Poderia ter acontecido comigo. No primeiro dos meus dois desembarques agora em junho em Caracas, chegando tarde da noite de Punta Cana, deixei-me levar por um senhor de crachá que veio ao meu encontro logo depois de sair pelo portão. Minha intenção era apenas trocar dinheiro no câmbio negro, algo imperativo num lugar onde a economia funciona de maneira peculiar. Só que o tiozinho me ofereceu também um táxi, e eu estava cansado demais para recusar e ir procurar o guichê do táxi oficial. Aceitei, e passei quinze minutos de pânico até o motorista me depositar, ileso, no hotel ali pertinho onde passaria a noite antes de embarcar para Los Roques.
Pois bem. A Anna, a.k.a. Miss Check-in, não teve a mesma sorte. O senhorzinho de crachá que se pôs no caminho dela e do marido ao desembarcar tarde da noite em Caracas entregou o casal a um bandido disfarçado de taxista. Leia o seu relato e, mais abaixo, veja o único lugar onde deve pegar táxi no aeroporto de Caracas: o guichê do táxi oficial.
Antes, o alerta da Anna:
Retornamos de uma semana em Curaçao e passaríamos apenas uma noite e um dia em Caracas. Cansados e sem entender muito o esquema de táxi do aeroporto, acabamos aceitando o convite de um taxista com credencial que nos recebeu imediatamente na saída da alfândega. Até aí, supúnhamos que apenas o pessoal das cooperativas tivessem acesso ao local onde ele estava.
Um senhor, muito educado e de boa aparência que nos levou até um Meriva Azul Marinho estacionado no embarque. Acomodou nossas malas e quando já íamos saindo com o motorista, ele abruptamente entrou no carro e disse algo como se fosse pegar uma carona. Tentei destravar as portas e já não consegui.
Aí já sabíamos que algo estava errado. Depois de uma hora e meia rodando, já dentro de Caracas, eles anunciaram o assalto. Quando percebemos que se tratava de uma arma falsa, reagimos (Eu e meu namorado somos policias). Meu namorado conseguiu desligar o carro e as portas destravaram, quando então conseguimos abrir os vidros e gritar, pedindo socorro.
Pessoas e carros passaram, mas ninguém ajudou. Quando vimos que o motorista havia conseguido ligar o carro novamente, pulamos do veículo, conseguindo levar duas bolsas que eu trazia como bagagem de mão, por sorte com os passaportes e algum dinheiro.
Perdemos todas nossas malas. Todas as fotos de Curaçao, todos nossos pertences pessoais, mas ficamos, fisicamente ilesos. O que mais doeu foi o descado tanto das população, que sequer chamaram a policia diante da cena, como da própria polícia, que só aceitou fazer um Boletim de Ocorrência depois de muita insistência nossa, alegando que não tinham atribuição para “este caso”.
Após tudo isso, tomamos conhecimento que toda semana há brasileiros sendo assaltados e seqüestrados. Que meu relato sirva de alerta para quem estiver indo para Caracas. Para quem não conhece bem o aeroporto, os táxis credenciados não ficam tão a vista e você é engolido pelos caras das cooperativas, que também não oferecem muita segurança.
No Consulado, que nos deu todo apoio, ouvimos a seguinte frase: "Em Caracas nada é 100% seguro". Há uma semana um brasileiro foi seqüestrado no mesmo esquema de táxi do aeroporto e ficou por horas rodando pela cidade, sendo obrigado a sacar dinheiro em caixas eletrônicos.
CARACAS REQUER TODA CAUTELA. Não desejo que ninguém passe pelo o que passamos. Credenciais falsas e livre entrada em áreas de acesso restrito do aeroporto fazem parte do que eles chamam de mafia do Aeroporto, onde taxistas e bandidos negociam a abordagem a turistas. DENUNCIAR o que está acontecendo parece ser a única forma de trazer alguma solução.
Anna, lamento demais o ocorrido, e agradeço muitíssimo pelo seu relato.
Ficam as dicas para quem vai a Caracas:
1) O ideal é sempre marcar um trânsfer para sair do aeroporto. Ter alguém com uma plaquinha com o seu nome escrito esperando você em Maiquetía não tem preço. Pague o que cobrarem, vale a pena, mesmo que seja em dólar. Troque dinheiro fora do aeroporto, vai ser bem menos estressante.
2) Se não chegar com esquema de trânsfer, use os senhorzinhos de crachá apenas para trocar dinheiro. Recuse toda oferta de táxi. Dirija-se ao guichê do táxi oficial, que fica numa saída central do saguão, ligeiramente à esquerda do desembarque. Esta é a cara do guichê:
3) Na cidade, peça para o hotel e restaurante chamarem táxis. Ou pegue em guichês de táxis de shoppings.
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