San Francisco: atravessando a baía para jantar no Chez Panisse

Água com gás fabricada no Chez Panisse

Hoje em dia, em praticamente qualquer lugar do mundo, não é preciso ir longe para comer bem. O padrão médio da gastronomia subiu muitíssimo nas duas últimas décadas. Países tradicionalmente famosos pela má comida (como a Inglaterra e os Estados Unidos) hoje são lugares onde, com um mínimo de informação, se come muitíssimo bem.

Pois saiba que uma das responsáveis por esta revolução mora do outro lado da baía de San Francisco, na cidadezinha universitária de Berkeley. Seu nome é Alice Waters, e seu restaurante, o Chez Panisse.

Chez Panisse, Berkeley

Aberto em 1971, o Chez Panisse desde o início insistia numa cozinha feita com ingredientes produzidos nas redondezas, de origem conhecida, e de preferência obtidos de maneira orgânica. Hoje em dia já há até um nome para isso — é o movimento “locavore” — mas há quatro décadas era apenas uma esquisitice.

Alice Waters contribuiu para a criação do que veio a se chamar “California cuisine”, e que acabou influenciando todos os lugares sem boa tradição culinária. E o mais interessante é que, mesmo sendo uma supercelebridade, ela se manteve fiel a sua ideologia gastronômica: não abriu filiais, não montou franquias, não emprestou seu nome para nenhuma marca de comida pronta ou molho enlatado.

Pelo contrário: uma das últimas de dona Alice foi parar de servir água engarrafada, pelo processo ser claramente não-sustentável. O Chez Panisse filtra sua própria água e gaseifica para quem quer com bolinhas — e oferecendo de graça para os clientes, como é tradição nos Estados Unidos para quem pede água da torneira.

Chez Panisse, Berkeley

O único desdobramento do seu negócio foi transformar o andar de cima do restaurante no Chez Panisse Café, que oferece um menu simplificado e mais em conta — usando, porém, os mesmos ingredientes da cozinha principal.

Além de mais barato, o Café é mais fácil de reservar (ambos estão online no Open Table). A Maryanne (que mora pertinho!) reservou uma mesa para quatro com três dias de antecedência, para as 20h15.

Fomos de BART, o trem metropolitano da região de San Francisco (veja como funciona aqui). Você precisa descer na estação Downtown Berkeley. Lá chegando, ande umas dez quadras (quinze minutos) ao longo da Shattuck Avenue.

[Instruções: ponha o ponto inicial, o destino e a hora da viagem na home do BART e o site informa o trajeto; provavelmente você vá pegar o trem para Pittsburgh/Bay Point e fazer conexão em 19th St. Oakland para a linha Richmond; em alguns horários dá para pegar a linha Richmond já no centro de San Francisco). Conte em levar entre meia hora e 40 minutos. Cada trecho sai US$ 3,65.]

Chegamos atrasados (não tinha entrado no site, então calculei mal o tempo de conexão), mas a Maryanne e o P. já estavam lá para garantir a nossa reserva. (Tirei uma foto deles, mas não ficou boa, então vou ficar devendo…)

Entre as entradas pedidas haviam dois clássicos da casa: a salada com queijo de cabra…

Chez Panisse, Berkeley

… e a pizzeta californiana, de massa levíssima, coberta por ervas locais e queijo pecorino.

Chez Panisse, Berkeley

Nos pratos principais, nos dividimos: dois foram de vôngoles da baía de Tomales assados no forno e servidos com refrescante brodo de erva-doce…

Chez Panisse, Berkeley

… e dois pediram as caramele (uns raviolitos) recheados com ricota, favas e hortelã. Tudo simples e delicioso.

Chez Panisse, Berkeley

De sobremesa, torta de ruibarbo azedinho com zabaione ao Beaumes de Venise…

Chez Panisse, Berkeley

… e singelas îles flottantes.

Chez Panisse, Berkeley

Com uma garrafa de Zinfandel tinto californiano, nossa noitada neste marco da gastronomia saiu… US$ 122 por dupla (já com o serviço, de 17%, previamente incluído). Não tente fazer isso em São Paulo…

Obrigado, Maryanne! Obrigado, P.! E obrigado, Alice 😀  Foi sensacional!

Leia também:

Todas de San Francisco no Viaje  na Viagem

Visite o VnV no FacebookViaje na Viagem
Siga o Ricardo Freire no Twitter@riqfreire

31 comentários

Comandante e bóia, help!!!
Na realidade, quero “cacifar” uma ida para o perguntódromo. Queria saber o que a comunidade pensa de San Francisco no frio. Final de dezembro/início de janeiro. Não estou preocupada com festas de virada do ano, uma vez que o Ricardo Freire já afirmou milhares de vezes que as melhores mesmo são “made in Brasil” (a Maryanne do Hotel California tb já falou sobre o tema).
É que já fui em SF no verão e, apesar de dias de sol, peguei frio e vento. E, frustração total, a Golden Gate completamente encoberta. Queria saber como fica o aspecto da cidade nessa época, se tem boas opções culturais (teatro/shows/ballet/opera), se tem opções esportivas (NBA/NFL/BASEBALL)…
Enfim: como é San Francisco no alto inverno?
Obrigada.

