catedral são sebastião jorge amado ilhéus

A Ilhéus de Jorge Amado, num passeio a pé pelo centro histórico

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Fundada em 1534, Ilhéus tem quase 100 km de praias ao longo de uma faixa de mata atlântica, além de fazendas históricas de cacau, que fizeram a fortuna da cidade nos tempos áureos. Mas é Jorge Amado, um de seus mais ilustres moradores, a maior referência da cidade: ele dá nome a um setor inteiro do centro histórico.

O centro histórico é compacto; dá para ser visitado numa caminhada. Infelizmente, quando fiz o passeio (em junho de 2017), nem todos os locais estavam abertos à visitação (alguns por conta de reformas).

Ilhéus: um passeio a pé

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Comece pelo Palácio Paranaguá, na Praça J. J. Seabra, obra de 1907 que abriga hoje uma das secretarias da prefeitura da cidade e é um prédio tombado pelo Instituto de Proteção ao Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Ainda que já tenha passado por algumas reformas, suas quatro fachadas neoclássicas são históricas e refletem a época em que Ilhéus foi mais rica: o auge do cacau. Ali deverá ser implantado o Museu da Capitania, que deve reunir documentos, móveis e bens culturais desde o período das Capitanias Hereditárias.

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Continue andando até a pequena Igreja de São Jorge (R. Conselheiro Dantas, 40), uma construção do fim do século 17 que ainda conserva sua fachada e arquitetura com torre em formato de pirâmide. Ao seu lado fica o Museu de Arte Sacra. A reforma da casa do padroeiro da cidade deve durar ainda alguns meses.

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Virando a rua está uma das fachadas do Palacete Misael Tavares (praça Rui Barbosa), coronel que deu início à essa construção em 1914, a fim de fazer dela a residência de sua família. Hoje, o prédio abriga uma Loja maçônica. Um dos mais importantes nomes do cultivo de cacau em Ilhéus, Misael deixou uma série de outras obras na cidade. Sua lateral, na rua Antonio Lavigne de Lemos, liga o palacete até a catedral e ficou famosa por seu calçamento (então único) ser de pedras que vieram importadas da Europa.

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Com importância ficcional na literatura, se vê dali a fachada de onde seria a casa de Tonico Bastos, personagem de ‘Gabriela, Cravo e Canela’. Hoje o endereço é comercial.


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Pertinho de Ilhéus

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A fachada do prédio do Teatro Municipal de Ilhéus (r. Jorge Amado, 21) continua como na época da sua inauguração, em 1932 (inclusive com a grafia então usada para o nome da cidade), mas por dentro o prédio está completamente revitalizado, oferecendo ao público galeria de arte e programação cultural.

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Atravesse a rua para chegar ao legendário Bar Vesúvio (r. Dom Eduardo, 190, tel. 73/3634-2164), aberto aproximadamente em 1920, que ganhou fama por ser um dos cenários mais importantes da trama de ‘Gabriela’. No livro, servia pratos deliciosos graças ao tempero da moça da cor da canela e cheiro de cravo, e era propriedade do árabe Nacib, que se apaixonou pela protagonista. Na vida real, foi aberto por italianos, motivo pelo qual faz uma homenagem ao vulcão. Em junho de 2017, estava em reforma.

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Mais alguns passos e você estará de frente para a imponente catedral de São Sebastião de Ilhéus (praça Dom Eduardo), construção inaugurada em 1967, trinta anos depois de iniciada. Por dentro, sua abóbada central tem 48m de altura.

Casa de Cultura Jorge Amado

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Subindo a rua, fica fácil entender por qual motivo a cidade está tão detalhada em alguns dos livros do pai de Gabriela: a casa onde o escritor morou com a família fica ali, e tornou-se a Casa de Cultura Jorge Amado. O palacete foi construído depois que o pai de Jorge ganhou na loteria. Inaugurada em 1926, a casa de quase 600m² conserva alguns de seus itens originais, como o piso e as “cortinas de madeira”, uma opção mais viável para proteger a residência da luz solar, já que tecido era um produto importado (e caro).

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O vidro colorido nas janelas, o mármore utilizado em diversos ambientes e os azulejos trabalhados com relevo que enfeitam a entrada são todos da época.

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No acervo estão livros do autor e de dona Zélia Gattai em outras línguas, alguns itens doados pela família de Amado, como móveis e objetos de decoração que de fato faziam parte da coleção pessoal do autor (como os sapos ou a máquina de costura da mãe dele). No quarto em que Jorge dormia com seus irmãos há painéis contando sua biografia, situando principalmente as versões cinematográficas e televisivas de suas obras. Outro dos quartos abriga uma linda coleção de estátuas de orixás.

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A escadinha (que não é acessível aos visitantes), levava a um tipo de varanda da casa, de onde o escritor tinha uma vista privilegiada do que acontecia no centro da cidade.

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Simpáticas guias estão prontas para responder perguntas sobre a casa. São elas também que cuidam da (bem) pequena lojinha do atrativo, que poderia explorar muito mais a obra do escritor.


