Aluguel de carro em Cuba (pra Luisa)

Estrada La Farola, Cuba (foto: João Leitão)

Ai que inveja! (positiva! positiva!)

A Luisa, do exxxxxcelente Arquivo de Viagens, vai fazer uma viagem que está entre os meus maiores sonhos de consumo: quinze dias por Cuba, com hospedagem em casas particulares.

Só que, em vez de andar de ônibus, ela está pensando em alugar um carro. E, na falta de nomes conhecidos como Hertz ou Avis, está com dificuldade de escolher entre as locadoras locais (Rex, Cubacar, Micar, Havana Autos).

Fiz uma pesquisa rapidinha. Achei muitas reclamações contra a indústria de multas e propinas e um ótimo relato do viajante português João Leitão, que alugou pela Cubacar, gostou da experiência e tem uma lista de conselhos a quem queira ir pelo mesmo caminho.

Atenção todos os trips que já alugaram carro em Cuba! Compareçam à caixa de comentários! Gracias!

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91 comentários

Caro Juan,
Eu sou brasileiro e ser positivo faz parte do meu ADN. No entanto, passar por tudo aquilo e ainda ser ameaçado foi demais para mim.
Sou brasileiro e vivo em Portugal há 30 anos. Já trabalhei no Brasil, nos EUA, Portugal, Suíça, Angola e Lybia. Conheço cerca de 40 países em 4 continentes e confesso: nunca passei em nenhum deles o que eu passei em Cuba. Se queres uma opinião poética sobre Cuba, eu diria que sim. Se querem uma visão realista, eu diria JAMAIS.
Penso que, se o objetivo é que falemos a verdade, então eis a verdade.
Se querem conhecer Cuba, eu aplaudo a decisão, mas não esperem um país justo, com serviços de qualidade, uma culinária fantástica… isso, definitivamente, não vai acontecer.

Acabei de chegar de Cuba e trago um grande conselho: Se têm medo de sofrer um ataque cardíaco, um AVC ou uma forte depressão, NÃO ALUGUEM CARRO EM CUBA. Aliás, por cebtenas de razões, não vão sequer a CUBA.
Acabei de chegar de lá e trago as piores experiências da minha vida, inclusive a de ter sido obrigado a pagar um valor indevido à CUBACAR, sob pena de prisão e de não poder mais sair do país. A CUBACAR deverias ser chamada de CUBAasuraCAR: verdadeiras sucatas, cheirando a podre, sem a menor segurança (sem freio) etc. Cuba não está preparada nem para os cubanos, muito menos para turistas.

    Seria interessante se esse comentário tivesse mais informações acerca do ocorrido. Ficou confuso.

    Caro Eduardo,
    Eis a sua resposta. Peço desculpas pela demora, mas precisei de algum tempo para a escrever. Espero ser elucidativo, mas estou disponível para as dúvidas que tu ou qualquer outra pessoa precise esclarecer.

