Que atire o primeiro ímã de geladeira quem nunca se atrapalhou por conta de lembrancinhas de viagem. A compra de souvenirs é daquelas atividades a que o turista se propõe de bom grado, e que à primeira vista parecem simples, mas escondem um alto risco de roubadas. Está no mesmo grupo do city tour, do passeio no cemitério e do show de danças típicas.
Mas que mal pode haver em gastar uns poucos dólares, euros ou pesos para trazer um agradinho para quem a gente gosta? Sobretudo, o senso de obrigação.
A compra das lembrancinhas entra no roteiro assim como bater ponto em obeliscos e chafarizes para tirar foto. E você sabe que se você volta pra casa sem uma pose na frente do obelisco o povo não entende, assim como o povo não entende ficar sem lembrancinha.
Será? Eu não conheço ninguém que esteja precisando de um chaveirinho da torre Eiffel neste momento – um souvenir que eu mesma trouxe de Paris, aos montes, e que ficou esquecido na gaveta por anos. Não consegui identificar qualquer amigo que pudesse ficar feliz de verdade a ponto de trocar o seu chaveiro corrente por um chaveiro de gosto duvidoso de um lugar onde ele não esteve.
E o pior não é o dinheiro gasto, mas o tempo que se perde procurando o que comprar, e decidindo se todas as miniaturas de torre Eiffel em formato de chaveiro – ou seriam todos os chaveiros em formato de miniatura de torre Eiffel? – devem ser prateados, ou dourados, ou rosa para as meninas e azul para os meninos.
Mon Dieu.
Hoje eu só trago souvenirs do gênero “vi numa vitrine enquanto passeava e isso me fez pensar tanto em você”. Afinal, a lembrancinha mais bacana é aquela que demonstra uma lembrança, de fato, daquela pessoa, naquele local. Um presente que diz que quem ficou por aqui fez falta em algum momento da viagem. Senão, nem precisa.
Minhas lembranças de viagem favoritas, para receber e presentear, são temperos, bebidas ou comidinhas que revelem um pouco daquele lugar para quem experimenta. Sem combinar nem nada, eu e minha mãe passamos a fazer essa troca. De suas últimas viagens, ela me trouxe açafrão da Espanha, sardinhas de Portugal, mostarda da França e um vinho da Itália. Eu trouxe stroopwafel da Holanda, biscoitos de amêndoa de Macau, chá de Hong Kong e defumados da Argentina. E compotas de Minas Gerais
São presentes que podem custar o mesmo valor de uma caneca ou uma camiseta, mas com muito mais significado.
Desta forma, fim mais do que decretado ao maldito chaveirinho!
Queremos saber: você já se enrolou com lembrancinhas de viagem? Gastou mais tempo e dinheiro do que gostaria? Que tipos de souvenir costuma trazer? O pessoal do escritório sempre cobra, mesmo?
Aos comentários!
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