10 certezas que o viajante não deve ter

Jabutomada

O diabo está nos detalhes. Muitas vezes você planeja uma viagem perfeita, com todas as minúcias devidas: escolhe hotéis bem-localizados, seleciona vôos que não requerem acordar de madrugada, confere se existem estacionamentos, compra ingressos antecipadamente para as atrações mais concorridas, organiza passeios da maneira mais racional. Na vida real, porém, a sua viagem perfeita pode acabar prejudicada por coisinhas bobas, que você dava como certas e garantidas, mas que não são como você imaginava. Alguns desses detalhes contariam o bom senso, mas já estão totalmente incorporados ao universo das viagens. Preste atenção nesses itens e você evitará algumas dores de cabeça.

Duas horas de antecedência está bom

Só se você for pegar um vôo nacional. Com os aeroportos apinhados e os controles de segurança cada vez mais rígidos, o jeito é apresentar-se o mais cedo possível. Em Guarulhos, à noite, a fila para passar pelo raio-x e pela imigração se alastra saguão afora; você vai perder pelo menos uma hora para simplesmente entrar na área de embarque. Mesmo em vôos nacionais o embarque é complicado – já tem gente perdendo vôo em Congonhas por causa da fila do raio-x. No Brasil, chegue ao aeroporto com pelo menos três horas de antecedência para vôos internacionais e uma hora e meia para voos domésticos. No exterior tente chegar sempre duas horas antes da partida.

Meu passaporte está válido

Está certo disso? O único jeito de ter certeza é decorando a data de validade. Se você não souber isso de cabeça, estará sujeito a descobrir tarde demais que o seu passaporte não serve para a sua próxima viagem. Note que, para muitos países, não basta ter um passaporte válido – é preciso ter um passaporte válido por seis meses para além da data de entrada. Some a isso a dificuldade em agendar a feitura do passaporte no Brasil, e o resultado é que você deve se preocupar em renovar o seu documento uns oito meses antes de expirar.

O limite de bagagem é o mesmo para todos os trechos

Só dá para ter alguma certeza disso quando todos os trechos estão vinculados a uma mesma passagem. Se você comprar os voos separadamente, cada trecho oferecerá o limite de respectiva categoria tarifária. Quando esses trechos separados são comprados na mesma companhia aérea, um funcionário simpático no check-in pode igualar os limites, mas não conte com isso. A informação sobre franquia de bagagem sempre consta do seu bilhete; qualquer dúvida, é só consultar. O blogueiro Rodrigo Purisch tem um artigo recente bastante esclarecedor sobre o assunto em aquelapassagem.com.br.

O quarto vai estar disponível na chegada

Antigamente as diárias começavam ao meio-dia. Hoje o mais comum é que as diárias comecem às 14h – nos Estados Unidos, o padrão é 15h. Só há uma maneira de ter certeza de que você vai conseguir subir para o seu apartamento antes disso: reservando o hotel desde a noite anterior. (Uma extravagância bastante recomendável em caso de vôos noturnos internacionais que cheguem de manhã cedo.) Alguns hotéis, quando têm quartos disponíveis (e arrumados) podem dar uma colher de chá, mas outros são simplesmente inflexíveis. Semana passada, na segunda-feira de manhã, passei três horas no lobby do Blue Tree Premium de Manaus, sem que me deixassem subir – mesmo com o hotel visivelmente vazio, sem nenhum movimento de entrada e saída. Tornar-se membro dos clubes de fidelidade das redes hoteleiras é um meio de conseguir “early check-in” quando possível.


Tem wifi no quarto

Em 2011 é inconcebível que um hotel não tenha internet em todas as suas dependências. No entanto, não confunda “internet no quarto” com “wifi no quarto”. Muitas redes hoteleiras – às vezes por questões técnicas, outras por medida de segurança – perpetuam o antigo sistema de acesso por cabo. Esses hotéis então têm cabos disponíveis para todos os hóspedes, certo? Nem sempre. Não é incomum faltar cabo justo quando você precisa desesperadamente de conexão no quarto. Por isso, vale a pena viajar com um pequeno cabo para internet – ocupa pouco espaço e pode ser muito útil.

