Andar com passaporte

Passaporte: deixar no hotel ou andar com ele?

Texto | Hugo Medeiros

Devo andar com passaporte ou posso deixar no hotel?

Um dos maiores medos de um viajante no exterior é perder o passaporte ou ter o documento furtado/roubado. Esse tipo de situação desencadeia dores de cabeça de proporções apocalípticas (um pouco exagerado, mas não muito), podendo colocar em risco toda a viagem.

Para tentar minimizar os riscos, uma medida muito sugerida consiste em deixar o passaporte original no hotel e levar consigo uma fotocópia. E eu mesmo fiz isso em diversas oportunidades.

Mas mesmo depois de algumas viagens, confesso que ainda tinha dúvidas se o meu procedimento estava correto, ou se teria problemas caso fosse abordado por um policial e não estivesse portando o passaporte.

Diante disso, para sanar as dúvidas, escrevemos para o consulado de alguns dos países mais visitados pelos brasileiros, e vamos compartilhar com vocês as respostas que obtive.

É importante destacar que cada país tem autonomia para tratar do assunto da forma como melhor entender. E mesmo assim, a autoridade policial, que estará em contato com você, é quem, naquele momento, tem a palavra final sobre o assunto.

Por isso, nunca se esqueça de ser respeitoso e tentar atender às solicitações da melhor forma possível.

O que as embaixadas orientam sobre passaporte

Das embaixadas que consultei, Japão, Espanha e Alemanha foram peremptórias: estrangeiros precisam portar o passaporte original o tempo todo. No Japão você pode ser multado se não portar o passaporte original.

A embaixada da França foi vaga, mas remeteu para um link onde é previsto o controle de documentos e permissão de permanência em lugares públicos.

A embaixada dos Estados Unidos informou que não existe uma regra para isso, e que você pode se locomover pelos EUA portando seus documentos da maneira que julgar mais apropriada. Caso seja abordado por alguma autoridade, você deverá proceder de acordo com o que lhe for pedido.

E agora, o que fazer?

No geral, a aceitação da fotocópia depende do entendimento da autoridade que abordar o turista. Mas nos parece extremamente improvável que um turista seja detido apenas por não ter apresentado o passaporte original.

Cabe a cada um avaliar o que é mais seguro, levar o passaporte consigo ou deixar guardado no hotel.

Um fator importante a ser considerado é o tipo de hotel em que se está hospedado. Isso porque locais mais simples, como hostels, tendem a oferecer mais riscos do que estabelecimentos de luxo, onde o fluxo de pessoas normalmente é limitado e controlado por câmeras.

Caso opte por sair à rua com o passaporte, lembre-se de guardar o documento num lugar seguro junto ao corpo, não deixando em bolsas e mochilas que podem ser esquecidas ou facilmente furtadas num momento de desatenção.

Particularmente, com base nas respostas dadas pelos consultados e considerando o meu receio quase patológico de ficar sem o passaporte, vou continuar deixando o original no hotel, guardado no cofre ou trancado dentro da mala, e levando comigo apenas uma fotocópia.

Ainda acho mais provável eu ser furtado/roubado na rua, ou esquecer o passaporte durante um passeio, do que acontecer algo no hotel.

No entanto, cada um deve adotar aquele procedimento que lhe for mais confortável.

Vou continuar deixando meu passaporte no hotel

Ricardo Freire

Achei sensacional esse trabalho do Hugo. Excelente advogado que é, ele foi à campo para confirmar se a clássica orientação de deixar o passaporte no hotel e andar com uma fotocópia — que é a estratégia que recomendamos aqui no Viaje na Viagem — tem respaldo legal.

Pelo jeito, não tem. Atentas à letra da lei, as embaixadas consultadas (com exceção da embaixada dos Estados Unidos) afirmaram que portar o passaporte original é indispensável. E agora?

Agora, cada um segue a sua paranóia. Se você tem paranóia de ser parado por um policial na rua sem motivo nenhum, ande com seu passaporte. Já a minha paranóia é igual à do Hugo: a de ser vítima de furto ou simplesmente perder meu passaporte de bobeira.

