Texto de 2009
Eu tinha estado no hotel mais chique da Península de Maraú apenas uma vez, logo na inauguração, uns poucos dias antes do Natal de 2003. Desde então, não tinha mais voltado. Tentei em 2005, mas não consegui agendar. Marquei uma visita em 2006, mas precisei cancelar, por conta da chuva e de um texto atrasado que precisei terminar no quarto da pousada onde estava. Ano passado, durante o rali do litoral para editar o 100 praias que valem a viagem, nem tentei; meu tempo em Barra Grande era tão escasso que preferi dedicar às praias da Ponta do Mutá e de Taipus de Fora, que seriam verbetes no livro.
Daí, mês passado, quando apareceu um convite para integrar um pequeno grupo de jornalistas para visitar o Kiaroa, resolvi aderir. Mesmo que press trips não façamo meu gênero, era uma oportunidade de preencher lacunas importantes aqui dos meus arquivos.
Valeu a pena. Finalmente pude visitar todos os tipos de bangalôs do hotel e ver as mudanças que foram implementadas desde a inauguração.
[Kiaroa, Barra Grande - Maraú (BA)]
Há alguns anos o Kiaroa adotou a denominação "eco-luxury resort". O "luxury" deve-se ao pequeno número de aposentos (28, espalhados por um terreno que comportaria um resortão) -- e especialmente porque metade desses aposentos são bangalôs com piscina privativa ou jacuzzi na varanda. O "eco", além de explicitar práticas ambientais sustentáveis, ajuda a justificar a rusticidade do mobiliário e alguns acabamentos.
Antes de comentar acomodação por acomodação, devo dizer que no geral gostei mais do que esperava. Os donos são presentes e comandam uma equipe antiga e dedicada -- que é o que confere alma a um hotel.
Finalmente entrei num dos bangalôs top (chamados Bali), que eu só conhecia por foto. Mesmo quem está hospedado no hotel (como eu estive, há seis anos) não pesca muito desses bangalôs, que são apenas dois e estão protegidos da curiosidade alheia por um riozinho que impede que se passe em frente. Têm área interna de 95 m2. Na varanda, boa área de sombra e uma piscina bem gostosa. A diária para casal, com café e jantar, custa R$ 2.350 + 15%.
[Vista do bangalô Moorea Master]
Os outros seis bangalôs com piscina são os Moorea, que ficam mais próximos à praia. Na inauguração eram doze, geminados dois a dois -- o que tirava metade da graça da brincadeira. Reformados, ganharam área total de 70 m2, com sala e dois banheiros independentes. Os três da frente têm essa vista aí de cima. Diária para casal, com café e jantar: R$ 1.913 + 15% nos bangalôs da frente (Moorea Master), R$ 1.585 + 15% na segunda fila (Moorea Luxo).
A outra novidade que eu queria visitar era a nova ala de bangalôs Malindi, que fica num ponto recuado do terreno, cercado por mata nativa. São seis bangalôs superespaçosos (95 m2) e jacuzzi no varandão (ou seja, protegida por cobertura mas agradavelmente junto à mata). Na minha opinião, é o melhor custo x benefício do hotel: R$ 1.585 + 15%.
Como da primeira estada, fiquei no predinho de apartamentos. De um modo geral, eu não curto apartamentos em hotéis de bangalôs. É difícil não se sentir hóspede de segunda classe -- sobretudo no Nannai e na Pousada Maravilha, em que do seu quarto você tem vista para os bangalôs. No Kiaroa isso não acontece; e a piscina "social" é tão bacana que você não precisa sentir inveja dos que têm piscina na porta. Ainda assim, acho as acomodações modestas para a diária -- sobretudo para quem já se hospedou em pousadas realmente confortáveis, como as da Rota Ecológica alagoana. Mas se você for hóspede habitual de resortões, vai gostar (e vai sentir o upgrade da baixa densidade demográfica). Diárias para casal com café e jantar, R$ 1.038 + 15%.
[Rack de cordeiro com legumes]
Gostei bastante da comida -- sofisticada, saborosa e bastante bem apresentada. O chef Clayton é nativo, mas aproveitou bastante os anos de aprendizado com Antônio Bispo, com passagem pelo Fasano. O cardápio traz sempre quatro entradas e quatro pratos principais, que mudam todos os dias.
[Sede náutica - ilha de Campinhos]
As outras duas adições importantes foram o spa, que fica atrás de um belo bambuzal, e o centro náutico -- uma base de apoio, na Ilha de Campinhos, para passeios de lancha pela Baía de Camamu. A base fica a 10 minutos de jipe do hotel; não é preciso passar pelo centrinho de Barra Grande.
A praia em frente é totalmente deserta. Na maré alta é preciso tomar cuidado com as que existem bem em frente ao hotel -- o lugar para entrar n'água é logo à direita, onde há um trecho livre de pedras. Se você gostar de caminhar, em 50 minutos chega pela areia à praia de Taipus de Fora. A vila de Barra Grande está a 10 minutos de jipe -- vale para ver o pôr-do-sol do lounge Macunaíma, no centrinho, ou nas barracas da Ponta do Mutá. Quanto aos demais passeios (lagoas, Morro do Celular, trilha das bromélias), recomendo que sejam feitos numa saída só; a estrada da península continua horrorosa, e deve ser enfrentada o mínimo possível.
Como chegar: o Kiaroa tem uma pista de pouso asfaltada nos fundos do hotel, e freta vôos diários desde Salvador (40 min. em teco-teco). Quem reserva sete noites ganha o traslado de cortesia. Se você quer ir de avião a Barra Grande mas não vai ficar no Kiaroa, pode fretar um vôo com a Aerostar ou a Addey e pousar numa das outras duas pistas (de terra) da península. De carro, é preciso ir até Camamu, que fica 140 km ao norte de Ilhéus e 190 km ao sul de Salvador (via Itaparica, com ferry-boat). Em Camamu deixa-se o carro no estacionamento do estaleiro e pega-se uma lancha que em 30 minutos chega ao píer de Barra Grande. (O caminho desde Ilhéus encurtará para 110 km depois que completarem a ligação entre Itacaré e Camamu; o asfalto já está pronto, mas falta construírem a ponte sobre o Rio de Contas.)
Leia também:
37 comentários