O Airbnb anunciou ontem em Los Angeles que, depois de oito anos focado em hospedagem, vai querer influir em todos os aspectos das viagens de seus clientes. A nova fase foi batizada de Airbnb Trips.
Debaixo do guarda-chuva Trips estão 'Homes' (hospedagem), que continuará por muito tempo a base da cia.; 'Places' (lugares), que são guias de cidades e bairros criados por anfitriões e que podem ser baixados pelos hóspedes; e 'Experiences' (experiências), programas de imersão oferecidos por experts em suas áreas, que revelem facetas originais dos destinos visitados. Futuramente, o site vai agregar também as abas 'Vôos' e 'Serviços' (reservas em restaurantes, por exemplo).
Um pequeno elenco de 'Experiências' já está na home do Airbnb -- provavelmente para pautar quem quiser criar produtos para oferecer nesta prateleira. Os programas prevêem sessões de duas a três horas de duração, normalmente por três dias consecutivos.
É possível agendar um jantar e dois passeios de bicicleta por Tóquio, com um olheiro de locações da National Geographic; visitar uma fazendola perto de Havana e fazer dois treinos de corrida com um atleta olímpico cubano; visitar uma garagem de carros vintage e fazer um passeio panorâmico por Malibu com um restaurador de carros antigos; desvendar em três sessões o mundo dos luthiers (fabricantes de violino) em Paris, com um casal de luthiers. Algumas das experiências têm 'impacto social', como o passeio de bicicleta e a tarde numa horta urbana de Los Angeles, com receita revertida para uma ONG que usa áreas públicas para plantar legumes e frutas em bairros pobres da cidade.
Quanto custa? As experiências que estão no ar hoje variam entre R$ 400 e R$ 1.600. Como são feitas em pequenos grupos (em média, 6 a 8 pessoas), esses programas funcionam também para integrar viajantes; você pode conhecer pessoas com quem queira compartilhar outras saídas.
Um erro na versão brasileira, porém, pode causar mal-entendidos: as experiências, que em inglês são 'hosted' (proporcionadas, conduzidas, apresentadas) por fulano ou beltrano, em português aparecem como 'hospedadas' (um dos outros significados de 'hosted') por fulano ou beltrano. Muitos podem vir a pensar que os condutores das experiências serão também seus anfitriões, e que a hospedagem está incluída na experiência. Não está. A 'experiência' é um extra que pode ser adicionado a qualquer hospedagem no destino.
Primeira viagem ao Peru
O lançamento das 'Experiences' vai deslanchar também o novo sistema de identificação da comunidade Airbnb. Condutores de experiências e clientes vão precisar se registrar com um documento de identidade com foto + uma selfie que guarde semelhança com o documento. A intenção é aperfeiçoar esse sistema para implantar também na parte de hospedagem.
Será que as 'Experiences' vão fazer tanto sucesso quanto a hospedagem no Airbnb? Confesso que, ao ler a notícia, imaginei algo mais pé no chão -- o Airbnb se tornando um Uber de passeios, agregando guias independentes que poderiam oferecer passeios diferentes, porém mais simples do que os anunciados.
A julgar pelo elenco inicial de programas, a intenção parece ser a de reforçar o conceito que mais interessa ao Airbnb: o canal para um jeito diferente de viajar, que não compete na mesma raia das viagens convencionais, baseadas em hospedagem em hotéis. A cia. também se prepara para se tornar a OTA (agência online) do viajante alternativo (ou 'millenial', para quem gosta do termo). A ver.
E você? Toparia esses programas? Que experiências você gostaria de ter?
8 comentários