A mulher viajante

Festa de Iemanjá em Salvador, 2 de fevereiro de 2013

Pela data de hoje, o Dia Internacional da Mulher, o Riq me pediu para escrever um post que falasse sobre viagens para mulheres. Pensei cá com os meus botões: será que isso existe? As mulheres que conheço não parecem planejar viagens diferentes das viagens que fazem os homens. As curiosidades e os desejos são iguais. Talvez nossas malas sejam um pouco maiores, só.

Ser um turista homem e ser uma turista mulher, aí sim é diferente. Principalmente quando estamos sozinhas. Sem precisar ir tão longe — ao Oriente Médio, por exemplo –, experimentamos algumas situações que só as mulheres viajantes passam.

Lembro de algumas histórias. De férias no sul da Bahia, fui tratada com dó. Viajei em modo solo de propósito, querendo descanso. O recepcionista do hotel em Arraial d’Ajuda, aflitíssimo por eu estar sozinha, não sossegou enquanto não arranjou alguém para me apresentar. “Mariana, essa é a fulana de tal, que chegou hoje! Ela também está aqui sem ninguém! Olha, vocês podem ser amigas”. Cumprimentei e fugi. O garçom de um restaurante, que também ficou morrendo de pena de mim por eu estar sem companhia, começou a falar comigo como se eu fosse criança. Trouxe o jantar cantando “Tá na ho-ra da me-ren-da!”. Ele foi até fofo, mas… oi?!

Em Punta Cana, a trabalho, a situação complicou. Nos resorts, os garçons, bartenders, vendedores de passeio não têm respeito algum por mulheres sozinhas. No primeiro dia de viagem receber uma cantada é algo engraçado, mas no segundo, no terceiro, no décimo é menos lisonjeiro e mais constrangedor. Não fui tratada de forma rude, exatamente, mas prefiro que um garçom me pergunte se quero queijo ralado em vez de perguntar se posso dar um beijo nele mais tarde.

Percalços à parte, tenho um orgulho tremendo de ser a primeira mulher da minha família a viajar por aí desacompanhada. Que fiquem de vez para trás os tempos em que dependíamos de mais alguém para sair de casa. De malas de rodinha em mãos, estamos prontas para ver o mundo — sozinhas, se quisermos. Nós podemos.

Por falar em mala, chegando em um albergue em Miami cheio de escadas, um amigo se virou pra mim: “Mariana, quer ajuda?”, “Não, tá tudo bem!”, “Mariana, deixa eu levar pra você”, “Não precisa”, “Mariana, pára de dar uma de Malu Mulher e me passa essa mala”.

Aí eu aceitei, né.

Feliz Dia Internacional da Mulher pra gente.

Siga o Viaje na Viagem no Twitter@viajenaviagem

Siga o Ricardo Freire no Twitter@riqfreire

Visite o VnV no FacebookViaje na Viagem

Assine o Viaje na Viagem por emailVnV por email


76 comentários

Eu nao nasci para viajar sozinha, fiz uma viagem a Bonito sozinha anos atras e me senti muito so’ mesmo tendo feitos amigos durante a viagem. Aplausos para quem gosta.

    Viajo muito sozinha, mas por falta de opção. Estou faz tempo sem namorado. Salvo um ou outro caso (viagens a trabalho, gente que se separa do companheiro apenas para um ou outro passeio específico, mas no fim do dia se encontra), a grande maioria das meninas que encontro sozinhas por aí são como eu: encalhadas. Sei que vou apanhar aqui, mas é o que sinceramente percebo. Se elas (e eu), tivessem um namorado/marido/ficante/rolo para viajar junto, acordar ao lado e dividir o vinho do jantar, provavelmente prefeririam.

    Oi, Cyntia!
    E Tao chato ter que reconhecer que me identifico com o seu comentario!
    Torcer para as nossas proximas viagens sejam bem bananas, divertidas e super bem acompanhadas!

    Oi, Cynthia,
    Desculpe, mas discordo de você. Agora que estou sem namorado eu viajo muito mais e melhor!(Meu último ex odiava viajar, tudo pra ele era “caro”, era um verdadeiro mala sem alça, tudo o que eu NÃO quero numa viagem). E ao contrário do que você diz, as mulheres que conheci viajando sozinhas o faziam por opção, algumas até eram casadas, mas nem por isso deixaram de viajar. Viajar acompanhada também é bom, mas numa viagem o bom e velho ditado “antes só do que mal acompanhado” faz ainda mais sentido. E não é um namorado, marido, ficante que vai tornar minha viagem mais divertida ou agradável, muito antes pelo contrário. Conheci tantas pessoas interessantes viajando sozinha, que se tivesse com alguém teria passado batido, pois os casais costumam se fechar. Mas gosto é gosto!

