Grande Sinagoga
No terceiro dia em Budapeste (veja aqui os roteiros do dia 1 e do dia 2), e a meta era explorar um pouco mais de Pest. Programamos visita ao Bairro Judeu, à Grande Sinagoga e ao Mercado Central.
Budapeste: o Bairro Judeu
Bairro Judeu
Estávamos hospedadas numa das ruas de 'entrada' no Bairro Judeu, a Király utca, então saímos caminhado com calma em direção à Sinagoga da Dohány u., ou Grande Sinagoga. O caminho poderia ser praticamente em linha reta, mas foi cheio de paradas e curvas, porque há muito o que se ver.
A região de ruas apertadas e vielas, que abrigou o gueto judeu durante a 2a Guerra Mundial, tem uma mistura de arquitetura de final de século 19 e início do século 20. Há inúmeros detalhes de decoração de fachadas que praticamente chamam pelas lentes das nossas câmeras. Mas o que cria um cenário interessante são os prédios que ainda não passaram por reforma e nem sofreram retrofit. Adoro fotografar uma fachada descascada…
Bares-ruínas, grafites, lojas descoladas
É ali também que estão as novidades – nem tão novas assim – da vida noturna de Budapeste, os 'bares ruínas'. Aproveitando espaços abandonados (prédios, lojas ou terrenos vazios) os 'bares ruínas' são a cena jovem-alternativa-hype da cidade. O sucesso desse modelo levou à invenção de ruínas para serem transformadas em bares. Espaços foram 'destruídos' propositadamente para ganharem ares de decadentes, me contou jovem um local. Para quem vai à capital húngara e busca uma balada, comece pela rua Rumbach Sebestyén e escolha seu bar.
Nós também começamos pela Rumbach Sebestyén, mas era de manhã e o clima na rua ainda era de sonolência Passamos pela Sinagoga da rua Rumbach (em reforma) e logo em frente encontramos a Printa Design (no nº 1 da rua), que é estúdio de serigrafia, loja de objetos e marca eco-fashion (inclusive infantil), tudo ao mesmo tempo e com criações próprias. Lá ficaram alguns dos meus florins…
Sempre de olho nos grafites que ocupam empenas de edifícios, dobramos à esquerda na rua Dob e seguimos até a rua Kazinczy, onde fica a sinagoga de mesmo nome (essa também só conhecemos por fora). Durante a caminhada passamos por vários cafés e restaurantes de comida kosher.
Soos Foto
Avançamos até o final do quarteirão e dobramos à direita na rua Wesselényi. Foi ali, no número 10, que encontramos a Soos Foto, uma loja que vale a pena ser visitada por quem gosta ou trabalha com fotografia. Tem de tudo um pouco, de câmeras antigas a acessórios como lentes e filtros, sempre de segunda mão. Um grande sebo de fotografia. Se eu me arrependi de não ter comprado uma câmera estilosa para decorar a estante? Nem me fale….
A Grande Sinagoga
Grande Sinagoga
Continuando pela rua Wesselényi chegamos à Sinagoga da rua Dohány ou Grande Sinagoga. Para quem vai de metrô, a estação é a Astoria, linha vermelha. Os ingressos custam 4.000 HUF para adultos (o Budapest Card dá 10% de desconto). A visita é muito interessante e inclui não apenas a Sinagoga, mas também o cemitério e o Parque Memorial Raoul Wallenberg.
Há um dress code para a visitação - os ombros precisam estar cobertos (homens e mulheres). Não se pode entrar de short ou minissaia. Como era verão e a maior parte das pessoas não estava preparada para isso, havia distribuição gratuita de um lenço de papel descartável para ser preso nas alças da camiseta e esconder os ombros. Homens que não tinham boné ou gorro recebiam um quipá de papel que precisava ser usado o tempo todo dentro da Sinagoga. Para resolver as pernas de fora, já que minha bermuda não passou na avaliação, a opção foi comprar uma echarpe e usar como 'saia'. Um quiosque antes da bilheteria vende echarpes por 1 euro. Devidamente vestidas, passamos pela verificação de segurança e entramos.
Dentro da sinagoga, procuramos pela placa de espanhol, nos sentamos e esperamos formar um grupo. A guia aparece quando chega a um determinado número de pessoas. A nossa ofereceu boas explicações sobre arquitetura e história. Pena que a potência vocal era bem menor do que o colega que falava em inglês, bem ali pertinho. Então não captamos tudo o que ela falou, mas ainda assim valeu!
Maior sinagoga da Europa e segunda maior do mundo (de acordo com a nossa guia), perde apenas para uma em Nova York. A Sinagoga da rua Dohány é um mix de igreja católica na arquitetura e mesquita muçulmana na decoração. Isso porque foi desenhada por um arquiteto católico, já que o objetivo da comunidade judaica na época, meados do século 19, era de assimilação junto à sociedade húngara. E o arquiteto foi buscar referências 'árabes' para o projeto, já que o 'orientalismo' estava na moda naqueles anos. Essa combinação resultou num templo singular.
