Estive duas vezes em Los Roques. A primeira foi em 2003 -- quando os únicos brazucas que já tinham ouvido falar no arquipélago eram mergulhadores. (Foi quando tirei a foto da bóia que veio a ser o símbolo da nossa seita.) A segunda vez foi em junho deste ano.
Em termos de ocupação da ilha, não senti grandes mudanças, não. A cidadezinha de Gran Roque não cresceu (até porque não tem pra onde crescer). As construções continuam baixas (o solo não agüentaria prédios) e o visual permanece o mesmo.
O sistema das pousadas -- como já vinha sendo atestado por todos os que comentavam sobre o lugar -- continua aquele que conheci em 2003. A maioria das pousadas inclui na diária o café da manhã, o jantar e um traslado por dia, de lancha rápida, a uma ilhota próxima (Francisquí, Madrizquí ou Crasquí), com um almoço-piquenique acondicionado numa geladeirinha (e serviço de montagem e desmontagem de guarda-sol).
Uma coisa, porém, mudou: a ilha já tem eletricidade suficiente para que as pousadas ofereçam ar condicionado e banho quente. Isso já faz bastante diferença.
--> Não é barato
Para ir a Los Roques você tem que entrar naquele pique de Noronha. Precisa saber que vai pagar caro por acomodações simples. Com a alta do dólar, Los Roques vai parecer até mais caro do que Noronha. Mas leve em conta que as diárias são quase-all-inclusive; seus únicos gastos extras serão com bebidas e eventuais passeios fora das ilhas próximas (recomendo muito Cayo de Agua).
Em termos de infra-estrutura, eu diria que Noronha, a partir do pelotão intermediário, oferece mais conforto e mais espaço do que as pousadas intermediárias (e mesmo as tops) de Los Roques. E nenhuma pousada em Los Roques, nem mesmo a mais cara, sequer chega perto do luxo das pousadas top de Noronha. Em compensação, as pousadas de Los Roques são, no geral, bem mais charmosinhas -- certamente por causa da "colonização" italiana (foram os italianos que descobriram o lugar para o turismo internacional). Outro detalhe pró-Los Roques: a comida também é melhor do que em Noronha.
--> Três categorias
As pousadas em Los Roques podem ser classificadas em três níveis. As hiperbasiquinhas são em conta (tipo 100 dólares o casal) e só oferecem café da manhã. Só vá nessas imbuído de espírito mochileiro. Você vai ter que contratar todos os passeios à parte e levar Cheetos para as ilhotas.
A categoria intermediária é de pousadas que cobram em torno de 230 dólares a diária por casal com pensão completa e um traslado diário a uma ilhota. Essas vão oferecer acomodações básicas mas com algum charme e boa comida.
A categoria top cobra em torno de 400 dólares a diária por casal com pensão completa e um traslado diário a uma ilhota. Os quartos tendem a ser mais espaçosos e bem decorados, e as refeições serão superiores.
Vale cacifar as mais caras? Se você pode, vale. Mas se a diferença de preço entre as intermediárias e as top inviabilizar a sua viagem, então fique numa intermediária sem receio (mas tendo como parâmetro uma pousada básica em Morro de São Paulo, não uma pousada de luxo em Jericoacoara).
--> Minha experiência
Em 2003 fiquei na La Cigala, que na época tinha quartos espartanos. Mas achei a pousada simpática e a comida ótima. Não consegui visitar a pousada desta vez, mas dando uma espiada por fora achei que estava mais bonita. O feedback dos leitores é bom.
Agora em 2011 fui de carona com o Renato Carone da Turnet, que estava terminando de montar sua (interessantíssima) operação de Los Roques.
A estada foi dividida entre duas pousadas, a Acquamarina (uma "intermediária") e a Natura Viva (uma "top").
Achei as áeras sociais da Acquamarina mais bacanas do que o meu quarto, que era um pouco acanhado e lembrava pousadas simples do Nordeste. Mas é a relativa simplicidade das instalações que permite que a pousada cobre menos do que as do nível superior. Uma vantagem da Acquamarina é que o proprietário é também dono da ChapiAir, a mais ponta-firme das cias. aéreas que fazem a ligação entre o arquipélago e o continente. Já fica tudo em casa.
Maior pousada da ilha, a Natura Viva foi construída (naquele 2003 em que estive lá), e não adaptada a partir de casas existentes. É confortável, mas um tiquinho desalmada. A vista do seu terraço, no entanto, é um arraso.
Consegui visitar apenas uma única outra pousada (o tempo era curto, e foi dedicado a fazer todos os passeios). Pois esta pousada eu cacifaria sem pestanejar: a Acuarela. Não chega a ser luxuosa, mas tem charme de sobra. O dono é pintor e expõe seus quadros nas paredes. O chef é excelente.
--> Em resumo
- Não recomendo ficar nas pousadas mais econômicas (até 100 dólares por casal, só com café); o barato pode sair caro
- Se você vai numa intermediária (230 dólares por casal, pensão completa com passeio), tenha em mente que o charme será maior do que o conforto, sobretudo do quarto;
- Caso você possa cacifar uma pousada top (400 dóalres por casal, pensão completa com passeio), tente um lugar nas pousadas de autor, como a Acuarela, a Piano y Papaya ou a Malibu.
Leia também:
Pousadas em Los Roques: os relatos dos leitores
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