    Cynthia, também adoro viajar acompanhada e, sendo bem sincera, acho que certas viagens/destinos são mais apropriados quando se está acompanhado, algumas no esquema de casal e outras, de amigos. Já que você diz que viaja só ‘por falta de opção’, vê se dá pra ‘se influenciar’ pelo texto e pelos comentários, pra, na próxima, conseguir curtir o lugar e a sua própria companhia! Boa sorte!

Viajo maior parte do tempo sozinha e as vezes é tão complicado por causa do preconceito que em NY por exemplo deixei claro que meus amigos estavam no hotel descansando … Mentirinha pra me proteger claro.
Já fui sozinha para B.Aires,NY,Montevidéu, passei um reveillon incrível em Punta del Este, Chapada dos Veadeiros (de carro) pois moro no DF e esse ano passei um reveillon excepcional em Vegas . Realmente viajar sozinha é o que há de melhor pq para nós mulheres quando retornamos voltamos com uma sensação de poder e segurança que não há marido,namorado , amigos , compras que nos proporcione algo parecido.

Muito bom, Mariana!
Não viajo sozinha mas viajo com outra “menina”. Aí é quase a mesma coisa, com uma dose de constrangimento a mais. Na Tailândia tive que ouvir: “por que vcs não vieram com os seus maridos?” Vou responder o que, hein? Tem horas que só rindo mesmo…

“Que fiquem de vez para trás os tempos em que dependíamos de mais alguém para sair de casa. De malas de rodinha em mãos, estamos prontas para ver o mundo — sozinhas, se quisermos. Nós podemos.”

Yes, we can! Gosto de viajar sozinha, e como algumas disseram aqui, até as pessoas de mente mais aberta ainda estranham.
Também já tive problemas com garçom (no México), o cara queria marcar encontro e tudo. É como o Hugo falou, nossa educação é vista como cantada ou como uma abertura, e o fato de estarmos sozinhas aumenta essa falsa impressão. Isso é algo que eu considero bastante desagradável em viajar só. Mas não dispenso uma ajudinha na hora de carregar a mala, não; aliás, aprecio uma gentileza, é algo raro hoje em dia, e é uma coisa que ainda me surpreende positivamente. E quando se está sozinha e cansada, uma atitude gentil é como um bálsamo.

Muito legal o post. Me fez lembrar de uma das primeiras viagens solo da minha vida. Moleca ainda, fui a Santiago para uma reunião de trabalho. Naquele tempo, a viagem era longa, o embarque em Viracopos, um transtorno e tanto. Lá chegando, bem tarde da noite, tomei um táxi para o hotel. O taxista nem me deu boa noite e já perguntou pelo meu marido. Quando disse que estava só, me convidou ¨a bailar¨. Foi um baile para me livrar dele! Chegando no hotel, tudo que eu queria era um vinho e um banho. No quarto, pedi o vinho e, quando o moço veio entregá-lo, olhou pelo quarto todo e me perguntou: estas sola? Diante do meu sim, ele balançou a cabeça e falou: entonces, va te emborraschaste.
Só rindo mesmo.

“Deixo que eu carrego” Resposta automática: Muito obrigada! Ser mulher tem que ter alguma regalia de vez em quando né?

Nunca viajei sozinha. Mas tive uma experiência quase solo ao acompanhar meu marido numa viagem de trabalho ate a Escócia. Fiquei 10 dias, das 9 as 17 horas percorrendo todos os pontos turísticos sozinhas. E embora ame a companhia dele, foi bacana me sentir mais independente e responsável pelo meu próprio rumo.

Post fofo, Mariana! Gostei mesmo!

Bjks

    Até agora as minhas experiências também foram, no máximo, quase-solos, rs. Faço todos os passeios sozinha tranquilamente sendo que, de único pontos negativos, só mesmo as auto-fotos 😉
    Ainda fico mais feliz de encontrar alguém no fim do dia pra conversar e contar sobre o que fiz. Mas em boto o pé na estrada por conta própria e vamos ver como será…

    Acho que a sociedade em geral ainda tem resquícios da mentalidade antiga em relação à mulher, que acaba gerando mesmo um pouco de preconceito com a nossa independência. E, mesmo os mais abertos, é engraçado como, ainda assim, ficam meio surpresos e sem saber como reagir.

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito