A Montanha Chata

Cidade do Cabo: Table Mountain

5 de janeiro de 2005. A Cidade do Cabo está ao pé de uma cordilheira que se estende até o final da península, no Cabo da Boa Esperança propriamente dito. Para quem está na parte central da cidade, a parte visível (e põe visível nisso) dessa serra é a Table Mountain, um maciço tão alto e tão largo que… bem, tão alto e tão largo que me força a reformular a minha primeira frase. Vamos lá. A Cidade do Cabo está não ao pé, mas ao rodapé da Table Mountain, um maciço de topo tão impressionantemente plano que não deve ter sido posto aí só para fins decorativos. Perambular aqui em baixo deve sujeitar a gente a um regime gravitacional diferenciado – para dizer o mínimo.

Ponto, parágrafo.

Eu podia continuar a vida toda tecendo loas à Table Mountain, à maneira dos suplementos de turismo. Mas por ordens do meu editor (eu) e do meu patrocinador (eu, de novo), o objetivo desta reportagem é fazer uma comparação entre as duas cidades imprensadas entre morro e mar dos dois lados do Atlântico Sul. Haverá quesitos em que a Cidade do Cabo vencerá com muitos corpos (ops) de vantagem, mas no capítulo montanhas de estimação, sorry, dá Rio. As montanhas do Rio são mais discretas e conhecem o seu lugar. Quando você consegue vislumbrar o Corcovado por entre os prédios, você tem certeza de que o Cristo está olhando por você naquele instante preciso. Chegar à enseada de Botafogo – ou, melhor ainda, vir do aeroporto pelo aterro do Flamengo – e dar de cara com o Pão de Açúcar é sempre uma experiência estética transcedental.

Já a Table Mountain é exibida demais. Se você está na parte central da cidade, é impossível fugir dela. Na hipótese (remota) de ela não estar diante do seu nariz, é só olhar para o lado ou para trás, e pimba, ela estará lá. Como é que se diz Table Mountain em português? “Montanha da Mesa”? Acho esquisito. Se a Table Mountain ficasse no Rio, já sei como seria chamada: Pedra Chata.

Cidade do Cabo: Table Mountain

Cidade do Cabo: Table Mountain

Cidade do Cabo: Table Mountain

Cidade do Cabo: Table Mountain

Cidade do Cabo: Table Mountain

Cidade do Cabo: Table Mountain

Do outro lado da Table Moutain, no entanto, a coisa muda de figura: uma seqüência de picos conhecidos como os Doze Apóstolos emolduram as praias mais bonitas da península. Como você pode ver na foto ao lado, não dá pra não sentir inveja. Mais um pouco para o sul fica a Chapman´s Peak Drive – a Avenida Niemeyer da Cidade do Cabo; essa sim, humilha e põe a Niemeyer do Rio no chinelo.

Cidade do Cabo: Doze Apóstolos

Mas quer saber no que a Table Mountain ganha do Pão de Açúcar? No bondinho. O da Table Mountain é redondo, e tem uma bossa sensacional: o chão e giratório, e faz um giro completo durante a subida. Ninguém precisa brigar para ir do lado direito ou do lado esquerdo.

Cidade do Cabo: o bondinho da Table MountainCidade do Cabo: o bondinho da Table Mountain

Uma vez lá em cima, no entanto, não há vista para nenhum Corcovado. Só a Cabeça de Leão.

Mas daí, também, já era pedir demais.

Cidade do Cabo: Cabeça de Leão

Cidade do Cabo: vista da Table Mountain

18 comentários

Oi Ricardo, estou indo com uns amigos a Africa do Sul em setembro 2012, e vamos ter dois dias livres na Cidade do Cabo. Você tem alguns links de receptivos/tours por lá? Alguma sugestão?

