TAM: como a mudança de aliança e resgate de milhas afetam você

Fidelidade TAM

Quinta-feira passada a TAM finalmente anunciou o que se esperava desde a associação à LAN para formar a LATAM: em 2014 sairá da Star Alliance e ingressará na oneworld, a aliança à qual pertence a LAN.

Uma semana antes — e por causa das minhas andanças eu não tinha nem registrado — a cia. tinha anunciado mudanças importantes nas regras do programa de milhagem Multiplus Fidelidade, que entram em vigor agora em 1º de julho (e, na minha opinião, causam um impacto muito maior do que a mudança de aliança).

A seguir, o que eu penso das duas notícias e como impactam os clientes TAM.

–> Da Star Alliance para a oneworld: qual a diferença?

A saída da Star Alliance, apesar de esperada, é motivo de consternação para grande parte dos clientes Fidelidade. Os brasileiros se acostumaram com a Star desde a época da Varig: esta foi a aliança que nos ensinou a usar as alianças. Com o tempo, a Star se tornou a aliança com o maior número de cias. aéreas associadas mundo afora. O vínculo do passageiro brasileiro com a aliança também foi reforçado com a migração de muitas contas Smiles, durante o ocaso da Varig, para o programa Victoria da TAP (a cia. portuguesa fez promoções agressivas, dobrando as milhas dos clientes Smiles que migrassem).

Por outro lado, a situação da TAM na Star Alliance estava anômala, já que, por determinação da Justiça chilena, as cias. aéreas do grupo LATAM não poderiam ter nenhum tipo de sinergia com grandes concorrentes sul-americanas, como AviancaTACA. Com isso, cias. que entraram recentemente na Star, como a AviancaTACA e a Copa — três cias. com atuação crescente no Brasil — não permitiam pontuação nem resgate para clientes TAM. Era uma situação bem esquisita.

A data exata da saída da TAM da Star Alliance deve ser anunciada no fim deste ano. Até que a saída ocorra (provavelmente, o fim do segundo trimestre de 2014), os clientes Multiplus Fidelidade continuam acumulando milhas e emitindo passagens nas cias. parceiras da Star Alliance exatamente como vinha sendo feito.

As milhas não usadas até a mudança permanecerão com a mesmíssima validade que tinham, mas só poderão ser usadas nas cias. associadas à oneworld. Que são: American, British Airways, Cathay Pacific, Finnair, Iberia, JAL, LAN, Malaysia, Qantas, Royal Jordanian e S7. A Srilankan e a Qatar estão em processo de admissão. É um time respeitável; American, Iberia, British, Lan e Qatar voam ao Brasil. A Qantas leva à Austrália a partir de Buenos AiresSantiago. Para o cliente Fidelidade, vai funcionar assim: o que antes ele pensava em fazer com TAP, Lufthansa ou United, vai passar a fazer com Iberia, British ou American.

Quem sai perdendo mesmo são os clientes brasileiros de outras cias. associadas à Star Alliance, como TAP e United. A partir da entrada da TAM na oneworld, esses clientes perdem a possibilidade de emitir passagens domésticas com milhas no Brasil, por falta de uma cia. brasileira associada.

–> Mudança de regras do Fidelidade: acabaram as mamatas domésticas

Sempre que mexem nas regras dos programas de fidelidade, é preciso relembrar: os regulamentos não são imexíveis e já mudaram muito ao longo do tempo. E sempre piorando para o lado do consumidor. (Por exemplo: na década de 90 eu comprava passagem internacional econômica descontada, tanto no Smiles da Varig quanto no AAdvantage da American, dava 12.500 milhas por trecho e ia e voltava de executiva pra onde quisesse.)

