Destilaria Glengoyne: perto de Glasgow, um gostinho das Highlands

São cinco as regiões produtoras de whisky na Escócia: Highland, Lowland, Speyside, Islay e Campbeltown. Glasgow e Edimburgo estão geograficamente nas Lowlands, mais ao sul do país, onde o número de destilarias em operação é pequeno, e a produção não é tão expressiva quanto mais ao norte, nas Highlands (a maior região produtora em área) ou em Speyside (onde há o maior número de destilarias).

Por isso a surpresa em encontrar, a somente 20 quilômetros de Glasgow, uma destilaria tão tradicional como a Glengoyne, e em um cenário tão bonito, alcançável em meia hora de estrada.

E, se dá uma certa pena fazer um roteiro pela Escócia que não contemple as Highlands, um alento: pelo menos na classificação de origem, o whisky da Glengoyne é considerado “highlandês”. Talvez as fronteiras fiquem mais flexíveis depois de uma dose ou outra de um 15 anos.

A visita

O centro de visitantes da Glengoyne é a última construção do terreno da destilaria, com os fundos voltados para um pequeno lago. À distância se vê uma queda d’água.

Difícil acreditar que Glasgow fica tão pertinho.

A Glengoyne recebe visitas diariamente, e oferece 7 tipos de tour (preços e horários no site). Bons bebedores de whisky vão gostar de fazer o passeio com degustação dos rótulos premiados da destilaria, ou de testar suas habilidades de malt master em um pequeno laboratório. Curiosos podem ficar com o tour que inclui a degustação de dois rótulos, em um passeio de uma hora, ou com a harmonização de whisky com chocolate, que dura uma hora e meia. Foi este último que eu fiz.

A primeira parte da visita acontece em um salão com vista para o lago, onde os visitantes são recebidos com uma dose de boas-vindas do whisky 12 anos da casa e com um cupom de desconto para usar na loja da destilaria, mais tarde. É exibido um vídeo curto que conta a história da Glengoyne e fala de algumas características do whisky produzido ali.

Em seguida, o grupo é acompanhado a um galpão onde participa de uma pequena aula prática de fabricação de whisky: conhece como a cevada se transforma em malte e vê a textura do malte moído; sente o cheiro saído dos tonéis em que malte e água são misturados; passa pelos alambiques de cobre onde acontece a destilação; espia os instrumentos que medem a qualidade do whisky.

A Glengoyne só fabrica whisky single malt.

A destilaria foi fundada há 182 anos e tem orgulho de, desde então, ter modificado muito pouco o seu processo de produção. São intencionalmente low-tech. “Você não vai ver computadores por aqui”, disse a guia do meu tour, enquanto caminhávamos pelo galpão. Os alambiques em uso na Glengoyne são descritos como os mais lentos da Escócia, algo que não soa como vantagem em tempos como os nossos, mas que tem tudo a ver com a filosofia de uma marca cujo slogan é “sem pressa desde 1833”.

(Ao contrário do que possa parecer, a Glengoyne faz parte de um grupo grande, ainda que familiar. Mas a cultura é de trabalho artesanal.)

E, enfim, a hora da degustação. Os chocolates são escoceses; dois sabores para experimentar com o whisky 15 anos, e outros dois para provar com o whisky 21 anos. Como não sou especialista, vou resumir meus comentários sobre a harmonização com: estava maravilhoso!

Ao fim do tour, hora de visitar a lojinha, que é uma beleza. Estão à venda os principais rótulos da destilaria, em versões desde “tamanho frigobar” a edições limitadas em garrafas de cristal.

E que tal engarrafar e etiquetar o seu próprio whisky?

Minha única frustração foi não poder visitar a área onde os barris são armazenados, que fica em uma propriedade vizinha. Para conhecer o local, só bancando a masterclass — o tour mais longo, e mais caro, da destilaria. Uma pena.

Como chegar

Ir de Glasgow à destilaria Glengoyne de ônibus é bastante simples. O trajeto leva cerca de uma hora na linha B10, saindo do centro da cidade. O ônibus pára na destilaria.

De carro, são de 30 a 40 minutos de estrada. Se preferir um trânsfer, peça dicas ao seu hotel. Tours organizados de dia inteiro levam ao castelo de Stirling, ao Loch Lomond e à destilaria. Um passeio longo, mas com paisagens incríveis pelo caminho.

E, como se diz em bom gaélico escocês… slàinte mhath!

Mariana viajou a convite do VisitBritain.

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