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Número de brasileiros barrados na Europa sobe 60% em 2018. É para se preocupar?

Brasileiros barrados na Europa

A notícia saiu há pouco. Em 2018 quase 5 mil viajantes brasileiros foram impedidos de entrar no Espaço Schengen. Um aumento de 60% com relação a 2017, quando a imigração barrou 3 mil brazucas.

Com isso, o Brasil ficou em 7º lugar no ranking de barrados na Europa — atrás de Ucrânia (com 58 mil barrados), Rússia (26 mil), Albânia (25 mil), Belarus (8 mil), Sérvia (7 mil) e Moldova (6 mil).

5 mil brasileiros barrados: é muito?

O grande aumento do número de barrados não é uma boa notícia, evidentemente. Mas os números absolutos ainda são baixos. Apenas Portugal recebeu, em 2017, 870 mil viajantes brasileiros. Em 2018, foram 950 mil visitantes brasileiros somente a Portugal.

Não consegui achar números totais de visitantes brasileiros à Europa inteira ano passado, mas em 2017 foram 1,5 milhão, segundo a Atout France, a ‘Embratur’ francesa.

Se esse número tiver ficado estável em 2018 (acredito que deva ter crescido), num universo de 1,5 milhão de brasileiros, os 5.000 barrados representariam 0,33%. Ou seja: para cada 1.000 brasileiros que entraram na Europa, 3 foram barrados.

7º lugar no ranking? Por que tão alto?

Aqui é preciso entender que o Brasil é o maior e o mais importante, economicamente falando, entre os países emergentes cujos cidadãos podem viajar à Europa sem visto prévio. Chineses, indianos, sul-africanos, tailandeses, indonésios, a maioria dos turcos e todos os cidadãos de países de Terceiro Mundo precisam solicitar visto antes de viajar. (A grande exceção é para a América Latina, que em sua maioria pode viajar sem visto.)

Ou seja: muitos viajantes de países emergentes são barrados antes de conseguir organizar a viagem, e por isso nem sequer aparecem nas estatísticas.

Dos países que estão à nossa frente em entrada negada, quatro são isentos de visto prévio (a campeã Ucrânia, Albânia, Sérvia e Moldova). E, assim como acontece com russos e bielo-russos, a maioria das entradas a esses viajantes é negada em fronteiras terrestres.

60% de aumento: aqui está o problema

O que preocupa na notícia dos brasileiros barrados não é o número absoluto nem a posição no ranking. É o crescimento relativo. 60% de aumento de entradas negadas num ano não é bolinho.

De fato, isso revela que estamos sendo alvo de um escrutínio maior. Que não acontece à toa. Depois de quatro anos de economia estagnada e com um fluxo perceptível de imigrantes (legais e ilegais) a Portugal, já não somos mais vistos como os novos-ricos deslumbrados que vêm para fazer compras. Voltamos a ser candidatos à imigração ilegal.

Mais do que nunca, é preciso fazer tudo direitinho, papai-mamãe, para ter uma entrada tranqüila no Velho Mundo.

Requisitos de entrada no Espaço Schengen

Os agentes de imigração têm total autonomia para decidir se o passageiro que desembarca é um turista ou um imigrante ilegal. Não cabe recurso à sua decisão. Por isso é importante seguir as regras de entrada no Espaço Schengen.

Os agentes sempre pedem para ver todos os documentos?

Não. Na maioria das vezes, apenas responder que países você vai visitar e quanto tempo vai ficar na Europa já é suficiente.

Mas o mais seguro é trabalhar com a pior das hipóteses. Por isso, providencie todos os documentos citados aqui embaixo e organize todos numa pastinha. Leve essa pastinha à mão na hora de passar pela imigração.

1. Passagem de volta

Tenha uma passagem de volta, ou pelo menos de saída do Espaço Schengen, num prazo de até 90 dias depois da sua chegada. Brasileiros só podem permanecer legalmente no Espaço Schengen por no máximo 90 dias a cada 180 dias. Esses 90 dias podem ser contínuos ou espaçados. (Mas a cada nova entrada o agente da vez decide se você entra ou não.)

Número de brasileiros barrados na Europa sobe 60% em 2018. É para se preocupar? 1

2. Reservas de hotel (ou carta-convite) para toda a viagem

Faça reservas de hotel para todos os dias da sua viagem. Além de cumprir a regra do Espaço Schengen, você vai fazer uma viagem melhor (eu explico por que neste post).

Caso você vá ficar em casa de amigos ou parentes, vai precisar de uma carta-convite do anfitrião, explicando que vai hospedar você entre os dias tal e tal. A carta precisa mencionar nome, documento, endereço, telefone e email do anfitrião — e se possível ser assinada, mesmo se enviada por email. Se entrar por Portugal, a carta pode ser em português. Entrando por outro país, é melhor fazer direto em inglês. Veja um modelo de carta-convite.

3. Seguro-viagem de 30.000 euros

Não tem segredo. Este seguro-viagem é vendido por todas as seguradoras. E vale também para países que estão fora do Espaço Schengen, como o Reino Unido e a Turquia. Mesmo que não fosse obrigatório, não seria inteligente viajar à Europa sem seguro.

4. 65 euros por dia, por pessoa (90 euros na Espanha)

É muito raro que um agente de imigração chegue à etapa de comprovação de fundos para subsistência na viagem. Mas se chegar a esse ponto, tenha à mão ou o dinheiro vivo ou extratos de cartão de crédito ou cartão pré-pago (tipo Travel Money) que comprovem que você tem o limite/saldo do tamanho necessário.

Leve também: recibos de passeios, deslocamentos e atividades

Se você alugou carro, já comprou entradas de museus ou atrações, tem reservas de passeios guiados, já comprou as passagens para o deslocamento interno, organize também esses recibos no fim da pasta.

Nada disso consta das exigências de entrada, mas o conjunto desses recibos ajuda a caracterizar que você está viajando a passeio.

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324 comentários

Oie! Tudo bem? Primeiramente, obrigada pelas informações! No entanto, algo ainda me confunde. Vou à Paris por Madrid, portanto, devo ir com dinheiro que a França diz ser o mínimo necessário (32,5 euros pra quem tem carta convite), já que é meu destino e onde ficarei 25 dias, ou por a imigração ser feita na Espanha, devo ter a quantidade que ela exige?
Muito obrigada!

    Olá, Camila! O objetivo é não dar sopa para o azar. Nâo dê motivos para o agente implicar com você. Se vai fazer imigração na Espanha – e portanto, ficar livre para permanecer na Espanha mesmo que você diga que vai para a França – cumpra as exigências da Espanha.

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