    SOBRE CUBA:
    Acabei de chegar de Cuba, e trago uma experiência inesquecível, para pior.
    O país está degradado e entregue à sorte. Com salários médios de 20€/mês, para os que têm a sorte de ter um emprego, resta-lhes a caça aos turistas, com uma pessoa de minuto a minuto a pedir dinheiro, a pedir que lhes compre alguma coisa ou para fazer câmbio de moeda. Nalguns casos, pedem até a roupa que temos vestida. Não há simpatia senão por interesse. Se alguém se aproxima para dar alguma ajuda ou para dar uma informação, não tarda nem um minuto para sabermos qual era a intenção original.
    São um povo muito alegre, mas que só falam de desgraça, da fome, da falta de emprego, da ditadura e de um monte de outras coisas negativas para nós, que só queremos descansar e desfrutar um pouco as nossas merecidas férias. E têm razão. Segundo ouvi, Cuba perde cerca de 20.000 jovens por mês, que fogem da pobreza e da instabilidade política. Um médico cirurgião ganha cerca de 35 Euros por mês, quando nalguns restaurantes, localizados no meio de bairros horrorosos e malcheirosos, um jantar com frango assado, sem entradas, sem vinho e sem sobremesas custou-nos 65,00 Euros (La Guarida). Segundo ouvimos, se precisarem fazer uma cirurgia, têm de levar as suas próprias agulhas, os bisturis, curativos etc., porque os hospitais não têm esses artigos. Mas esses artigos não se vendem nas farmácias, por isso, têm de pedir a algum parente que esteja na Europa ou nos Estados Unidos que os envie e ainda têm de pagar elevadíssimas taxas de alfândega para os receber. Se um médico resolver deixar o país, não terá o direito de levar consigo o seu título acadêmico, porque o governo apaga todo o seu histórico escolar e noutro país será um analfabeto, que só poderá trabalhar como empregada doméstica ou a servir de empregado de restaurantes. E não poderão retornar a Cuba
    Ao alugarmos um carro, deram-nos um lixo, que fundiu o motor deixando-nos na estrada durante horas, porque a assistência é muito precária. Quando a assistência finalmente chegou, fizeram-nos retornar a Cienfuegos (estávamos quase a chegar em Trinidad) para nos trocarem o carro, mas o que nos deram, além de parecer ter saído de uma betoneira (todo amassado, com os para-choques emendados e imundo) cheirava a peixe podre e não tinha pastilhas de freio, isto é, o freio fazia-se com ferro contra ferro. E não pudemos recusá-lo, sob pena de ficarmos a pé. Em Varadero substituíram-nos esse também, depois de 2 dias de insistência (e de tempo perdido e stress), mas na hora de o devolver, em Havana, cobraram-me indevidamente uma diferença de gasolina, que quando disse que não era justo, porque estava escrito no documento que o carro deveria ter 10 litros de combustível ou o pagamento do valor (e o carro tinha uns 15 litros) , ameaçaram-me a que se eu não pagasse o valor, chamariam a polícia e eu não poderia mais sair do país (CUBACAR – HAVANA – SR. IDELFONSO). Além disso, obrigaram-me a pagar o preço em Euros, ao invés da moeda nacional, o que correspondia a 10 vezes o valor que eu pagaria no posto de gasolina. Uns verdadeiros ladrões e criminosos. O tom de ameaça fez-me lembrar a opressão que se sofre em países como Rússia e Coréia do Norte, onde as pessoas não têm qualquer direito.
    Se optar pelo aluguel de um carro, recebes um carro que no meu país deveria estar no ferro velho. Na hora de abastecer, perdes horas nas filas e no final, ou falta gasolina, ou falta energia ou falta a gasolina especial (única utilizada nos carros mais modernos) ou falta tudo. Ainda por cima, só deixam abastecer 10 litros, que significa que vais ter de passar pela mesma situação pouco depois. Com isso, muitas vezes temos de alterar os nossos planos para não ficarmos no meio da estrada sem gasolina, o que nos faz perder dias de viagem. Ao chegar a um posto de serviço, muitas vezes o tempo de atendimento é tão longo que perdemos tardes inteiras.
    Se optamos pelos táxis, temos de nos preparar porque nem sempre aparecem conforme combinado. Nas ruas, muitas vezes gastamos horas até encontrar um táxi e se chover, eles ficam todos em casa, para pouparem os carros porque não conseguem ver os buracos na rua, que ficam cobertos de água. Quando estão escassos, cobram-nos o que querem. Às vezes temos de entrar num táxi e pagar um valor elevado e ainda dividir o carro com 2 bêbados, que foi o que nos aconteceu em Havana.