Abs,
Patrícia

Estou indo para a Africa do Sul agora no começo de março e estou com dificuldade de conseguir boas opções de hoteis bons e não muito caros na Cidade do Cabo. Alguém tem alguma dica boa?
Abraços a todos!
Daniel

Oi, Ricardo,
Tudo bem?
Há muito tempo não entrava no seu Blog, desde uma viagem que fiz entre Maceió e Tamandaré, cujo roteiro eu postei aqui(acho que foi em 2007).
Agora, escrevo para pedir dicas sobre a África do Sul, especificamente Cape Town.
A minha filha está lá, na sua penúltima semana. Ela havia planejado o passeio na Garden Route, mas não deu certo. Então, ela está meio sem saber em que investir….
Pelo o que eu vi, coincidentemente, o pessoal está justamente comentando um relato de uma viagem que vc fez em 2005. Tentei pesquisar, mas não encontrei outras postagem…,ou eu não consegui encontrá-las no Blog?
Você pode me orientar?
Um abraço,
Obrigada pela atenção,
Maira

Um dos meus sonhos de viagem é fazer exatamente como vc fez: Visitar todos os Rios de Janeiro do mundo, isto é, todas as cidades que tem báias famosas, mas incluindo as do hemisfério Norte tb (Vancouver, San Francisco e Hong Kong)…Cidade do Cabo, irmã gêmea do nosso Rio, deve ser maravilhosa…
Aproveitando o ensejo e mudando totalmente de assunto, estou indo pra Santiago do Chile por uma semana daqui há 10 dias…Tem alguma sugestao de roteiro? hotel? restaurantes?
Uma semana é muito pra cidade? Onde vc iria, além de Santiago?

As fotos lindas, mais está longe do meu pais… antes de ir a Cidade do Cabo eu quero conhecer a Patagônia chilena e argentina…

Riq, aproveitando esse delicioso revival sul-africano aqui, eu pergunto: e Johannesburgo? Vale ir sozinha pra la ou eh melhor repensar meus conceitos?

    Nunca estudei muito J’burg, Mari. Mas pelo que leio é um lugar de passagem para safáris e outros pontos da África do Sul. Parece ser uma cidade espalhadona em que você precisa de carro e não pode contar com transporte público ou andar na rua.

    People, eu sempre acompanho o VnV, mas apesar disto eu nunca participei do comentádromo. Como achava que estava meio que passando da hora de participar, vi nesta uma oportunidade.
    Estive em J’burg no ano passado, a trabalho, mas tive alguns dias livres e também, durante a semana, saia todos os dias para jantar.
    Como o Riq falou, o transporte público lá é inexistente. Não se pode contar com ele, e a cidade é realmente espalhada, sendo necessário transporte para tudo. Para a copa do mundo está sendo construído um metro de superfície, mas que não irá atender muito o deslocamento pela cidade, uma vez que ele basicamente ligará o aeroporto ao bairro (muito bacana por sinal) de Sandton. Este trem não irá facilitar muito o deslocamento pela cidade, uma vez que serão poucas as opções de paradas, e muito provavelmente você ficará hospedado em Sandton(99% de chances). Os taxis são poucos, apesar de não serem caros (o pessoal da empresa que estava nos recebendo falavam sempre que nem todos eram confiáveis, mas acho que havia uma certa preocupação exagerada, mas obviamente, é preciso tomar cuidado). Alugar carro, apenas se você aprendeu a dirigir ou está acostumado com a mão inglesa.
    Todos saem para jantar muito cedo (quase que americanamente falando) por causa da segurança e muito dos bons restaurates estão nos shopping (também devido a segurança).
    O safari mais legal por perto para bate-volta é Pilanesberg, mas é preciso sair de madrugada para aproveitar, uma vez que é melhor horário para ver os animais é pela manhã bem cedo (depois de 9 horas eles já começam a recolher por causa do sol forte).
    Mas, devo admitir que comi muitíssimo bem (principalmente para um carnívoro como eu), existem muito bons hotéis na cidade, os carros são muito melhores dos que os nossos brazucas e ainda aprendi muito sobre cidadania (o passeio a Soweto é muito bacana, apesar de algumas vezes estar me sentido um tourista americano na rocinha). Mas com um guia bacana, a história com certeza irá superar este sentimento um tanto antagônico.
    Então era isso, apesar de apenas reforçar a opnião do Riq, espero que possa ter sido pelo menos um pouco útil na primeira participação.

    Obrigado, Fernando!

    O meu comentário era só uma intuição sem nenhum respaldo científico, só antenístico mesmo :mrgreen:

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