Pantanal de Corumbá: um passeio ao Forte Coimbra (e sua gruta)
Saímos cedo do hotel Santa Mônica, no centro de Corumbá, rumo a Porto Morrinho. Em 45 minutos pela BR-262 chegamos à pousada Pesqueiro da Odila, onde éramos aguardados pela Odila em pessoa.
A Odila é uma figura querida que recebe em seu pesqueiro aqueles grupos enormes de homens que vão ao Pantanal praticar pesca desportiva, a atividade turística número 1 em Corumbá. A julgar pelas lanchas que estavam paradas por ali, “Odila”, “Odila VIII” e “Odila XXVI”, os negócios vão bem, obrigada, mas empresários como ela têm começado a oferecer outros passeios pela região, de olho em quem viaja atrás de ecoturismo, um mercado crescente.
Fretamos uma lancha de 3 lugares com piloteiro para fazer um passeio ao Forte Coimbra, navegando pelo rio Paraguai. Este é um passeio de dia inteiro bom para encaixar entre um pernoite no centro de Corumbá e duas noites num hotel-fazenda da Estrada Parque (onde cavalgadas e safári são as principais atividades do menu).
Só não dá para chamar de tour organizado porque ainda está meio que por organizar; o traslado de lancha não tem um preço fixo estabelecido ainda (o que é uma oportunidade de se negociar o valor), e nem sempre o forte está aberto a visitações; é preciso ligar antes (tel. 67/3282-1001) para conferir e agendar.
De Porto Morrinho ao Forte Coimbra, a viagem de lancha levou 1 hora e 40 minutos. E não, não é possível cortar caminho de alguma outra forma — Porto Morrinho é o acesso mais próximo, e o trajeto só pode ser cumprido de barco. Na ida, pegamos tempo nublado e algum chuvisco. A Odila, com toda sua gentileza, fez questão de me emprestar um casaco mais pesado, que acabou me salvando do vento gelado de inverno (obrigada, Odila!).
Como fomos alta velocidade, e o rio estava no pico da cheia, não deu para contemplar muitos animais. Mas o forte é também um lugar para contemplação de bichos…
… incluindo o Pancadão, um boi da raça Nelore que é mascote por ali.
O Forte Coimbra é tombado pelo Iphan e fica na tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai. Foi erguido em 1775 como Presídio (fortificação) de Coimbra, e desde 1801 existe como se conhece hoje. O capítulo mais célebre de sua história aconteceu em 1864, durante a Guerra do Paraguai. Depois de uma batalha dura, com brasileiros em grande desvantagem numérica, o forte foi tomado pelos paraguaios, que lá permaneceram até 1870.
A visita é 100% guiada e gratuita; você só paga para almoçar lá (R$ 15, também sob reserva). Quem nos recebeu logo ao desembarcar foi a tenente Letícia, que é dentista e relações-públicas. Após o almoço (“Agora vocês podem dizer que já comeram comida de quartel!”), seguimos em um ônibus até a trilha para a gruta Ricardo Franco.
A trilha é rápida, com subidas e descidas sem maiores dificuldades além de espantar os mosquitos pelo caminho. Não é sempre que a gruta está liberada para visita, pois demanda o uso do ônibus para transporte, geradores para a iluminação interna e uma ambulância de prontidão, e às vezes pode não haver como atender a todos os requisitos. Mais uma vez: reservar antecipadamente a visita é fundamental.
Na entrada da gruta, recebemos capacetes e seguimos nosso guia escuridão adentro. É impossível imaginar, do lado de fora, quão imenso é aquele lugar. Mais dois soldados acompanharam o nosso grupo, e enquanto o guia contava sobre a história da gruta e sobre seus aspectos geológicos, os outros dois usavam suas lanternas para iluminar as paredes e se certificar de que estávamos em segurança.
(Confesso que perdi boa parte da explicação acompanhando as lanternas, à procura de morcegos e outros bichos. Desculpaê, gente! A boa notícia é que não vi nenhum.)
Terminada a visita, voltamos ao forte para conhecer o pequeno museu, com alguns artefatos históricos, e tivemos tempo livre para passear.
As vistas dali foram das mais bonitas que encontrei durante a minha estadia no Pantanal, e eu poderia ficar muito tempo só observando os camalotes passando pelo rio.
Antes de ir embora, ainda tivemos a alegria de dar de cara com um morador ilustre.
Com o tempo mais aberto, a viagem de volta foi muito mais agradável do que a de ida. Acompanhando os desenhos incríveis que iam se formando pelo reflexo das árvores na água, mal vi o tempo passar.
E o pôr do sol no rio Paraguai, mais uma vez, foi lindo.
Mariana viajou a convite da Fundação de Turismo do Pantanal.
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18 comentários
Que história interessante. Que lugar lindo! Obrigada por compartilhar. Espero conhecer um dia.
Já morei no Forte de Coimbra, meu pai era militar e serviu por 2 anos e 9 meses la.
Estou com vontade de voltar em 2019 para mostrar o pantanal para minha familia e gostaria de sugestões de como chegar até lá. Moro em Brasilia
Forte de Coimbra é a maravilha do céu.!!!
Lindo por natureza, meu pai foi militar e morreu servindo à pátria em Coimbra, lugar maravilhoso de viver. Na natureza diz tudo. 😚😚😚.
Morei em Coimbra em 1950, era criança, meu pai na época capitão Camillo Comoretto Gall, comandou o forte, meu irmão estudou na escola, pesquei muita piranha e sardinha branca no coricho. As lanchas Balduina, tinha camarote,General Pessoa (rápida) e Columbia (carga). A gruta, maravilhosa. A igreja, festa de Nossa Senhora do Carmo a padroeira.
Luiz Felipe Gall.
Sou matogrossensse e não conheço ainda o Forte Coimbra mas é meu sonho. Se Deus quiser hei de conhecer.
Já morei em Coimbra é fantástico a natureza e suas belezas.
Lugar Fantástico Coimbra, no meio do Pantanal Sulmatogrossensse. Cumpri o Serviço Militar na Guarnição do Forte, isso há 35 anos, mas nunca me esqueço das belezas que cercam essa Região. Com certeza voltarei um dia.
conheço e recomento uma viajem no tempo, com a construção histórica do FORTE e a paisagem exuberante da fauna e flora.
Eu conheço,é fantástico,a gruta é uma das mais bonitas que ja vi.
Agradecido por compartilhar suas informações turísticas sobre esta bela região!