O hotel tem adaptador de tomadas

Neste quesito, o melhor é não ter nenhuma expectativa. Alegando que os hóspedes “se esquecem” de devolver, muitos hotéis simplesmente não estocam mais adaptadores. Para piorar, as novas tomadas brasileiras tornaram as coisas ainda mais complicadas: se o seu equipamento for mais novo que o seu hotel (ou o seu hotel for mais novo que o seu equipamento) as chances de incompatibilidade são grandes. É por isso que o gadget mais útil para o viajante brasileiro é um adaptador universal de tomadas. Compre pelo menos dois, o quanto antes (jogue no Google e você chega a uma loja virtual). No caso de aparelhos com tomada nova, é possível que você precise usar um segundo plugue. É muito importante: sem um adaptador, você não consegue recarregar suas baterias nem aqui pertinho na Argentina.

O café da manhã está incluído

Lamento informar, mas é provável que não esteja. Para tornar os preços de suas diárias mais atraentes nos buscadores e agências virtuais, cada vez mais hotéis estão seguindo o padrão americano de cobrar o café da manhã à parte. Atente sempre para este detalhe ao efetuar a reserva; se a descrição do quarto não contiver explicitamente as palavrinhas mágicas “café da manhã incluído”, é porque não está. Caso não esteja, vale a pena gastar meia hora do dia da chegada para explorar as redondezas e ver se há algum lugar interessante para tomar o café. No exterior, um café da manhã de hotel custa entre 20 e 30 dólares; no Brasil pode custar R$ 40 num hotel 5 estrelas. Um maneira de evitar constrangimentos é perguntar o preço do café da manhã ao fazer o check-in.

O restaurante está aberto

Quantas vezes já aconteceu de você voltar a um restaurante na sua cidade e só descobrir na porta que o lugar não abre naquele dia – ou fechou para sempre? Restaurantes não compartilham horários fixos. Podem abrir só para o almoço ou só para o jantar; podem funcionar continuamente ou interromper o serviço entre as duas refeições. No exterior os horários podem ser totalmente diferentes daqueles com que você está acostumado: na Cidade do México os restaurantes só abrem para almoço às 13h30; na Holanda a cozinha dificilmente vai aceitar um pedido feito depois das 21h30. Se você já definiu seu restaurante, não custa (quase) nada ligar para ter certeza de que estará funcionando na hora em que você quer comer. E já que você se deu ao trabalho de ligar… aproveite e faça a sua reserva.

A gorjeta é 10%

Na Europa e na América do Sul, sim. Mas atenção: na Argentina o serviço não vem incluído na conta; é preciso deixar à parte (e a maioria dos restaurates não aceita que isso seja feito no cartão de crédito). Nos Estados Unidos a gorjeta em restaurantes requer uma equação complicada. Os garçons ganham salário simbólico e vivem das “tips”. Uma gorjeta de menos de 15% é recebida como um insulto; só seria admitida se o garçom derrubado comida na sua roupa ou esquecido de atender você. (Há casos de garçons que vão tomar satisfações com os clientes na calçada.) Em Nova York costuma-se dobrar a “sales tax” – o que dá cerca de 17%. A maioria dos americanos deixa 20%. O sistema é complicado: quando paga com cartão de crédito, você precisa acrescentar o valor à mão na hora de assinar.

Roaming internacional está baratinho

É o que dizem as campanhas publicitárias das operadoras de celular. Nenhuma está propriamente mentindo – só que, para aproveitar as condições anunciadas, é preciso que você contrate o plano promocional anunciado. Sem aderir a nenhuma promoção, o seu roaming internacional vai sair uma fortuna. Os melhores planos são os que você contrata antes de viajar. Ao chegar ao exterior você ganha uma última chance, ao ser contactado por SMS. Só use o celular para chamadas de voz se souber exatamente quanto isso vai custar. O jeito mais inteligente de usar o celular no exterior é aproveitar os ambientes wi-fi para fazer ligações pelo Skype; quando o wifi não estiver disponível, comunique-se por torpedo.

Originalmente publicado na minha página Turista Profissional no Estadão.

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88 comentários

Eu sempre preferi comprar um SIM card local quando estive nos EUA e na Europa. Basta ter um aparelho desbloqueado. Sai muito, muito mais barato.

Adaptador é mesmo uma coisa triste. Perdi meia hora no centro de Dublin tentando achar um para aqueles três pinos chatos ingleses.

