Noronha praticamente duplica os cruzeiros; evite a ilha no verão

Cruzeiro em Noronha - o navio pequeno

Enquanto Machu Picchu limita o número de visitantes por dia, Fernando de Noronha termina de jogar no lixo (a céu aberto) qualquer regra escrita sobre permanência de visitantes.

No papel, há um limite máximo de 450 visitantes por dia — e para que se chegasse a isso, diminuiu-se o número de vôos há alguns anos. Lembram?

Os atuais donos da ilha, porém, resolveram que quem chega pelo mar não conta. A porto-segurização continua a todo vapor. Se antes os navios desembarcavam 700 passageiros de cada vez (uma lotação e meia a mais que o permitido), este ano o novo navio da CVC, o Ocean Dreams, vai levar pelo menos 1.200 passageiros a cada viagem (quase três lotações a mais que o permitido).

E tem mais. Se até ano passado os naviozões ficavam um dia inteiro e uma manhã na ilha, agora vão ficar dois dias inteiros e uma manhã a cada chegada.


Haverá bugues, transporte público (hahahahaha), bicicletas (alguém por favor pense nisso), tartarugas marinhas no Sueste para 1.600 visitantes ao mesmo tempo?

Calma, que não acabou. Se até ano passado os navios apareciam na ilha uma vez por semana, nos meses de novembro e dezembro deste ano os cruzeiros vão dar as caras duas vezes a cada dez dias.

Ou seja: se você passar uma semana em Noronha em dezembro, dividirá a ilha com os navios durante três dias e meio. Metade da sua estada.

(Em janeiro volta a ser um navio por semana.)

Amigos, acredito que isso não tem mais volta. Acho que é daí pra mais.

Se eu fosse você, programava uma visita para Noronha para a baixa estação do ano que vem, antes que resolvam estacionar um navio por aqui mesmo para fazer um bate-volta Recife-Noronha o ano inteiro.

E quando chegarem os jet skis e os quadriciclos na areia, por favor não me contem.

Dias em que Noronha terá 1.600 visitantes ao mesmo tempo:

Outubro: 27, 28 e 29 (quinta a sábado)

Novembro: 1 a 3 (terça a quinta), 6 a 8 (domingo a terça), 11 a 13 (sexta a domingo), 16 a 18 (quarta a sexta), 21 a 23 (segunda a quarta), 26 a 28 (sábado a segunda)

Dezembro: 1 a 3 (quinta a sábado), 6 a 8 (terça a quinta), 11 a 13 (domingo a terça), 16 a 18 (sexta a domingo), 21 a 23 (quarta a sexta), 26 a 28 (segunda a quarta)

Janeiro: 3 a 5, 12 a 14, 19 a 21, 26 a 28 (quinta  a sábado)

Fevereiro: 2 a 4, 16 a 18 (quinta a sábado)

Março: 1 a 3, 8 a 10, 15 a 17 (quinta a sábado)

Leia também:

Diretor da Pullmantur responde: “Não levaremos 1.000 passageiros por navio”

Cruzeiro em Noronha: precisa?

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37 comentários

Estamos aqui de olho …. no que for possivel para manter a preservação e integração social e economica de forma sustentavel vamos estar lutando.Existe pessoas seria e que ama de verdade esse lugar … e essas são os verdadeiros guardiões da “esmeralda do atlantico” ..

Uma pena mesmo! Estive na ilha há cerca de 2 meses e, claro, adorei!! Na época o pessoal local (100% vivendo do turismo) estava bastante otimista em relação à nova administração, esperando melhorias em infra estrutura para o turista, o que viabiliza um trabalho melhor para os prestadores de serviço.

Parece que os novos administradores da ilha devem estar tendo uma outra leitura desta noticia: datas em que a ilha terá um público pagante de 1600 pessoas (e parece que gringo ainda vai pagar dobrado….).

Acho a situação complicada.

A diferenciação entre passageiros que chegam por avião e os que desembarcam em navios já é problemática, criando duas classes distintas de turistas.

No afã de controlar tudo e todos, a administração de Fernando de Noronha acaba se tornando susceptível a interesses diversos. Os problemas já começam com o fato de que o administrador da ilha não é um prefeito eleito, mas um mero “pau-mandado” do governo de Pernambuco. E a administração interefere em detalhes a ponto de “desincentivar” que jovens da ilha se casem com pessoas do continente. Um absurdo que deveria ser combatido pelo Ministério Público. Falta democracia na ilha, deveria ser um município com autoridades eleitas, não com um ditador-da-vez nomeado pelo governo de PE.

