Igreja de São Francisco, Cidade de Goiás
Os habituês hão de lembrar: no finzinho de agosto eu estava em Goiânia embarcando num ônibus para Pirenópolis, quando surrupiaram minha mochila (e a do Nick) de dentro do ônibus. Lá se foram um computador, minha câmera, um iPad e as memórias externas com todas as fotos que eu tinha tirado com a câmera em Caldas Novas, Goiânia e Cidade de Goiás. Só sobraram as que estavam no iPhone.
Naquele momento fiquei abaladão, mas voltei a São Paulo, recompus o equipamento e voltei pra estrada.
Nada me fazia, no entanto, superar a perda das fotos que tinha tirado na Villa Bôa de Goyaz (os vilaboenses vetam terminantemente a designação "Goiás Velho").
Tinha ficado apaixonado pela cidade.
Pra começar, porque me pareceu uma cidade histórica nada turística.
Pelo menos durante a semana, quando há poucos forasteiros, dá pra se sentir numa cidade que vive a sua vidinha normal.
Pousadas e lojinhas de artesanato e souvenir são poucas e esparramadas.
Está quase tudo pintadinho e arrumado, mas não fica a sensação de que está assim para os forasteiros verem. Está na cara que a cidade é orgulhosíssima de seu passado.
Mas o que tinha me marcado não era o casario colonial, que tende a ser muito parecido em qualquer cidade histórica portuguesa no Brasil.
O que estava registrado na minha memória -- e nos HDs que o ladrão levou -- eram as fachadas das casas do início do século 20.
Construídas num tempo em que não havia mais ouro e a cidade já estava em decadência, prestes a perder o status de capital para a planejada Goiânia.
Rebuscadas, decoradas ora com arabescos, ora com elementos déco (e muitas vezes com os dois misturados), essas casas formam um conjunto que me pareceu excepcional.
Esse quiosque aí do alto é ou não é meio Gaudí?
Veja bem. Sou café-com-leite em História e estou só começando meu giro pelo interior. Talvez o estilo seja comum por aí. Mas foi a primeira vez que notei.
Daí que não tinha jeito: eu sabia que precisaria voltar.
Foi então que bolei um pit stop numa longuíssima viagem entre Pirenópolis (outra gracinha) e Caldas Novas (onde também estou voltando para refazer fotos), só para fotografar minhas fachadas favoritas.
Não é um caminho fácil -- a estrada que o Google Maps indica (a BR 070) não está asfaltada; é preciso fazer um desvio por Jaraguá, Itaguaru e Itaguari (o trecho Itaguaru-Itaguari é certamente um dos mais engraçados que já fiz na vida).
180 km e três horas depois de sair de Piri, Goiás me recebeu com um sol de fritar miolos e velar fotos. Mas eu só tinha aquele momento mesmo, então fornique-se. Vamos nessa.
Diz pro titio Riq: NÃO É UM TESOURO?
Agora imagine com um fotógrafo de verdade e com uma luz boa...
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