Quando a TAM se associou à LAN, eu logo imaginei que estava com os dias contados a grande mamata do programa Fidelidade, que era a concessão de assentos-prêmio em vôos nacionais por 10.000 milhas (em vôos sul-americanos por 15.000), com até uma semana de antecedência, sempre que houvesse algum lugar disponível no avião. Em teoria, todos os assentos de qualquer vôo nacional ou sul-americano da TAM poderiam ser trocados por milhas na tabela básica de pontuação, bastando que fossem resgatados com até uma semana de antecedência. Essa característica era especialmente genial quando usada para vôos em datas caras, como feriados e semanas mais quentes de férias. Todos os anos eu “comprava” minhas passagens para o Réveillon em Alagoas por 10.000 pontos a perna, em vôos que custavam R$ 1.200, R$ 1.400 na época do resgate. Foi excelente enquanto durou, mas eu sabia que essa mamata ia acabar.

(Pouca gente se dava conta disso, porque todo mundo vive obcecado com uso de milhas para passagens internacionais. Eu só uso as minhas milhas, tanto no Fidelidade quanto no Smiles, para passagens nacionais, e faço minhas milhas renderem muuuuuito mais.)

A partir de 1º de junho, porém, babau. A TAM passa a cobrar milhas variáveis pelos assentos. Quanto mais perto da data, mais caro custará (a não ser que o vôo esteja encalhado). Querendo pagar poucas milhas, resgate com a maior antecedência possível. Para que isso seja factível, a cia. mudou a regra de antecedência de resgate: agora todas as passagens-prêmio podem ser emitidas com até 360 dias de antecedência (antigamente eram 180 dias para vôos internacionais e 90 dias para vôos nacionais e sul-americanos). No entanto, as datas caras (Natal, Réveillon, Carnaval, começo de férias) provavelmente nunca terão tarifas baratinhas em pontos.

Essa mudança, a meu ver, é a mais crucial. Mas há várias outras, como por exemplo o início da cobrança em dinheiro da multa por cancelamento e remarcação de bilhete-prêmio (entre R$ 100 e US$ 200, conforme o tipo de bilhete), em vez de milhas (anteriormente a fatura era fechada com uma penalidade de 10% das milhas usadas). Mudam também a tabela de pontuação e resgate nas cias. parceiras, assim como as categorias de associado. Todas as mudanças podem ser consultadas aqui.

–> Dicas práticas: o que fazer agora

Algumas providências que você pode tomar para usar melhor os pontos já acumulados:

– Vai emitir passagem-prêmio nacional ou sul-americana na TAM para as férias de julho? Emita em abril ou maio.

Emita suas passagens-prêmio Fidelidade para as férias de julho ou para o Dia dos Pais assim que estiverem disponíveis (90 dias antes da data). Desta maneira você garante a pontuação básica de resgate (10.000 o trecho para vôos domésticos, 15.000 o trecho para sul-americanos), evitando a pontuação variável que começará dia 1º de junho e pode tornar essas datas mais caras em pontos.

– Tem milhas Fidelidade e quer voar TAP ou United ou Lufthansa?

Você tem até o segundo trimestre do ano que vem para emitir sua passagem. Mas se quiser aproveitar a tabela atual, precisa emitir até 31 de maio.

– Tem milhas Victoria ou Mileage Plus e quer voar dentro do Brasil ou na América do Sul?

Emita suas passagens antes da saída da TAM da Star Alliance. Depois disso, as milhas só serão válidas para viajar no Brasil caso outra cia. aérea entre no lugar da TAM na Star Alliance. (A candidata natural é a Avianca Brasil.)

–> Um último conselho:

Fique de olho nas promoções de milhagem que devem para contrabalançar a repercussão da notícia, por agora, e da implantação das novas regras, em junho. Clientes Smiles também devem ficar antenados, porque quando uma das duas faz promoção, a outra costuma responder.

–> E você?

O que achou das mudanças? Como gerencia suas milhas? Compartilhe com a gente!

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312 comentários

Vou viajar pela Air France, que pertence ao SkyTeam, o mesmo grupo da Aerolíneas Argentinas. Para mim seria conveniente jogar as milhas diretamente no programa de milhagem da Aerolíneas. Isso é possível ou primeiro tenho que registrá-las no FlyingBlue? Nesse caso, posso migrar as milhas depois para a Aerolíneas?