    Olá, Kika! Em San Francisco nunca faz nem muito frio nem muito calor. Vamos pôr a sua pergunta no Perguntódromo.

    Já fui a SF em Dezembro, achei o Frio Normal para os padrões, nem mais nem menos. Achei frio o verão em San Francisco.
    Penei pq fui a Alcatraz dai sim estava muito frio.
    Tive dias bem bonitos, com a Golden Gate bem aberta, mas o clima em SF muda rápidamente.
    Quanto a eventos, acredito, menos na semana Natal-Ano Novo, boa época, com opções geralmente de boas exposições.

    Boa Viagem!!!

    Kika fui p/ SF bem no começo de Janeiro e o tempo estava otimo (maioria dos dias de céu azul, sol) mas frio!! Ja venta bastante normalmente na cidade, no inverno o ventinho era congelante, mas nada que uma jaqueta “corta vento” não salve! So peguei um dia de fogg grande, mas só pela manhã.
    A cidade estava bem cheia, mas o fisherman’s wharf não estava tão vibrante, principalmente a noite (as coisas fecham bem mais cedo do que no verão). Um programa legal de inverno foi patinar na região central…bem legal e bonito! Fiz um relato aqui: https://www.blogvambora.com.br/?p=5443
    Resumindo, a viagem foi otima e recomendo a epoca! 🙂

Só eu achei que a comida é pouquinha? rsrs
Marido e eu com certeza sairiamos desse jantar doidos por um sandubão pra terminar de encher a barriga. [:p]
Mas os pratos são lindos e muitos convidativos.

    A primeira coisa que eu pensei foi: CINCO raviolis? Como assim, meldels?? Não precisa ninguém brigar comigo, meu cérebro é gordinho mesmo. Mas tenho certeza que ia sair insatisfeita desse jantar, ainda mais se tivesse pedido a salada de entrada. Insatisfeita do tipo com fome, não infeliz com a qualidade da comida. Mas estou adorando os posts da california!!

    Agora eu entendi porque um restaurante do Dudu Camargo, aqui em BSB, serve tão pouco: ele deve ter se inspirado nas viagens que fez e deve achar chique servir pequenas porções, o detalhe é que ele cobra CARO. Eu experimentei um almoço, dois bifinhos de filé e contei, pasmem, uma cumbuquinha com seis pennes, isso mesmo, e penne nem recheiro como os raviolitos tem. Sabor até, porém almoçar pagando caro e ficar com fome não é comigo. Atravessei a rua e fui complementar com um sanduba do Girrafas. Eu enviei e-mail e recebi aquela resposta padrão de quem não tá nem ai ou nem leu para saber do que se tratava.

Pelo que tenho notado nessa série de posts a Califórnia sozinha é quase tão ou mais interessante que o resto dos EUA… Já faz tempo que está na minha lista. A única cidade que tenho certo receio de visitar é Los Angeles. Vai sair alguma coisa sobre ela?

    Olá, Érico! Pelo que sei, o Ricardo Freire deve chegar lá hoje 🙂

    Erico, é isso mesmo! Quando comecei meu blog em 2009, minha ideia era essa mesma; mostrar que a California é o melhor lugar dos EUA.

    Acho que cada um acaba gostando do lugar onde mora. Eu morei nos EUA por um tempo no Wyoming. Acho a região das Rochosas o melhor lugar dos EUA e Denver a melhor cidade grande/metrópole americana.

O que justifica o preço tão alto de restaurantes em São Paulo (e também em outras capitais do Brasil)? Muita demanda? Algumas cidades famosas pela comida cara em restaurantes, como em Tóquio e algumas cidades do norte da europa têm um preço alto devido a uma mistura de taxas de governo, custo da mão de obra e dificuldade de conseguir ingredientes frescos (pelo menos creio ser assim).

Nossa Riq, adorei as informacoes sobre a Alice. E as fotos estao lindas, a agua parece que custou $30! Ainda to pensando como vou linkar seus posts no meu blog, ta um mais legal que o outro. Obrigada por todas as citacoes, to super feliz. beijo

A pizza parece deliciosa.. Adorei o “não tente fazer isso em São Paulo”…
O preço dos restaurantes no Brasil estão pela hora da morte.. todo mundo que converso fala isso…

Nem no Rio. Os restaurantes estão cobrando muito e oferecendo pouco. Quero voltar a comer bem por preço justo.

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito