Feice (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Ilustração: Daniel Kondo

Ilustração | Daniel Kondo

Se você foi uma das noventa e duas pessoas que eu aceitei anteontem no meu Facebook, desculpe a demora. Não, eu não fiquei meses olhando para o seu nome todos os dias para decidir se adicionava ou não. O que aconteceu é que eu fiquei meses sem entrar no Facebook.

A essa altura eu devo ser o único brasileiro com acesso à internet que não sabe brincar de Feice. Toda vez que eu me dou conta de que passei meses sem entrar – e eu sempre passo meses sem entrar – eu me proponho a mudar. Afinal, só ET não está no FB.

Há uns dois anos, no auge do meu entusiasmo pelo Twitter, escrevi: “Ou bem você tuíta, ou bem você feicebuca”. As duas redes sociais seriam incompatíveis. Na época, recebi inúmeros apoios de tuiteiros avessos ao FB. “É isso mesmo!” Pois muito bem. Onde estão essas pessoas hoje? Hmpf: feicebucando como se não houvesse conexão amanhã.

O pior é que, para não pegar mal, eu vou aceitando todas as solicitações de amizade – só para depois fazer uma desfeita infinitamente maior: não ler as mensagens que os amigos deixam. Ano passado me esqueci de dar uma passadinha até no dia do meu aniversário, para agradecer os cumprimentos. Mal educado no último! Cogitei facebookcídio.

Anteontem encontrei no meu mural centenas de mensagens à espera de resposta – inúmeros pedidos de dicas urgentes de viagem, alguns olás de amigos de encarnações passadas, duas propostas comerciais e o convite para a festa de aniversário do André Laurentino. Ano que vem eu vou, Dedé – só me manda um email, pufavô!

Mas tem uma coisa que me incomoda ainda mais do que essa segunda caixa postal virtual: a sensação de cidadezinha do interior online, em que todo mundo está na janela controlando a vida dos outros nos mínimos detalhes.

No fundo eu sei que essa minha implicância passaria se eu me dedicasse só um pouquinho a entender a coisa. Muito mais inteligente do que não usar é usar com moderação. Sei que, de longe, eu sou o maior prejudicado por não estar de verdade no Facebook.

OK, vou tentar. Mas enquanto eu não aprendo a feicebucar, posso ficar mais um pouquinho no play do Instagram? Valeu, obrigado.

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57 comentários

O Facebook melhorou bastante, pois agora ele permite simplesmente ignorar os Wall Posts de quem quer que seja. E com um pouco de paciencia pra configurar a primeira vez (15 minutos), vc pode criar grupos com configuracoes de privacidade distintas.

E’ isso o que eu faco: tenho um group soh para os “conhecidos”, com acesso minimo aos meus dados, mas cujos pedidos de “add friend” podem ser aceitos sem celeumas.

Seu blog é um dos meus preferidos @riqfreire, tem textos ótimos, dicas essenciais e (coisa maravilhosa) bons comentários. Desisti de ler comentários em outras publicações, mas aqui adoro. Gente informada e educada!!

Para mim, Twitter é utilidade pública e o Facebook, como bem disse o Riq, uma pracinha de cidade do interior. Uso os dois: o twitter como fonte de informação mesmo e o facebook como espantador de tédio. Difícil, no facebook, é não aceitar a tia, as primas, o namorado da filha.

Não sou muito adepta do Facebook, mesmo tendo uma vida virtual 😀 Gostei bastante que comecei a usar os grupos. Eles são legais, uma boa forma de conversar com mais pessoas.
Mas continuo limitando o FB a minha vida virtual, não aceitei nenhum desses amigos de infância, família, etc.
Várias vezes me sinto meio ET, um monte de coisa acontece no FB e eu nem sei.

Eu também sou ET. Não tenho nem twitter nem facebook. A analogia com cidade do interior foi muito boa, é bem isso que eu sinto. Se as pessoas quiserem falar comigo, podem usar o e-mail ou telefone. Já acho trabalhoso administrar a minha vida de verdade, não sobra muito tempo para administrar ainda uma vida virtual.

    Apoiada…sou uma ET também.
    Não tenho nada contra quem esta 100% conectado, mas não suporto a cara que me fazem quando digo que não tenho FB, orkut, Twitter e o escambau…

Essas 3 semanas que passei em países sem internet (ou sem Facebook e Twitter) me fizeram um bem enorme. Eu já achava o FB um pé no saco e voltei achando mais ainda. Reduzi minhas participações ao mínimo. Mas não vou fazer Facebookcídio porque hoje é lá que as pessoas te enviam mensagens. Poucos amigos ainda usam e-mail. É tudo no FB.

Riq,

tenho constantes discussões sobre aceitar todos os pedidos ou não, eu pessoalmente me sinto muito desconfortável de dizer para alguém que não quero a amizade oferecida.

Abs

    Ah, sim. Tem esse ponto também. Ando meio cabreiro com os pedidos de amizade de gente que não conheço. Mas deixo passar alguns, porque eu também já fiz dessas coisas antes de perceber que não era legal. =/

    E quando você não liga da pessoa te acompanhar pelo Face. Mas fica com preguiça de acompanhá-la (excesso de mensagens de auto-ajuda, religião…)?

    Antes eu excluía. Até eu descobrir que você simplesmente cancelar a assinatura.

    Uma dica para o Ricardo Freire é criar uma página que aceite assinaturas.

    ; )

Facebook é para encontrar os amigos que se tornaram estranhos. Twitter é para encontrar os estranhos que poderiam ser amigos.

Li isso uma vez não sei onde e achei que fazia sentido… 😉

ET e eu…

    Olha outra ET aqui. Não tenho facebook nem twitter. Às vezes, penso que sou uma “antissocial virtual”, mas não me importo porque o tempo que eu “gastaria” nessas redes sociais eu utilizo em coisas mais relevantes, pelo menos para mim.
    E essa definição “ET”, atribuída a quem não está nessas redes é bem apropriada para os dias atuais! É exatamente como me sinto quando me pedem meu facebook e/ou meu twitter e eu respondo que não tenho!!! Quem sabe um dia eu entre nessas redes…

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