Nunca antes na história daquele país foi aprovada uma lei de imigração como esta, promulgada dia 23 de abril pela governadora do Arizona, Jan Brewer. A partir de 21 de julho a polícia do Arizona vai ter poderes para parar qualquer pessoa suspeita na rua e exigir que se identifique e prove que tem permanência legal nos Estados Unidos.
A lei, aprovada para agradar ao eleitor republicano conservador em ano eleitoral, visa (ops) a combater a imigração ilegal, sobretudo do México, que faz fronteira com o Arizona. Na prática, pode afetar a todos os que não aparentem ser americanos natos -- incluindo aí os turistas.
Rotulada de racista e criticada por Barack Obama, a lei está causando o maior rebuliço. Nos meios oficiais, o México fez aquilo que são os Estados Unidos que normalmente fazem: no dia 27 emitiu um "travel alert", um alerta desaconselhando viagens não-essenciais de mexicanos ao Arizona. Ontem, no circo da Unasul, houve a denúncia de que a lei poderia causar violência, relata o Estadão. Na blogosfera de esquerda, a lei está sendo chamada de "o apartheid do Arizona".
A indústria do turismo está preocupadíssima. No início da década de 90, quando a assembléia legislativa do Arizona se recusou a aprovar um feriado em homenagem a Martin Luther King, houve um boicote a grandes eventos, e o estado perdeu 170 convenções em três anos. Agora há quem proponha um boicote turístico ao estado. Michael Bloomberg, o prefeito (independente) de Nova York, emitiu um comunicado oferecendo a cidade para os turistas e investidores que se sintam ofendidos pela lei do Arizona.
Só será possível ter uma idéia do tamanho da chateação quando a lei etrar em vigor, no fim de julho. Aí saberemos se a truculência dos agentes dos aeroportos vai se transferir para as ruas (e para a maior atração do Arizona, o Grand Canyon). Mesmo que os prognósticos mais ranhetas não se confirmem, eu não andaria na rua sem o meu passaporte, com clips marcando a página do visto e do carimbo de entrada.
Foto gentilmente surrupiada daqui.
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