Terminou sexta-feira passada o prazo de entrega ao governo português de propostas para a compra da TAP, que está em processo de privatização, assim como os aeroportos nacionais.
O único a apresentar uma proposta pela aérea portuguesa foi Germán Efromovich, que tem tripla cidadania (brasileira, colombiana e polonesa) e é o principal acionista do consórcio AviancaTaca, controlador de cias. aéreas colombianas, centro-americanas e peruanas (a Avianca brasileira, antiga OceanAir, que também pertence a Efromovich, não faz parte formalmente da holding).
Para preencher os requisitos para a compra, Efromovich precisou requerer cidadania polonesa, já que ,pelas regras da União Européia, um extra-comunitário não poderia possuir mais do que 49% de participação numa cia. aérea. É um caso parecido com o de David Neelman, que conseguiu fundar a Azul no Brasil por ter cidadania brasileira (nasceu em Pernambuco, quando seu pai era missionário), mas não pôde envolver sua outra cia. aérea, a americana JetBlue, formalmente na cia.
A oferta de Germán Efromovich ficou bastante abaixo do que as autoridades esperavam. Se aprovada a proposta, o empresário brasileiro vai levar a TAP por apenas 20 milhões de euros -- mas com uma proposta de investimento de 300 milhões de euros na cia., cuja dívida ultrapassa 1 bilhão de euros (e é do que o governo português quer se livrar).
O valor oferecido foi bastante criticado pela oposição e pela imprensa. A decisão sobre aceitar ou não a proposta de Efromovich deve sair na reunião do Conselho de Ministros do dia 20 de dezembro.
No que os brasileiros seriam afetados se a TAP fosse para a órbita da AviancaTaca?
Em princípio seria um bom desfecho para o nós, já que continuaríamos como mercado prioritário para a empresa. A TAP foi a pioneira na descentralização dos vôos internacionais, com rotas diretas a Lisboa desde nove cidades brasileiras; é de nosso interesse que o próximo dono mantenha os destinos servidos.
No plano latino-americano, é bom para o mercado que o grupo LATAM, formado pela fusão entre Lan e TAM, tenha um concorrente à altura (apesar de não estar claro se seria juridicamente possível uma integração maior entre a TAP e a AviancaTaca, devido à regulamentação européia).
Finalmente, talvez não seja uma boa notícia para os clientes Fidelidade TAM. Mesmo com a permanência dessa nova TAP na Star Alliance, os clientes TAM poderiam perder o direito de acumular milhas e emitir passagens na nova companhia, já que a justiça chilena, ao aprovar a fusão entre Lan e TAM, proibiu qualquer sinergia com Taca e Avianca (é por isso que clientes TAM não pontuam nessas cias. -- e de quebra nem na Copa --, mesmo pertencendo à Star Alliance). Nesse caso, será necessário ver como a justiça chilena interpretará a composição acionária dessa eventual TAP "colombiana".
Respostas a partir do dia 20... (até lá, um bom perfil no Twitter a seguir é o @TAPnews, que não é oficial da cia.)
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