Memorial do Holocausto
Memorial do Holocausto
A visita prossegue do lado de fora da sinagoga, mas ainda dentro do complexo. Passamos pelo cemitério, onde estão sepultados os judeus que moreram no gueto durante o inverno de 1944/1945, e terminamos no pátio onde está o Parque Memorial do Holocausto Raoul Wallenberg. É uma homenagem a diplomatas que atuaram durante a 2ª Guerra concedendo passaportes para impedir a deportação de judeus. A principal peça dessa homenagem é uma escultura de alumínio na forma de um salgueiro-chorão cujas folhas exibem os nomes dos judeus húngaros vítimas do Holocausto.
Nosso parceiro Viator oferece um tour customizado em português, para pequenos grupos, que percorre o bairro judeu e visita as sinagogas e monumentos. Os ingressos estão incluídos no preço. O passeio prevê uma parada em um café do bairro e termina no monumento “Sapatos à Beira do Danúbio”
A Nova York do barroco
Mercado Central
Mercado Central
Nosso próximo destino era o Mercado Central (Great Market Hall em inglês ou Nagy Vásárcsarnok em húngaro). Há duas estações de metrô perto – a Kálvin ter (linhas azul e verde) e a Fövam ter (linha verde).
Centrál Kávéház
Nós optamos por ir caminhando, para dar uma passadinha por um café histórico, o Centrál Kávéház (rua Károlyi, 9). Inaugurado em 1887, é point de jornalistas, escritores e intelectuais em geral, ao estilo dos cafés vienenses. A decoração art nouveau e os doces são um super atrativo, mesmo antes do almoço. Sim, sim, quem falou que não pode?
De volta à rua seguimos pela rua Károly até a praça Egyetem (ou Egyetem ter), entramos na rua Királyi Pál e seguimos até a avenida Vámház, onde dobramos à direita. Dali já se vê o prédio do Mercado Central. Tudo o que eu tinha lido antes da viagem sobre esse mercado dizia que era uma visita imperdível. E é mesmo.
Começamos pelo andar térreo apenas observando os produtos à venda – frutas, legumes, temperos, queijos, vinho, carnes e embutidos. Não tem lugar melhor para comprar lembranças de viagem, desde saquinhos de páprica e pacotinhos de açafrão legítimo até um vinho Tokaji (ou Tokai). E também é o local certo para comprar frutas para levar para o hotel/apartamento.
O plano original era subir as escadas e almoçar nos quiosques de comidas tradicionais, mas rapidamente mudamos de ideia. O primeiro andar abriga os quiosques de comida, mas também os que vendem produtos tradicionais – lindos bordados e cerâmicas – além dos boxes de quinquilharias turísticas em geral, tipo chaveirinho, caneca e outros no gênero. Com o calor e a hiperlotação de turistas, acionamos o plano B.
Um bandejão no Mercado
Desistimos das barracas e encontramos um restaurante, o Fakanál Etterem, que serve comida húngara no estilo bandejão. O clientes entram na fila, pegam bandeja, talheres, pão, e chegam ao balcão das refeições. Dai escolhem uma das opções que estão escritas na parede, o atendente serve e entrega o prato. Então a fila segue passando pelas bebidas e outras opções, como saladas. Depois de pagar, é só achar uma mesa livre.
O mau humor causado pelo calor e pela super lotação do andar passou assim que provamos a comida. Minha filha pediu schnitzel com fritas e eu escolhi uma combinação de batatas, creme e lingüiça que leva o nome de Rakott Burgonya. A conta ficou em 7.410 HUF com bebida (12,35 euros por cabeça). A porção era farta, alimentava turistas que tinham andado a manhã inteira. Apesar de cheio o restaurante era agradável e um trio de senhores sorridentes caprichou na música cigana.
Alimentadas e com algumas compras, pegamos o metrô de volta para o apart, para deixar as coisas antes de seguir para a próxima etapa.
Passeios com a Viator:
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Capa Center
Capa Center
A atração seguinte era o Capa Center, a alguns quarteirões de distância, então fomos a pé mesmo. O Capa Center é um instituto dedicado a fotografia, criado em homenagem ao famoso fotógrafo de guerra Robert Capa. Húngaro de nascimento, teve uma vida aventureira, cobriu conflitos importantes dos anos 30 até meados dos anos 50. É bastante conhecido pelas fotos que fez ao participar do desembarque das tropas aliadas no Dia D, durante a 2ª Guerra Mundial. O instituto ocupa um prédio lindo no número 8 da rua Nagymező. Exibe trabalhos de Capa em duas salas altamente refrigeradas e também outras exposições temporárias. Vale muito a visita para quem gosta de fotografia.
Robert Capa Contemporary Photography Center
- Nagymező u. 8 | Abre diariamente, exceto feriados, das 11h às 19h (consulte os dias de fechamento aqui) | Ingresso: 1.500 HUF adulto; grátis com Budapest Card
A programação do dia foi encerrada na piscina, numa visita ao parque termal Széchenyi, mas essa experiência eu conto no próximo post…
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