    Você pode fazer a transferencia no momento do check-in.
    Aliás, já comprou as passagens?
    Comprando pela internet você se cadastra no site da air france/klm (é o mesmo sistema para as duas e, provavelmente, também para alitalia), mas não necessariamente no flying blue. Durante o cadastro, você tem a opção de registrar qual o seu programa de milhas e, novamente, no momento de inserir os dados da compra de passagem. Aí você já deixa programado para o programa da Aerolineas.
    Foi, pelo menos, assim que fiz para enviar minhas milhas pro Smiles.

    Olá, Regina! Complementando a Mon: você precisa estar registrada no programa da Aerolíneas. Então é só entrar a sua conta da Aerolíneas quando fizer a reserva na Air France.

Não estou muito otimista com essas mudanças. Só esperando para ver como vai ficar :/

Infelizmente, nunca viajei com milhas (acho tão complicado…) e já estava me sentindo um peixe fora d’água. Pelo jeito, tenho muitos companheiros. Nos últimos anos tenho viajado para fora, a lazer, 2 vezes por ano e viajar me faz tão bem que pago as passagens sem reclamar.

Até pouco tempo atrás, eu priorizava o TAM Fidelidade, no entanto as mudanças de regras, não só para resgate, mas tb para acúmulo de milhas têm sido terríveis.
O site da TAM só permite que seja feito resgate em voos operados pela própria TAM. Já no Smiles, é possível emitir das parceiras no site.
Por essas e outras, passei a priorizar o Smiles.

    Eu também tenho preferido o Smiles, ainda mais que agora a reserva nas empresas parceiras podem ser feitas pelo próprio site, o que facilitou muito a emissão do bilhete.

Ao assumir expressamente que “a pontuação irá variar de acordo com: a antecedência da viagem, o período da viagem, o destino, a rota, o tipo e o horário do voo e a disponibilidade de assentos, entre outras variáveis”, na prática a LATAM está dizendo que pode fazer o que quiser, quando quiser, como quiser. Por exemplo, como sabe que as rotas Brasil-EUA são concorridas, se quiser pode sempre exigir pontuação máxima. Está livre de qualquer amarra.

É uma pena – para o passageiro/consumidor/cliente fiel, não para as empresas aéreas – que esteja acontecendo isso. As milhas/pontos valem cada vez menos. Antes, menos gente se preocupava com programas de fidelidade, de modo que poucos aproveitavam e o efeito de marketing custava bem mais barato para as empresas aéreas. Elas anunciavam passagens supostamente grátis, a publicidade positiva vinha e na prática pouca gente terminava usando os benefícios. Hoje, muito mais gente está atento aos pontos/milhas que tem em seus programas de fidelidade, buscando utilizá-los de maneira otimizada. Quando não vão usá-los podem até vendê-los, reduzindo as chances de perda dos pontos/milhas. Os sites de compra e venda de milhas se tornaram oficiais, inclusive anunciam nos principais portais da internet. Houve também uma banalização na aquisição de milhas. Antigamente, basicamente só vôos e cartões de crédito davam milhas/pontos. Hoje assinatura de revista, compras em determinados sites e até compra de carro dão milhas em retorno. De certa forma, esse endurecimento e piora das regras é uma consequência disso, do maior número de usuários conscientes, do comércio de milhas, da maior quantidade de milhas/pontos em circulação.

O fato é que os pontos/milhas perderam seu valor. Compram cada vez menos passagens, e de modo cada vez mais difícil. Não adianta muito alguém se orgulhar de que tem um monte de pontos/milhas na conta do respectivo programa de fidelidade, porque pode não conseguir usar ou, ainda que consiga, pode não compensar.

