Atacama com estilo: Tierra Atacama

A piscina que não deu tempo para aproveitar... snif

Minha ida ao Atacama não serviu apenas para ver com meus próprios óculos as paisagens singulares do deserto mais árido do planeta. Aproveitei o convite do hotel Tierra Atacama para conferir um tipo de hospedagem que nasceu na região e combina, numa mesma experiência, aventura e sofisticação.

Ferrugem, pedra, madeira, vidro: rústico com design

Não chega a ser “luxo”, porque o luxo tradicional não caberia num lugar como o Atacama. A palavra central aqui é “rusticidade” — cenografada com extremo bom-gosto, acolchoada com todos os confortos e mordomias, e envolta por uma aura eco de turismo sustentável.

Um dos ambientes do living

Quem inventou o estilo foi o hotel Explora, aberto em 98, que fez pela hospedagem em destinos de aventura a mesma revolução que, na década anterior, os Amanresorts tinham feito pela hospedagem em destinos exóticos. (Outros hotéis do gênero na região: Awasi, Cumbres (ex-Kunza) e Alto Atacama).

Meu bangalô

O Tierra Atacama é um dos mais novos no seu nicho. É da mesma família que opera a estação de esqui de Portillo, no alto dos Andes (bem na divisa de Chile e Argentina). Ao ser aberto, em 2008, o Tierra entrou tanto na Hot List da Condé Nast Traveler quanto na It List da Travel + Leisure.

A vista do solário do meu bangalô

Como os demais hotéis top da região, o Tierra Atacama fica fora do centrinho de San Pedro — a 5 minutos de carro, ou pouco mais de quinze minutos de bicicleta (que são emprestadas grátis na recepção). O hotel aproveita as instalações de um antigo curral; a piscina, as áreas sociais e a ala de bangalôs da frente têm vista para o vulcão Licancabur.

De noite eles acendem uma fogueirita nesses nichos

Você chega, se instala e logo volta para fazer uma consulta com uma espécie de concierge de expedições. Em frente a um excelente mapa plotado numa das paredes do living, você discute os passeios possíveis durante a sua estada, levando em conta a aclimatação à altitude e a sua forma física.

Escolhendo os passeios

As diárias incluem dois passeios curtos ou um passeio longo por dia. Os grupos são pequenos — você sai sempre de van — e os guias são fluentes em várias línguas; muitos têm formação em geologia ou biologia. Tudo perfeitamente organizados e rico em informação.

Passeios da manhãDetalhe do quartoUm mergulho depois do passeio?

Refeições e bebidas — vinhos Casillero del Diablo, cerveja, quantos piscos sauer você quiser — também estão incluídas. O café da manhã é buffet, e há um menu compacto no almoço e no jantar, com três opções de entrada, prato principal e sobremesa (no almoço também há uma opção de sanduíche). Na minha estada, o ponto alto à mesa foi um pato com coulis de framboesa e muffin de milho que estava divino. (O ponto baixo foram conchiglioni aos quatro queijos que passaram do ponto no forno e vieram quase torrados.) O serviço é suuuuupersimpático, sem nenhuma afetação.

Pato, framboesa, muffin de milho, nham!

Locos e batatasCamarões do Equador empanados com cocoPeixe com legumes

São pagos à parte vinhos nobres, massagens e tratamentos no spa (mas o uso da sauna é livre).

A piscina térmica no spa

Nos pacotes a partir de três noites, as diárias para casal ficam um pouco abaixo de US$ 800. Vale tudo isso?

Outro ambiente do livingO restauranteDucha na piscina

Evidentemente é possível fazer o Atacama por muito menos. San Pedro é uma meca para mochileiros do mundo inteiro. A Sílvia Oliveira do Matraqueando recentemente fez um belo trabalho identificando alternativas confortáveis e abordáveis.

Pelo pacote completo, porém — o estilão, o conforto, a gastronomia, a qualidade e a comodidade dos passeios — o investimento me parece plenamente recompensado. Dá para gastar mais do que isso em alguns hotéis de praia no Brasil, só com café da manhã. E a experiência de visitar um dos lugares mais bonitos do planeta sem absolutamente nenhum risco de perrengue — é um momento MasterCard, pípols.

Sol garantido: não tem preço

Fiquei três dias no Tierra Atacama; foi pouco. O ideal — não importa a maneira que você viaje — é ficar pelo menos cinco dias, para fazer todos os passeios imperdíveis (no meu caso, faltaram as lagoas altiplânicas e o Salar de Tara). Se você vai ficar no Tierra Atacama, sugiro programar uns dois dias apenas com passeios curtos, para poder curtir o hotel e o spa. Uma piscina bacana no deserto permite que você se vingue de todos aqueles dias chuvosos que você pegou na última ida à praia…

Hospedagem a convite do hotel Tierra Atacama

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73 comentários

Riq, você chegou a conhecer o Awasi? Pelas fotos e sites o Awasi me pareceu a melhor opção do Atacama.

    Não deu tempo, Hugo.
    As tarifas do Awasi são um pouco mais apimentadas — dá 1.200 dólares a diária por casal.

