do Silício. Quiçá fazendo de cada árvore da Amazônia um ídolo a ser cultuado como um Mac.   
 
O ecoturismo deixaria de ser simplesmente um teatro vivo com um palco – a natureza – sediando raftings, canyonings, e outros inúmeros ings, ou enduros e enmoles das mais variadas matizes e objetivos, para fazer desta um fim em si mesma e um ambiente iluminado para se propiciar a reconexão espiritual do homem com a própria natureza e com o planeta. 
 
Talvez a agência de ecoturismo poderia se chamar Steve Jobs & Dalai Lama Spiritual Adventures e  proporcionar aventuras do espírito, tão necessárias nesses esvaziados tempos modernos.
 
Quando a Freeway introduziu o conceito do ecoturismo no Brasil imaginava criar uma legião de cultuadores da natureza, a partir do deslumbramento causado pelo contato íntimo com ela, gerador de uma experiência mística, espiritual, de amor. Vislumbrava  recrutar uma geração de defensores apaixonados e intransigentes. Ou seja,  ecoturismo a serviço da criação de uma consciência individual e coletiva de preservação. Motivada pela experiência espiritual, transcendental.   
 
Se a Amazônia e sua Green Apple comportassem um Conselho de Administração, na hora indicaria para tomar parte: Steve Jobs, Dalai Lama, Gaudi, Rousseau, Susan Andrews  e Thoreau. Como alguns já morreram acho que não deveríamos perder mais um minuto e criá-lo já. 

Edgar Werblowsky é fundador e diretor presidente da Freeway Brasil . (Parabéns, Edgar!)

12 comentários

Eu gostei muito da Ecoação, eu estava um pouco nervosa antes de fazer rafting, mas me passaram toda a segurança possível, com muita simpatia: https://www.ecoacao.com.br/
Se você quiser ir até uma nascente de águas límpidas para ver a famosa “Areia que canta” fique hospedada no hotel fazenda Areia que Canta, recomendo: https://www.areiaquecanta.com.br/

Fiz alguns posts sobre minha visita a Brotas no meu blog, se quiserem ler mais e ver fotos, visitem: https://impressoes-de-viagens.blogspot.com/search/label/Brotas

Não conheço essa pousada mas sinceramente não recomendo as pousadas rusticas a maioria são velhas. Recomendo a pousada Villa do Conde que fica na principal avenida(centro) e ao lado das agencias de ecoturismo (caso queira algo com boa relação custo-beneficio)
Também fiquei hospedado na Pousada Frangipani com quartos novos e uma varanda com vista espetacular para o cerrado, está localizado na estrada que leva as cachoeiras da cidade.

https://www.villadoconde.com.br/site.htm

https://www.frangipani.com.br/

Já usei a Eco&Ação algumas vezes e são muito profissionais e confiáveis! Mas ligue antes para ver se o rio está cheio, caso contrário você pode perder a viagem. Brotas é um passeio imperdível, e tão perto dos paulistanos…

Recomento a agencia Ecoação, são muito animados e atenciosos além de oferecer uma otima infra-estrutura e segurança. Não irá se arrepender.

https://www.ecoacao.com.br/

    Obrigada Clemilson, vou pesquisar.

    O pessoal esta dizendo que nao esta chovendo na regiao de Brotas e o rio pode estar fraco, serah que isso impede a diversao? 🙂

Oi Riq, Tudo bem? Estou tentando procurar alguma informação sobre rafting em Brotas e não estou conseguindo…
Estou pensando em ir nessa proxima segunda-feira com os amigos (já que estarei em São Carlos) e estou em duvida qual a empresa de rafting é a mais bacana! Será que você poderia subir essa perguntinha lá no perguntodromo 😀
Ja fui para Brotas algumas vezes, mas faz um tempinho, queria as informações mais fresquinhas! Brigaduuuuuu…

    opa…. cheguei beeeeeem atrasada… mas fica pra informação 😛

    Adoro a territorio Selvagem. o atendimento é show e a segurança impecável! Super recomendo.

Grande Edgar. Se todos os operadores do Brasil fossem como ele nosso turismo estaria bem mais que um tiquinho melhor. E se os releases que a gente recebe tivessem esse nível, até o jornalismo de turismo ia melhorar (afinal, mesmo ruins, eles viraram a principal fonte de CTRL+C/CTRL+V de taaanta gente).
Valeu, Riq!

Acho que o enfoque em turismo de aventura que ele reclama no Brasil é ainda um pouco mais fiel a idéia de ecoturismo do que o enfoque em resorts green de luxo que cansei de ver nas revistas americanas…espero que ele consiga puxar essa mudança.

Lucidez aliada a capacidade de ação e ferramentas adequadas de comuniçação é a receita que todo mundo sabe .
MAS .. a dose correta dos ingredientes ( talento – sensibilidade-dedicação – honestidade de propósitos ) com as caracteristicas imprescindíveis : foco, teimosia e obstinação , é que vão levar ao resultado .
Uma vida inteira para aprender a colocar isso em prática 😎

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