A paranóia do furto faz mais sentido. A probabilidade de um mão-leve deixar você sem passaporte na Espanha é exponencialmente maior do que a probabilidade de um carabinero espanhol parar você na rua por nenhum motivo. Os danos das duas situações são também desproporcionais: o mal-entendido de estar sem passaporte na rua pode ser resolvido em poucas horas, e você terá perdido apenas um dia de viagem. Já o furto ou extravio de um passaporte causa uma dor de cabeça de dias, que pode acabar com o seu planejamento de viagem.

Na minha opinião, para evitar um risco bastante remoto (ser parado por um policial sem ter feito nada ilícito) não vale a pena correr um risco muito mais provável (ser vítima das gangs de batedores de carteira que proliferam na Europa e América Latina).

A propósito, vale lembrar que existe um golpe na Europa (e também na América Latina) executado por meliantes que se dizem policiais à paisana, pedem para ver seu passaporte e… tchau, passaporte.

Evidentemente, se você for dirigir um carro vai precisar estar com o seu passaporte o tempo todo; ele é a identidade que dá lastro à sua carteira de motorista.

Caso você seja parado por um policial, é bastante provável que ele queira ver também a PID (permissão internacional de dirigir), mesmo que a carteira internacional não tenha sido exigida pela sua locadora. (Nos Estados Unidos, porém, a PID não é nem reconhecida.)

À luz da pesquisa do Hugo, vou acrescentar mais uma situação em que portarei passaporte: nos passeios bate-volta, quando estarei longe demais do hotel para provar que sou turista em situação regular no país.

Eu faço viagens internacionais há 32 anos. Tive um passaporte furtado na Espanha 29 anos atrás. Há pelo menos 25 anos deixo meu passaporte sempre no cofre do hotel. Nunca tive problemas. Só precisei mostrar documentos para policiais quando estava ao volante.

Por isso, eu peço: não pergunte o que a gente faria no seu lugar. A minha opinião está neste box. Se você não concorda com ela, não precisa seguir. Eu juro que não fico chateado.

Perdi o meu passaporte. O que fazer?

Por mais desesperadora que seja a situação, o importante é manter a calma.

Antes de qualquer coisa, registre um Boletim de Ocorrência perante a autoridade policial do local. E neste momento uma fotocópia do passaporte ou uma foto no celular serão importantes, pois você precisará fornecer os dados do documento.

Em seguida acesse o Portal Consular, do Ministério das Relações Exteriores, e preencha o formulário solicitando o novo passaporte.

Imprima o recibo e leve ao Consulado onde o pedido será processado.

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Serviço gratuito

    Lá você terá que pagar uma taxa, e o passaporte ficará pronto em alguns dias.

    Outra opção é solicitar uma Autorização de Retorno ao Brasil (ARB), que é gratuita e emitida na hora. Com ela você pode embarcar no avião de volta ao nosso país.

    O principal problema é que os eventuais vistos terão que ser solicitados novamente. Por isso, se você está na França, e de lá iria para os Estados Unidos, precisará procurar a embaixada americana e adotar as medidas necessárias para obtenção do visto em seu novo passaporte.

    Obrigadíssimo, Hugo!

    153 comentários

    Eu tive o desprazer de perder o passaporte do meu marido em NYC na última noite que passávamos lá.
    Foi uma das piores noites da minha vida. Na manhã seguinte corremos ao consulado e conseguimos a autorização de retorno e então pudemos registrar o BO e retornar.
    Desde então, passaporte fica no cofre!

    Foi mencionado aqui, mas acho importante reforçar que escanear (ou fazer foto de boa qualidade) de passaporte e cartões, e deixar guardado no email, Dropbox, Google Drive, iCloud ou o que for, é uma providência extremamente útil em caso de furto ou perda. É uma recomendação que eu faço a todo viajante de primeira que me pergunta.