No tocante às construções, falta investimento para melhorar a estrutura do arquipélago. Poderiam permitir que investidores privados construíssem o atrasadíssimo dessanilizador. Deveriam criar um sistema de coleta de lixo mais eficiente, e também melhorar o sistema de tratamento de esgoto. Poderiam arrumar recurso para tudo isso se liberalizassem as construções até certo ponto.

Por exemplo, a simples transformação de residências de um andar com quintais amplos em prédios baixos, de 3 andares no máximo, tornaria possível usar muitas outras áreas hoje residenciais para hoteis e pousadas. Para tanto, é preciso abandonar o anacrônico sistema de exigir que um morador seja co-proprietário de pousada. Deveriam licitar autorização para “x” camas em “y” quartos e deixar quem pagar mais, levar a autorização juntamente com permissão para novos “y” empregados-residentes.

Não falo de deixar a ilha com 20 mil habitantes, mas passar dos 3 mil para 5 ou 6 mil permitiria deixar a ilha com mais serviços, e melhor estrutura.

Aí, então, podem regulamentar o acesso tanto marítimo quanto terrestre em condições semelhantes. Como a ilha é muito isolada, poderiam até fazer um projeto para trazer carros elétricos para o local, reduzindo o barulho (a poluição atmosférica causada por 2 centenas de carros em ilha aberta e com vento é irrelevante).

Quanto à taxa de acesso (embora possa ser discutida juridicamente como um impedimento do direito de ir e vir de todos os brasileiros, mas isso não é assunto para esse blog), no mínimo poderiam alterar sua estrutura. Hoje ele privilegia viajantes de 2 ou 3 dias. Se cobrassem um valor fixo para os primeiros 5 dias, e escalonado a partir de então, e se cobrassem por desembarque – independente do meio de hospedagem -, já ajudaria bastante a controlar a “demanda” por cruzeiros.

Seja como for, a ilha tem 16 km². Dá tranquilamente para se receber 5 mil pessoas de uma só vez se houver estrutura para tanto. Eu não sou fã do estilo cruzeirista de viajar vapt-vupt, mas também não sou fão do ecoxiitismo de quem quer deixar a infraestrutura necessariamente ruim (como a turma que queria limitar os ‘alojamentos suntuosos’ na década de 1990 pelo que li) a pretexto de obrigar os turistas a passarem perrengue e, assim, deixar o local como exclusivo de quem não liga para mosquito, marido brigando com a mulher no quarto ao lado do seu, comida de péssima qualidade etc.

Rick,
estive em Noronha em um dos cruzeiros deste ano. A viagem foi interessante porque alguns mitos caíram por terra:
mito 1- Eu achava que não precisava ir porque que já tinha a Rota Ecológica a apenas 100 km de casa. Ledo engano, o visual da ilha é indescritível. Nadar com tubarões não tem preço.
mito 2- Achava que além das praias teria uma vila agradável para o footing. Ledo engano: o centrinho é mixuruca ao extremo.
mito 3- Achava que veria uma cidade comprometida com o meio ambiente. Ledo engano: com aqueles bugues soltando fumaça de gasolina a 5 reais o litro…
mito 4- Achava que ficaria tudo lotado. Sinceramente não percebi ‘muvuquismos’ nas praias com a chegada dos navios. Como os passeios são muito caros e a comida/bebida no navio é ‘de grátis’ muita gente não desembarca para consumir tudo o que pagou.
mito 5- Achava que tudo num cruzeiro era kitsch. Essa eu acertei, mas até o kitsch tem lá seus atrativos…

Contudo, o que eu não vi (e acho que poucos percebem) é o que o Jornal do Commercio daqui de Recife publicou num especial de grande repercussão por aqui, sobre o lado oculto de Noronha (www2.uol.com.br/JC/especial/noronha/), mostrando a grande ilha da fantasia em que foi transformada. E como alguns dos que transitam pelo VnV são frequentadores de Noronha e formadores de opinião (a começar pelo comandante), um pressão sobre a administração da ilha (e também nos principais operadores turísticos – inclusive grandes pousadas) pode fazer algum efeito.

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