Os cartões de crédito que usam pontos/milhas para incentivar seus clientes a usá-los vão ter de aumentar o fator de conversão (mais milhas/pontos por dólar gasto). Se ficarem no trivial 1,5 ou 2 pontos por dólar, o incentivo a seu uso será bem pequeno. De que vai adiantar ganhar umas poucas milhas/pontos a cada mês se a quantidade não será suficiente para o uso, ou se no tempo que o cliente leva para juntar pontos/milhas suficientes para voar esses pontos/milhas já prescreveram e não podem mais ser usados. É importante lembrar que as milhas/pontos têm prazo de validade para serem usados, normalmente de dois ou três anos. Assim, os pontos/milhas que entraram no programa de fidelidade em janeiro de 2013 terão de ser usados até janeiro de 2015 ou de 2016, a depender do prazo. Se neste período o passageiro/consumidor/cliente fiel não reunir milhas/pontos suficientes para emitir uma passagem, simplesmente perderá os pontos/milhas. Por isso os cartões de crédito terão de incentivar seus clientes com mais pontos/milhas por dólar gasto ou então talvez seja melhor o cliente trocar de cartão ou buscar outro tipo de programa de incentivo.

Existem alguns trips que, mesmo com o IOF abusivo e escorchante que o governo brasileiro cobra para compras no exterior pagas com cartão de crédito, ainda preferem este meio de pagamento e não dinheiro em espécie ou os VTMs (alternativas que pagam menos IOF), porque o IOF maior seria compensado pelo ganho em milhas/pontos gerado pelo cartão de crédito. Isso terá de ser repensado. Fazer sacrifícios para ganhar milhas no cartão de crédito está valendo cada vez menos a pena.

A respeito da mudança de aliança, duas lástimas. Primeiro, a Star Alliance ficar sem representante no Brasil. Ainda que a Avianca assuma, a participação será muito tímida. A outra é o ingresso na Oneworld. Os blogs/sites/fóruns estrangeiros realçam que esta é a aliança com maiores dificuldades e restrições para emitir bilhetes em uma empresa usando pontos/milhas da outra, ou seja, em princípio será difícil emitir bilhetes American Airlines usando pontos LATAM.

Os tempos prometem sem bem difíceis para quem costuma(va) viajar usando pontos/milhas…

O fato é que cresceu muito o numero de clube de fidelidades , ou seja, as possibilidades de acvúmulo de milhas ficaram maiores, cartao de credito, sky, oi pontos, enfim . Aí os programas começaram a dificultar cada vez mais em contrapartida. Vale a máxima: Nao existe almoço de graça. Abraços!

Ultimamente está tão desvantajoso e cheio de restrições essa coisa de milhas que nem estou me interessando mais. Acabo procurando um voo promocional ou mais barato mesmo. Sempre que pesquiso para usar milhas, precisa de milhão delas, mesmo com bastante antecedência.

    Ana, eu também estou desapegando de milhas e fidelidade. Tenho conseguido passagens muito em conta, nas datas que eu quero, nas conexões (ou não) que eu quero. Pago muito mais barato comprando numa ótima oportunidade do que usando milhas, e cheguei à conclusão que nos últimos anos essa foi de longe, a melhor estratégia para mim.

Também fico imaginando estratégias mirabolantes para fazer minhas milhas renderem, mas sinceramente até agora só tomei ferro! Rs Tenho dado mais sorte comprando nas “mega promos da vida”… Acho que os tempos dourados das milhas já eram…
Abs, Raquel
http://Www.saladagrega.blogspot.com

Eu acho que a cobrança de milhas variaveis pelos assentos já está em vigor. Tentei comprar, na semana passada, uma passagem em classe executiva MIL-GRU-MIL e o site da TAM disse que eu precisaria de 110.000 pontos por trecho e por pessoa!
E aquela historia de criança com menos de 2 anos que paga só 10% da passagem também é lenda na classe executiva da TAM. Consegui comprar só as passagens em fevereiro com esses 10%, nas viagens que faremos em maio e em dezembro a pequena vai ter que pagar tarifa integral.
Em compensação, comprei uma passagem de Bodrum (Turquia) para Milao, em pleno mês de agosto na classe executiva da Turkish com 15.000 pontos fidelidade + 20 euros de taxas (Alias, fica a dica: antes de sair comprando low cost pela Europa, convem sempre dar uma olhada nessas alianças)

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