    Certa vez esquecemos nossos passasportes na gaveta de um armario em um hotel no Mexico e somente notamos depois de viajarmos 300km. Voltamos na manha seguinte e felizmente estavam no mesmo local, desde entao o nivel de paranoia sempre foi alto e sempre deixamos no cofre (quando disponivel) ou bem cuidado quando precisamos, basicamente siguimos o que e’ recomendado aqui.

    Em certos locais nos EUA (Chicago por exemplo) carteira de motorista brasileira nao e’ aceita, vi diversas vezes pessoas que obviamente tinham idade para entrarem em bares nao poderem por nao estarem com documentos validos, mas isto varia de estado para estado.

    Eu tiro um cópia do passaporte colorida, em tamanho reduzido e emplastifico. Ando com esta “carteirinha” por todos lugares e em geral sempre é aceita. Exceções: comprar bebida alcoólica em um jogo de basquete nos EUA e entrar em um cassino na França.
    Tirando estes dois momentos isolados, minha carteirinha/ passaporte sempre foi bem aceita.

      Eu também! Minha maior frustração de viagem foi não poder entrar no famoso Cassino MonteCarlo em Mônaco porque não estava com o passaporte! No outro dia tentei ir novamente, com o passaporte, mas choveu tanto que não consegui ir! 🙁
      Realmente essa é uma dica e tanto: Em lugares onde só maiores de 18 podem entrar ou beber, sempre é bom ter o passaporte.

    Ano passado parei para pedir informação a um policial na estação de trem de La Spezia (estava sozinha) e ele perguntou de onde eu era, se era da Bielorrússia (??), e depois pediu para ver meu passaporte. Quando viu que era brasileira, deu um grande sorriso, mas entrou na salinha dele, conferiu algo no computador e retornou com meu passaporte e a informação que eu havia pedido. Não sei o que teria acontecido se estivesse sem o passaporte ou só com a cópia, mas desde então prefiro não arriscar e carrego sempre o original comigo na doleira.

    Meto ele na doleira e pronto. Me dá vertigens quando coloco a mão lá e não o sinto de imediato. Em um bolso de mais fácil acesso deixo uma cópia para o caso de ser abordado na rua por alguma autoridade.

    Seguindo a regra da minha paranoia, sempre deixo no hotel e nunca tive problemas. Já mostrei a minha identidade brasileira em vários países (EUA, Holanda), sem problema algum. Nunca fui parada aleatoriamente por autoridade policial na rua.

    Até hoje só fui parado uma única vez por um policial. Foi em Filadélfia no ano de 2008.

    Mas ele não quis ver o passaporte. Ele só perguntou se íamos no Museu de Arte de Filadélfia, e nós respondemos que não (a grana estava curta).

    Então ele, que era sócio do museu, nos deu dois ingressos gratuitos e disse que não podíamos ir embora da cidade sem conhecer esse lindo Museu.

    Excelente matéria, Hugo, obrigada!
    Só um pequeno detalhe: no Japão, os preços dos produtos aparecem sem imposto. Normalmente, em compras acima de 5000 iênes (cerca de US$ 50) nós recebemos isenção do imposto que é acrescido no caixa, na hora do pagamento. Porém, a isenção só será possível se você apresentar o passaporte.

    Eu também nunca ando com passaporte (vamos combinar, aquele caderninho é um saco de carregar, e depois de um dia inteiro de camelagem qualquer 10 g PESA). Sempre ando com outro documento – a carteira de motorista é plenamente aceita nos EUA e em vários outros lugares, até naqueles museus que você tem que deixar um documento depositado pra pegar uma audioguia ou coisa parecida. A única vez que fui parada foi na Espanha, dirigindo – e aí o problema era que eu tinha esquecido a documentação do veículo no hotel em Ávila em um bate-e-volte a Segóvia, e não a carteira de motorista, devidamente mostrada e aprovada.
    Resumindo: sou da corrente do Riq e do Hugo, yey!

      Eu também não ando com o passaporte, somente com a cópia. Mas tive que voltar ao hotel para pegar o documento quando uma casa de cambio solicitou o passaporte. Então se vai comprar moeda é bom levar o documento.

      Olá, Mário Augusto! Também costuma ser pedido em alguns países na compra de chip (simcard).

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