Marca (minha crônica de hoje no Divirta-se do Estadão)

Vitacoco

Graças ao tsunami financeiro mundial de 2008, à marolinha de Lula e ao belo marketing – não planejado – da marca BRICs (os emergentes da vez: Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil nunca esteve visto tão bem lá fora.

Alguém aí é da época dos tigres asiáticos? Eram os emergentes da década de 90: Coréia do Sul, Hong Kong, Cingapura; sobrava um pouquinho para Tailândia e Indonésia. Doe grupo, só a Coréia vingou como nova potência mundial – e as marcas coreanas, antes vistas como de segundo time, hoje são respeitadas (vide Samsung, LG e Hyundai).


Será que o Brasil vai ter marcas tão fortes quanto as coreanas? Por uma desastrada coincidência, nossas marcas de consumo mais fortes no exterior lembram lugares bem distantes do Brasil.

As sandálias que põem a bandeira do Brasil nos pés de gente descolada da Austrália à Europa remetem ao Havaí. A cerveja brasileira mais exportada leva o nome de um deus do hinduísmo (uma das poucas grandes religiões que não entraram no nosso sincretismo). E o guaraná da Amazônia usa qual acidente geográfico como marca? O Pólo Sul.

Claro que Havaianas, Brahma e Antarctica não tinham a menor noção do seu potencial de mercado mundial quando foram batizadas.

Mas o que dizer da marca Brasil, escolhida por concurso? A marca é bonita, e no entanto se perde num nacionalismo bobo: usa Brasil com “s” em todos os mercados. Para alguém que fale inglês, Brasil com “s” pode ser tão quase desconcertante quanto para nós seria “Deutschland” no lugar de Alemanha.

Vitacoco

Mas por que eu toquei nesse assunto, mesmo? Ah, sim. Esta semana eu estava no refeitório do centro de visitantes da National Geographic no Grand Canyon, quando percebi o início do imperialismo brasileiro: havia água de coco em mini-embalagem tetra-pack! A marca: VitaCoco! Escrito no ladinho: “Born in Brazil”! E com um ótimo slogan: “é como espetar um canudinho num coco”!

Vitacoco

Fui ler melhor a embalagem. O sabor “água de coco com maracujá” (irk) era made in Paraopeba, Ceará. Mas o sabor “natural” (água de coco sem mistura) era produzido nas… Filipinas.

Vitacoco

Isso é que pular etapas. No dia em que quisermos exportar acarajé, provavelmente vão ser fabricados no Benin…

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14 comentários

Que coisa!!!

Em 2000, na Austrália, me perguntaram qual a marca brasileira era mundialmente conhecida? Só lembrei da Petrobras e mesmo assim só conhecia quem gostava de fórmula 1. Na época a Petrobras patrocinava a Willians.

Hoje já temos a Havaianas, Brahma/guaraná (que é meio Belga, não é não?)

E desde sempre os jogadores de futebol e o Paulo Coelho. hehehe!

Em Portobello Rd, em uma das esquinas, tem barraquinha de água de coco, a “Coconut King”. Se não me engano,idéia exportada por um brasileiro londrino.

Essa água de coco não é fabricada em Paraopeba e sim em Paraipaba, minha terrinha (a da praia de Lagoinha-CE)! rsrsrs
😉

Queria lembrar do nosso futebol tipo exportação. Estou na Turquia e fiquei impressionada como os jogadores brasileiros são conhecidos aqui. O nivel de inglês de todos em Istambul é muito fraco mas meu marido estabeleceu uma comunicação incrivel com todos usando Alex de Souza ( brasileiro que joga no Fenerbahçe) como uma das unicas palavras de comunicação. Incrivel!

https://longeeperto.com/2011/05/26/em-istambul-descobrindo-a-lingua-universal-do-futebol/

Abs Carla

“As sandálias que põem a bandeira do Brasil nos pés de gente descolada da Austrália à Europa remetem ao Havaí. A cerveja brasileira mais exportada leva o nome de um deus do hinduísmo (uma das poucas grandes religiões que não entraram no nosso sincretismo). E o guaraná da Amazônia usa qual acidente geográfico como marca? O Pólo Sul.”

Ô, Freire, sou tua fã.

Você sabe que a marca “Brasil” está globalizada quando… uma lanchonete do aeroporto LAX vende uma tijela de “Açaí from Brazil” e sucos com guaraná natural !

    Ia comentar sobre isso… aqui na Australia também é sucesso…
    Açai!!!

Ate que enfim as Filipinas resolveram fazer algo de util com seus cocos! Serio, morei la um ano, eles nao tomavam a agua de coco e nao exploravam o potencial como nos aqui… fiquei numa pousada a beira mar e pedi p cara do hotel pegar coco p mim (do coqueiro), pedi tbem p deixar gelar no freezer do bar, p ele abrir depois, me dar canudinho, e ele ficou me olhando com aquela cara que so os filipinos sabem fazer (tipo, o que sera q ela vai fazer com isso?)… nao cobravam nada!!! Podiam tranquilamente cobrar 1,2,3 dolares pelo coco q qquer turista ia pagar! Uma coisa util q eles fazem com o coco la e que aqui esta comecando é usar a gordura de coco na culinaria… la ao inves do oleo de soja p cozinhar é utilizado amplamente o oleo de coco!

    Schnaider, havia gordura de coco para vender, minha mãe usava para fritar a carne para consomé. Quando esfriava, ficava sólida na superfície e ela retirava com a escumadeira.
    Comprava-se em supermercado, em blocos. Pararam de vender não sei porque.

    É verdade, lembro que, quando eu era criança, minha mãe cozinhava com gordura de côco. Ela vinha numa lata grande, redonda. Acho que se usava gordura de côco no lugar da banha de porco. Acho que minha mãe parou de usar gordura de côco quando surgiu o óleo de soja… mas não tenho certeza, é só um palpite…

Pois é, já estamos globalizados, nossos produtos já são terceirizados. Não sei como essa água de coco não foi feita na China… 😉

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