Loja livre (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Duty Free

Qual o destino de viagem preferido do brasileiro no exterior? Orlando, você vai dizer, de supetão. Se conhecer as estatísticas, vai falar Buenos Aires. Dependendo do seu círculo de amizades, talvez arrisque Nova York ou Londres ou Barcelona. Espíritos românticos dirão Paris. Já ouço reclamações vindas aí de trás por eu não ter ainda mencionado Itália ou Portugal.

Se você pensou num desses lugares, lamento: errou. O lugar preferido do brasileiro no exterior é o Free Shop.

Como eu sei disso? Tenho um site sobre viagens. Recebo mais perguntas sobre free shops do que de sobre qualquer atração turística onde quer que seja.

Tome por exemplo Buenos Aires. Por mais que os guias e reportagens descrevam a capital da Argentina como a terra do ojo de bife, do Malbec e do bandoneón, no imaginário brasileiro trata-se do free shop mais próximo de casa.


Há poucos meses pensei que o povo brasileiro fosse pegar em armas para tentar reverter a transferência de inúmeros vôos do aeroporto de Ezeiza (o Cumbica de Buenos Aires, a uma hora de viagem) para o Aeroparque (o Congonhas portenho, do ladinho do centro). Tudo porque o free shop do Aeroparque tem um quinto do tamanho de Ezeiza. Mas desde então tenho percebido um aumento nas viagens a Buenos Aires com conexão em Montevidéu. Imagine: dois free shops numa viagem só! Isso sim são férias.

Tá pensando o quê? Brasileiros trocam acarajés e caipiroskas arretadas no Nordeste por daiquiris aguados e piñas coladas xaroposas no Caribe só pela possibilidade de fazer uma fezinha no free shop.

É fácil entender essa fixação. Somos o povo mais oprimido por impostos do planeta. É maravilhoso poder pisar nesses lugares em que você não paga nada para o governo para se maquiar, se perfurmar, se embebedar ou arranjar um câncer de pulmão. O novo IOF no cartão estragou um pouco a brincadeira, mas nada que viajar com um bolo de dinheiro vivo não resolva.

No free shop tudo é chique. Só tem grife, do chocolate à almofadinha inflável de pescoço. E todo cliente é importante: são lojas freqüentadas apenas por viajantes internacionais!

E qual é o segundo destino de viagem preferidodo brasileiro no exterior? Fácil: é o Outlet.

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87 comentários

Pior que é verdade! Me lembro que quando vc noticiou por aqui a questao do Aeroparque, alguém protestou sobre a M.A.C. !Simbólico!Se alguém buscar o post, vai encontrar o comentário, rsrsrs.

    Acho que esse alguem fui eu…. se não falei, com certeza pensei. A MAC é o meu alvo no freeshop. Fiquei triste qdo soube que o vôo ia para o Aeroparque e não Ezeiza, mas sabe que no final gostei muito do Aeroparque? Fiz uma conexão pra Montevideo e adorei ficar ali, olhando o rio…

Me sinto um outlier 🙁 Já até comprei máquina fotográfica em free-shop, mas “viagem de compras” é algo assim que não existe no meu léxico. Tenho medo de pensar na ideia de organizar uma viagem centrada em compras. No máximo, é mais uma das atividades, rápida e objetiva.

Eu já pensei nisso. E acho também que tem muita loja em NY que se sustenta por causa das brasileiras ávidas por compras. Basta ver um item qualquer aclamado nos blogs brasileiros de moda/beleza que é bem provável que ele esgote no mundo… rsrsrsrs. Não sei se é bem assim, mas juro que tenho essa impressão…
Eu adoro um free shop, confesso. Aguardo muito uma viagem pra comprar coisas que no Brasil são caras demais… rs.

Muito bom!
Eu tenho uma certa implicância com free shop por conta dos pedidos. Basta marcar uma viagem que o povo do trabalho fica pensando…o que vou pedir do free shop!
Na ida é bom, é uma distração até o horário do vôo.
Já presenciei em Buenos Aires uns brasileiros tão loucos com compras no free shop que fiquei com vergonha!

Sou um ponto fora da curva, detesto free shop e nunca fui a um outlet…. Na verdade, sou pouco consumista 🙂

    Elisa, apesar de já ter ido a free-shop e outlets, também me considero uma pessoa pouco consumista. E quando pinta ocasião, sempre prefiro comprar para os outros…nem acho isso vantagem, simplesmente é fato.

Rindo litros, aqui. Principalmente porque eu não entro num free shop pra salvar minha vida. E em outlet, eu entro uma vez por ano, voltando de Nantucket – e ainda assim porque senão a filhota me mata e eu gosto do meu nariz do jeitinho que é…! 😉

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