Alhambra (minha crônica no Divirta-se do Estadão)
Ilustração | Daniel Kondo
Assim como outras cidades Andaluzia afora, Granada está em obras. A mão de muitas ruas foi invertida; muitas passagens estão interrompidas. Coisas assim fundem a cuca de Cachopa, nossa GPS portuguesa. “Volte para trás assim que for possível” é o bordão da gaja.
Estávamos parados num sinal vermelho numa região nada turística da cidade, quando um motoqueiro encostou ao meu lado e notou que rolava um clima entre Cachopa e nós. Foi logo perguntando: “¿Buscan a la Alhambra?”
Não: a gente já tinha visitado o magnífico complexo de palácios legado pela ocupação moura na Península Ibérica. Nosso objetivo daquele fim de tarde era mais prosaico: achar a T-Lavo, autoproclamada a única lavanderia automática da cidade.
Lavanderias automáticas são o meu segredo de viajar por três meses com uma mala para 15 dias. Na terceira sessão você já fica craque em passar, com a mão mesmo, as camisetas ainda morninhas da secadora.
Algumas voltas mais tarde, Cachopa nos deixou em frente à T-Lavo. Surpresa: à diferença da maioria dessas lavanderias na Europa, havia um funcionário a postos, que se prontificava a tirar a roupa da lavadora e colocar na secadora assim que o ciclo se cumprisse. Não era preciso ficar de plantão.
Tínhamos então uma hora e meia para gastar. E na quadra seguinte achamos, nessa parte totalmente não-turística de Granada, um bar chamado Alhambra, que servia uma cerveja chamada… Alhambra, também.
Os habituês pareciam saídos do núcleo suburbano de um filme do Almodóvar – a única mulher do grupo era um clone da Chus Lampreave, uma velhota que sempre aparece no papel de vizinha. Pedimos duas “cañas” (é cerveja, gente), que vieram acompanhadas de azeitonas e batatas chips. Tapas, lembra? Tradicionalmente são automáticas quando você pede bebida na Andaluzia.
Pedimos a saideira… e com as duas cañas vieram dois montaditos de jamón serrano untados com azeite de oliva. E antes que terminássemos… vieram outros dois. Tivemos que pedir mais duas para acompanhar – com a recomendação expressa de pararem de mandar tapas.
A conta: 10 euros – só um euro mais cara que a lavanderia. E naquela noite Cachopa não precisou nos levar para jantar.
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8 comentários
Foi em Granada que comi as melhores (e mais baratas) tapas da minha viagem pela Espanha (que incluiu Madri, Salamanca, Sevilha e Barcelona). Pedimos uma cerveja e veio um mexilhão gratinado de dar dó – tudo por ridículo EUR 1!!! UM!!!!
Foi lá também que conheci o melhor albergue em que já fiquei. Recomendo o El Granado até para quem não gosta de ficar em albergue! Tudo limpinho, novinho, bonitinho. Os donos são um casal simpaticíssimo – o moço sueco com inglês perfeito e a moça espanhola. Lavavam as roupas dos hóspedes eles mesmos por um preço módico como o da tapa – você entregava a sacola de roupa suja pela manhã e à noite, feito milagre de Natal, suas roupas estavam limpas, cheirosas e perfeitamente DOBRADAS na sua cama (até as meias, minha gente!).
Delícia de cidade, me ganhou.
Um ótima ajuda para as roupas sairem passadas das maquinas de secar,são as folhas de papel ‘mágicas’.
Gosto muito destas
https://snuggle.com/Ultra_Sheets_Blue_Sparkle.aspx
O importante é manter a caixa num zip hermético .
Em viagem basta levar algumas folhas num zip e colocar UMA folha para cada lote de roupas da secadora.
Compre nos super mercados, mercadinhos, drugstore , é facinho de achar no exterior.
Eu gosto viajar com poucas roupas em minhas viagens. Normalmente eu faço lavanderia no hotel, mas às vezes eu tenho lavado em uma lavanderia. Em Puerto Rico eram muito baratos.
Verdade, Ricardo,jejejeje, por vezes, vejo à minha volta personagens do filme Almodavar. Espanha é assim. Almodóvar não mente, pode exagerar, observa muito do que o rodeia. Aqui pode encontrar personagens que lembram filmes dos anos cinquenta e alguns filmes dos anos oitenta …também há personagens que você poderia encontrar nos filmes de Woody Allen (sério e intelectual)
Com certeza de que eu poderia falar com vocês por horas e horas de personagens do filme que você pode encontrar no meu país. Eu realmente gosto observando as pessoas ao meu redor quando viajo ou estou em um bar.
Post engraçado e muito inteligente!!!
A Cerveza Alhambra produzida com a água do degelo da Sierra Nevada, muy preciosa!!
Adorei o nome da gaja!!! Como disse a Merél, só você pra sair com uma dessa! :))
Eu não sei se rio mais da “Cachopa” (só tu, mesmo!) ou do T-Lavo!
Achei especialmente fofo alguém te fazer um sanduíche pra servir junto com a cerveja. Azeitona é só tirar do pote. Mas sanduíche… sanduíche é carinho. É quase uma gorjeta às avessas, dada ao cliente 🙂
eu quase bati o carro uma vez quando a minha Cachopa brasileira disse : ” saia na saida!”
😆 😆 😆