Casa de Cultura Jorge Amado

  • Rua Jorge Amado, 21 | Tel. 73/ 3634-8986 | Visitação de 2ª a 6ª das 9h às 12h30 e das 14h às 18h; sábados das 9h às 13h | Entrada: R$ 5

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O calçadão em que está a Casa de Cultura Jorge Amado é bastante comercial, mas várias lojas preservaram a fachada original das casas que antes estavam ali.


A Casa do Rio Vermelho
Em Salvador

Bataclan

Mistura de espaço cultural e restaurante, o Bataclan é o lugar ideal para fechar o passeio pelo centro histórico. O prédio não é mais o mesmo da época do auge cacaueiro, quando seu cabaré, que recebia os coronéis que vinham à cidade para negócios, foi inspiração para Jorge Amado.

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Fotos do autor e da Ilhéus de outros tempos decoram o espaço, que conta com um pequeno palco para apresentações e uma lojinha. Como restaurante, o local serve buffet de comida caseira (às quartas a comida é baiana).

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Na parte superior, há um pequeno museu que recria o quarto da personagem Maria Machadão (a dama real do Bataclan se chamava Antonia, com o mesmo sobrenome), de ‘Gabriela’.

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Bataclan

  • Av. Dois de Julho, 77 | Tel. 73/3633-4701 | Aberto de segunda a quinta das 10h às 17h, e até às 22h às sextas e sábados

Mirantes (vá de carro)

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Com uma geografia com muitos aclives, a cidade oferece bonitas vistas, mas aí o ideal é chegar até elas de carro. A visão a partir do Mirante do Canhão (praça do Cadete, s/n), por exemplo, revela a Baía do Pontal.

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Já a partir do Mirante da Piedade se pode ver a praia da avenida Soares Lopes e boa parte da cidade. Parando ali, aproveite para conhecer também o imponente prédio do Convento da Piedade.


Igreja e Convento Museu da Piedade

  • Rua Madre Thais, 197 | Tel. 73/3221-8613 | Aberto de 2ª a 6ª das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h, e aos sábados das 8h30 às 13h30 | Entrada R$ 2

Outra pequena capela, a de Nossa Senhora de Lourdes, na ladeira do Outeiro, é outro bonito ponto tanto para observar tanto a praia e a cidade quanto a própria construção, feita em pedras aparentes.

O Viaje na Viagem fez o passeio com o apoio do Festival Internacional de Chocolate e Cacau de Ilhéus.

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Ilhéus

19 comentários

Terceira vez em Ilhéus. Nunca fiquei realmente na cidade. Uma vez fui para um resort mais distante e da segunda vez fui para Itacaré. Desta vez fiquei próximo ao centro. Os pontos citados são interessantes,mas se conhece tudo em meio dia de passeio. O restante é tedioso, principalmente num dia de chuva,sem praia. Outa coisa que chama atenção é a pobreza extrema e a sujeira da cidade. Ilhéus não me parece vocacionada para o turismo.

Boa noite Ricardo, tudo bem?
Eu, minha digníssima e minhas duas filhas de 9 e 14 anos pretendemos ir do Rio de Janeiro para Ilhéus. Alugamos uma casa e ficaremos do dia 10 ao dia 13 de janeiro de 2022. Nós iremos de carro fazendo um passeio tranquilo e aproveitando para conhecer alguns bons lugares pelo caminho. Vc me indica uma rota com lugares bacanas para paradas? Será nossa primeira viajem longa de carro e queremos aproveita bastante.
Inicialmente penso em dormir uma noite em um hotel na Estrada do Rio até lá mas não sei se é o melhor pensamento.
Desde ja agradeço suas valiosas dicas. Um abraço!

Estive no final de 2019. Cidade abandonada pela prefeitura. Somente a Catedral e o Bar Vesúvio em boas condições. Uma vergonha para este prefeito que deixa esta cidade ao Deus Dará, ruas cheias de buracos, sujeira, praias feias, construções caindo aos pedaços. Não volto.

Por mais que o povo do sul confunda, Itacaré não é Ilhéus, acho Itacaré uma pegada diferente, bem alto astral, já Ilhéus eu não consigo achar o mesmo encanto.

Já estive nessa cidade há uns dois anos atrás, vou agora novamente. Estou ansiosa para rever e fazer esse passeio a pé. Sou de Manaus-AM,tenho que descer nosso país, mais é gratificante, quero conhecer as praias também. Depois conto minha experiencia.

Gostei muito de Itacaré. Povo hospitaleiro, boa comida. Recomendo a feijoada do restaurante Água na Boca.

Estive com meus familiares por 2 meses nesta região. É muito lindo este lugar. Merece ser visitada por todos os Brasileiros. No ano de 1990-1991 estudei sobre a cultura do Cacau
Eu estava fazendo uma pós graduação (Mestrado ) na UFBA. Época maravilhosa

    Ola, Paulo
    Material do seu estudo está publico? Gostaria de saber sobre a epoca auge do cacau.

Que delícia de cidade! Já havia lido sobre as belezas de Ilhéus, mas a cidade caiu no meu esquecimento. Ótimo ler um post tão bem detalhado sobre a parte histórica da cidade é deu vontade de conhecer, já!

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