Quem ainda nao foi, aproveite agora o descontao que o hotel esta concedendo e as passagens camaradas que a LAN anda liberando. Amei os dias que passei no Tierra Atacama em janeiro – o lugar eh surreal e o hotel eh de um profissionalismo impressionante (adorei rever Pamela aqui na fotinho :mrgreen: )

por alitude quis dizer altitude…

    Nessa minha curtíssima temporada não vi ninguém ter problemas. Eu não tive. Segui as recomendações de beber muuuuita água 😉

Nossa adorei este post,Atacama está na minha lista de “quero ir”. Você sabe me dizer se lá os visitantes costumam ter algum problema com alitude?? É que passei MUITO mal em Cuzco e ando meio ressabiada…

Riq, esse hotel fica ao lado de um riacho e perto do Pukará de Quitor? (a fortificação de pedras). Se for, eu postei uma foto quando ainda estava em construção, em 2007. Furo de reportagem 😉

    É esse mesmo. Visitei o Pukará de Quitor (tour arqueológico) e lá de cima a gente vê toda a infra do hotel.

Eu também sempre tive vontade de ir para o deserto do Atacama,depois que Riq foi, a vontade só aumentou!

Nossa, para quem quer viajar nos próximos meses esse é o momento. Eu já pensava em ir para o Atacama, mas depois dos posts do Riq eu tenho certeza de que um dia irei lá.

O Tierra Atacama quer convidar a todos os seguidores do blog do Ricardo a vivenciar a experiência do Hotel & Spa! Aqueles que efetuarem reservas antes de 10 de Abril podem viajar com um desconto de 15% em Abril, Maio ou Junho, sujeito à disponibilidade (restrições são aplicadas). Entrem em contato para mais informações.
[email protected] http://www.tierraatacama.com +56 2 263 0606

    Uau! Muito bacana!

    (Pessoal, eu não falei que esse é o momento de aproveitar o Chile…)

    :mrgreen:

    Espero que apareça uma promoção dessas no próximo ano, pois 2011 vai ser dedicado ao Chile. Pretendo ir ao Atacama e a Torres del Paine, além de Vina del Mar e Valparaíso.

    Inicialmente eu pretendia ficar no Explora do Atacama, talvez até fazendo a travessia da Bolívia ao Chile, mas, com este post já surgem novas opções.

Riq, sabe que um ex-guia do Explora me contou que eles (o Explora) não são muito queridos pela população local. Ele disse que teve uma tremenda crise de consciência ao chegar lá e abandonou o emprego. Foi viver com os nativos, aprender sobre sua cultura.
O guia disse que eles exploram e retornam pouco para a região. Enfim, é uma longa discussão que não tive oportunidade de aprofundar. Mas fica a polêmica…

    Priscila,

    Eu estive no Explora da Ilha de Páscoa, e um taxista de lá, que era ex-empregado do hotel, elogiou bastante o comportamento do hotel. Mas isso, claro, é muito relativo.

    É óbvio que para os donos de restaurantes, por exemplo, qualquer hotel all inclusive é terrível. Aliás, eu só vi descobrir qual moeda circulava na Ilha de Páscoa (são pessos, mesmo) já no último dia, quando eu fui comprar lembranças no mercado central, pois todo o resto, inclusive entrada de museu e táxi para a cidade à noite estavam incluídos na diária. E a entrada do show de dança típica, foi pago no hotel.

    Mas eu acho que, no geral, esse tipo de hotel é benéfico para a região.

    Priscilla, minha opinião pessoal é que qualquer mudança, mesmo que positiva, sempre deixará alguns incomodados. Se o argumento de “nativos” fosse aplicado a uma tribo isolada no meio da Amazônia, eu até entenderia. No Chile, um país tão ou mais moderno que o Brasil, simplesmente não cola.

    O fato ignorado por muita gente que reclama de hoteis de luxo, mesmo que bem construídos e tal, ignora que o tipo de turista que vai a esses hoteis não é o mochileiro que deixou de ficar em uma pousada local mambebe ou albergue para gastar US$ 800 em um hotel de luxo. Em outras palavras, quem viaja a esse tipo de hotel provavelmente não iria (o Riq seria exceção) para lá se não houvesse tais opções confortáveis.

    Além disso, a menos que queiramos transformar os lugares em zoológicos humanos (referência ao BBB intencional), não tem como dizer que um visitante não vai ser impactado pelo lugar que visita, e que a população que passa a receber forasteiros vai permanecer imune. É um processo natural e absolutamente normal de interação humana.

    Em geral, hoteis que vendem excursões fechadas ou serviços do gênero prosperam em lugares em que os locais não se organizaram para oferecer, antes, serviços organizados no nível que os visitantes desejam.

    Dois exemplos brasileiros: em Bonito (MS), antes de chegar a expansão hoteleira houve uma boa organização dos tours, até porque a maioria está em áreas particulares. Nenhuma pousada ou hotel tem grupo próprio fechado por lá. Já em Barra Grande, mesmo todo mundo sabendo que o lugar iria bombar em alguns anos, o pessoal não se mexeu nesse sentido, por exemplo.

    Sobre guias, não quero ser preconceituoso, mas um programa como esse aí (guia formado e especializado, com quem possa ter uma conversa científica sobre o assunto) me atrairia muito, enquanto alguém, não importa o qual “local” seja, que fique repetindo mecanicamente o que eu posso ler na Wikipedia seria entediante.

    Por fim, lugares “high-end” podem acabar colocando no mapa o destino para públicos de orçamentos mais moderados que usarão serviços dos “locais” e vice-versa. Em Manaus, o caríssimo Aruaú Towers e outros hoteis de selva inicentivaram com o tempo hoteis na selva mais baratos e acessíveis. Já em Trancoso e Espelho, foi o movimento de Porto Seguro, associado ao turismo de massa (e põe massa nisso), com seus vôos frequentes e estradas asfaltadas, que possibilitou que esses lugares se tornassem descolados sem estarem isolados e inacessíveis aos pobres mortais.

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