    A comida é má e insalubre. O serviço é péssimo. Muitas vezes os menus nem são apresentados porque ou só há 1 prato ou 2 alternativas. Por conta disso, em 3 dias já nem suportávamos a comida. 1 cerveja de lata de 330ml custa pelo menos 2 Euros. Um refrigerante custa o mesmo. Um mojito custa menos, por isso, sais de Cuba com o seu fígado em péssimo estado.
    As casas particulares, alternativas aos hotéis, vivem na pobreza e nalgumas nem havia um sabonete. Os cortes de luz diários obrigam-nos a andar com as lanternas dos telefones acesas, em casa e nas ruas e dormir com mosquitos e num calor de 40 graus é para esquecer.
    Os carros velhos são bonitos, as praias são ótimas, as bebidas são boas, mas nada mais. As pessoas são simpáticas, mas na verdade querem o nosso dinheiro. Se nos abordam e nos dão algo como um charuto, alegando que “trabalham na fábrica”, logo de seguida começam o peditório e o melhor é devolver a porcaria do charuto e fugir. Aliás, o melhor mesmo é nem deixar que se aproximem de nós, porque quando isso acontece, é sempre em nosso prejuízo. Melhor alternativa: ignorá-los. Aprendemos que quando queremos uma informação, temos de a pedir a alguém que esteja a trabalhar numa loja, para não corrermos o risco de a pessoa querer te levar ao local e tentar nos extorquir.
    Fiquei em Cuba durante 16 dias e estive em Havana, Viñales, Pinar del Rio, (estas últimas sem infraestruturas por causa do furação), Playa Larga, Cienfuegos, Trinidad, Santa Clara e Varadero.
    Em Pinar del Rio minha mulher apanhou uma intoxicação alimentar. Felizmente foi tratada num hospital público onde, segundo a médica, foi-he administrada a última injeção disponível, o que significava que se houvesse outra pessoa na mesma condição, morreria.
    Em Cienfuegos, andei montes de quilómetros numa serra, com a estrada toda esburacada, até chegar a um ponto turístico chamado El Nicho. Seria bom dar um mergulhinho naquela cachoeira, mas infelizmente nem a vi. Cobravam-nos 10 Euros por pessoa para termos acesso à cachoeira. Mas isso não foi o pior. O valor tinha de ser pago EM EUROS, EM NOTAS. Como já tínhamos trocado todos os nossos euros, tivemos de voltar. Não voltei triste, mas sim revoltado com a situação (os cubanos pagam uma ninharia, em moeda cubana).
    Em Trinidad, tive de acompanhar um morador local numa compra de supermercado para ser eu a pagar com cartão de crédito (o único lugar que aceita cartões) e receber o dinheiro que iria pagar.
    Em Santa Clara o dinheiro acabou e das 5 ATM que existiam, nenhuma delas aceitava VISA, Mastercard ou American Express. Naquela noite dormi com fome e quando passei em frente a um bar animado com música, quase chorei de tristeza. Tive de antecipar a minha viagem para Varadero, na esperança de lá poder sacar algum dinheiro, o que felizmente aconteceu.
    Em Varadero, gastei o dia que tínhamos para ir à praia entre uma e outra agência da CUBACAR, que levaram o dia todo para fazerem a troca do carro, porque se eu tivesse um acidente por falta de freio, teria de pagar um carro novo à locadora, porque o seguro que me custou 300 Euros não cobria acidentes.
    Enfim, se eu soubesse que passaria 10% desse sufoco em Cuba, jamais teria visitado aquele país. Foi a minha primeira e última visita à terra de Fidel. Conheço cerca de 50 países e alguns muito complicados, como Myanmar, Índia, Bósnia, Bulgária e Rússia, mas nunca passei o que passei em Cuba.
    Por isso, em nome da vossa sanidade mental, sigam o meu conselho: FIQUEM LONGE DE CUBA! Pelo menos nos próximos 20 anos, se é que aquilo um dia vai melhorar.

    É pq vc é pé frio. As pessoas sentem a energia, ai dá tudo errado mesmo.

Estou indo a Cuba dia 03 e volto dia 14/12
Quando chegar posto minhas dicas aqui, já que sou leitora assídua do Ricardo Freire. (Peguei dicas excelentes para o Chile, quando fui em julho com meus filhos).

Beijos

Amigos… estive em Cuba em outubro de 2011 e estou voltando lá neste final de ano. Minha experiência com locação de carro foi a melhor possível…. fiz um amigo, algo fácil de se fazer em Cuba, e lhe disse que precisar de um carro por 4 dias….ele me alugou o próprio carro por 30 cuc’s diários(moeda cubana para turista). Foi muito divertido. Eu ganhei ele ganhou pois a renda mensal de um cubano não passa de 18 dólares/mês.

Olá,
Vou passar 2 noites em Havana e 5 noites em Varadero e gostaria de saber qual é a melhor opção para ir a Varadero. Taxi? Onibus? Alguma dica de traslado?
Obrigada!

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