Mas confesso que continuo tentando o esquema do “early check-in” informal, tipo “oi, cheguei! Já tem quarto vago?”. Em El Calafate deu certo, em Londres não funcionou, vamos ver agora na Cidade do México.

Já quanto a conexões, depois de um episódio no Pan em que precisei fazer SP-Rio de Itapemirim, graças à incompetência da OceanAir, nunca mais achei que chegar a Guarulhos duas horas antes do voo seguinte era suficiente.

Eu já fui abordado por um garçon na calçada. A tip seria USD60,00. O serviço tinha sido péssimo, por isso deliberamos que não pagaríamos. Nem argumentei e paguei a tip. Ficou a lição.

Quanto ao roaming internacional, tô fora. Primeiro porque é caro, segundo porque não quero receber ligações nada-a-ver quanto estou de férias. No máximo coloco em roaming um número que só meus familiares mais próximos têm, alertando para ligar só em emergência. Uso Skype em wifi + Maxiroam. O Maxiroam não é baratíssimo (mais ou menos 50c de euro o minuto), mas é um ótimo complemento ao Skype, pois evita que você fique na mão ou correndo atrás de chip cada vez que muda de país.
Também tenho mil dúvidas quanto às gorjetas. Qual o valor razoável para camareira e entregador? Deve ser um valor fixo ou proporcional ao custo da diária e o grau de “chiqueza” do hotel. Em hotel de luxo, deixamos gorjeta para o concierge? Quanto e como? Esse assunto, para mim, é o mais complicado.

Ligações internacionais?!?!? Prefiro usar os aplicativos Viber, Voxer, Skype, todos via wi-fi e o WhatsApp para mensagens.

Falando em tips, o que os trips diriam ser um bom valor universal para gorjetas de manobristas, mensageiros de hotel, etc?

10 usd tá de bom tamanho? ou isso é muito???

    eu acho muito. mas isso é bem relativo.
    Aliás, acho que isso valeria uma enquete aqui…

    Já ouvi dizer que é bom pagar 2 dólares (ou euros, dependendo de onde você tiver) por mala que o mensageiro levar pro quarto. Eu costumo pagar este valor e nunca levei portada de elevador na cara ou cara-amarrada em troca… rs

    Acho muito. Também costumo pagar 2 euros na Europa. Na verdade, costumamos andar sempre com 3 malas (2 médias e 1 pequena). Pago 5 euros ao todo. Manobrista, lá fora, nunca usei (curioso…mas nunca usei). Acho que pagaria entre 2 e 5 euros; dependeria do nível do restaurante.

    E ae comandante??? Alguma sugestão???

    E as bóias não dizem nada???? Naufragaram???? hehehe

Em relação ao roaming internacional, recebi uma mala direta da TIM com a seguinte oferta: 50 minutos de ligação por 100 Reais. Achei MUITO caro e só recomendo ligar do celular para o Brasil em caso de emergência.

Nas minhas viagens sempre uso a combinação wifi + Skype no smartphone e sai muito barato. E o Skype lançou recentemente o aplicativo Skype Wifi, que permite conexão à internet em mais de 1 milhão de hotspots WiFi em todo o mundo, incluindo hotéis, aeroportos, bares e restaurantes. E quem tem créditos Skype paga apenas o valor da ligação.

O limite de bagagem é o mesmo para todos os trechos
Mesmo 50 kg para o casal ( 25 pra cada ) é muita coisa.
O quarto vai estar disponível na chegada
Certa vez cheguei no HOTEL CONFORT (Rua Vergueiro , 2740, São Paulo ) as 11 da manhã e me cobraram 1 diária a mais. Explorar o turismo tudo bem, mas explorar o turista não dá né ? Nunca mais voltei lá.
Tem wifi no quarto
Levo sempre um cabo para internet na mala. Alguns hotéis ( Ex. Go Inn, Rua Monsenhor Coutinho, 560, Manaus ) chegam a cobrar pelo “uso do cabo”
O hotel tem adaptador de tomadas
Levo sempre um adaptador de tomadas. Acho que o meu dá pra usar até em OVNI.
O café da manhã está incluído
Café da manhã no hotel é sempre mais cômodo.
Roaming internacional
Roaming internacional nunca. Sempre custa uma fortuna. Uso sempre Email, Skype e em ultimo caso torpedo.

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