A Latam e a Azul anunciaram um acordo de compartilhamento de alguns voos e de seus programas de milhagem para enfrentar a crise causada pela pandemia.
Só vamos poder avaliar todas as implicações desse acordo quando o mercado voltar a funcionar. Mas não é preciso ser um guru da administração para saber que diminuição da concorrênca nunca é uma boa notícia para o consumidor.
Provavelmente você não tenha idade para lembrar, mas entre fevereiro de 2003 e maio de 2005 duas cias. aéreas brasileiras compartilharam seus voos: a TAM (uma das formadoras da Latam) e a Varig.
Os efeitos foram perversos para o cliente. Juntas, TAM e Varig simplificaram seu serviço de bordo, equiparando-se à concorrente barateira Gol, que era conhecida como a cia. aérea da barrinha de cereal. A Gol, por sua vez, aproveitou para subir seus preços para um patamar mais próximo ao da TAM, a mais cara das três.
O experimento não cumpriu seu maior objetivo, que era salvar a Varig: a cia. acabou liquidada em 2007. A TAM perdeu a sua imagem de excelência construída desde os anos 90, e a Gol desviou da sua rota original, que era ser a primeira low-cost brasileira.
De todo modo, ainda é cedo para condenar o novo acordo entre Latam e Azul. A essa altura do campeonato, o principal interesse do viajante brasileiro é que, passada a pandemia, ainda existam cias. aéreas voando para todos os cantos do país. Se alguma cia. não sobreviver à crise, será pior para todos.
Mas depois, tem que ver esse negócio de concorrência aí.
Publicado em 18/6/2020
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