Sabe gente velha, que não sabe falar de nada sem começar a frase com "No meu tempo...". Eu sou assim com milhas. No meu tempo (também conhecido como anos 90), milhas eram como golfe -- um esporte com pouco apelo popular. Os cartões de crédito, principais ferramentas para turbinar as milhagens, só começaram a ter utilidade no dia a dia depois da estabilização da moeda, em 1994. Quando escrevi o Viaje na Viagem de papel, em 1998, ainda dava para contar nos dedos os cartões que creditavam milhas.
Naquela época (no meu tempo!) eu usava milhas basicamente para pegar upgrade de executiva em vôo internacional. Bastava comprar uma passagem econômica qualquer (inclusive a mais promocional), acrescentar 12.500 milhas e pronto: garantia um trecho business tanto na Varig quanto na American.
Essa foi a primeira de uma série de mamatas que foram sendo cortadas. A última das mamatas -- que era boa demais, e por isso mesmo, insustentável -- era poder emitir passagem doméstica na TAM por 10.000 pontos em qualquer vôo com assentos disponíveis (valia no avião inteiro, não era só para um lote de assentos, não). Passei muito Réveillon em Alagoas voando a 10.000 pontos em vôos que custavam R$ 1.200 ou R$ 1.400.
O estágio atual dos vários programas de milhagem acabou com essa discrepância de valores entre as passagens compradas com dinheiro e as compradas com milhas. Hoje em dia, os dois preços costumam ser equivalentes. Passagens baratas em dinheiro, reservadas com antecedência ou em promoções, tendem a ser baratas em milhas, também. Da mesma maneira, passagens compradas de última hora serão caríssimas tanto com reais quanto com milhas.
Nos últimos meses, os programas de milhagem das cias. aéreas brasileiras apresentaram várias novidades. O Fidelidade TAM passou a emitir passagens apenas pelo site da Multiplus. A Avianca entrou para a Star Alliance, conectando o programa Amigo à maior aliança mundial. O Smiles da Gol criou um acelerador de milhas, o Club Smiles, que injeta 1.000 milhas por mês e oferece algumas outras vantagens por uma mensalidade de R$ 35; além disso, a Gol expandiu o seu leque de parcerias, a ponto de parecer que faz parte de uma aliança. Já a Azul também tem seu acelerador de milhas, o Clube TudoAzul.
Com a maior número de assentos ociosos nos vôos internacionais, parece que está mais fácil emitir passagens com milhas para o exterior. Digo "parece" porque não tenho experiência própria: desde há muito tempo uso minhas milhas só para vôos domésticos (sempre aproveitando tarifas de milhas reduzidas). Ao mesmo tempo, a alta do dólar faz com que menos milhas sejam creditadas via cartão de crédito.
Por isso que gostaria que você contasse pra gente como tem feito com suas milhas. Você junta para fazer vôos internacionais ou tem usado para vôos domésticos? Tem conseguido fazer as viagens que planejou com milhas ou na hora de emitir só tem se frustrado? Já experimentou trocar suas milhas por outros produtos dos catálogos dos programas, como diárias de hotéis e carros?
Milhas pra que te quero! À caixa de comentários, puvafô!
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