Deserto: fim de tarde no Salar de Atacama

Uma vez flamingo....



Confesso que, ao chegar ao local, não achei que o passeio fosse ser isso tudo o que falavam. Às 6 e pouco da tarde (o Chile continua artificialmente em horário de verão) a luz era chapada; o salar de Atacama (uma escultura impressionante da natureza, desenhada pela evaporação) estava um cinza-sujinho; e nada indicava que eu fosse fazer uma colheita satisfatória de fotos.

18h30



De cara, eu já vi que a minha zoom (a pobre Zunzinha) não era suficiente para pegar os flamingos que pastavam no laguinho salgado (os bichos ficam 95% do tempo de cabeça baixa ruminando micro-camarões). Além do quê, fiquei envergonhado — ao meu lado havia um grupo de fotógrafos de verdade, que dominam suas câmeras (eu sou dominado por ela).

Pobre Zunzinha



Mas eis que… dez minutos depois o sol começou a baixar e a esquentar a paleta de cores de uma maneira incrível.

18h40
18h45
18h50


As cores apareciam como se Alguém lá em cima estivesse operando a função contraste do Photoshop, sem medo de ser feliz.

19h05


Por sorte, consegui até acertar o foco numa mini-revoada de flamingos que passou por cima de mim. (Já tinham passado outras e eu tinha perdido todas.)

Sempre flamingo eu hei de ser
19h15

Menos de quarenta minutos mais tarde, quando começou a se esconder por trás da cordilheira, o sol foi esfriando os matizes. Nem parecia o mesmo lugar que eu tinha acabado de fotografar.

Fomos embora, e a aura amarelada do lento pôr do sol do deserto nos acompanhou por boa parte da viagem de volta ao hotel.

Bonne nuit les amis
  • Considerado o terceiro maior salar do mundo, o Salar de Atacama fica a 2.300 metros altitude e aproximadamente a 55 quilômetros de San Pedro
  • Passeio ideal para o final da tarde, com direito ao pôr do sol e a vista para o vulcão Licancabur
  • O caminho é plano e não requer participar de grandes trilhas
  • É nessa região que fica a Reserva Nacional dos Flamingos
  • Na mochila, leve protetor solar, hidratante labial, boné ou chapeu, tênis ou bota de trekking e mantenha-se hidratado

Passeio feito a convite do hotel Tierra Atacama.

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69 comentários

Lindas fotos, tb fiquei com saudades do Atacama… Não sei se já foi ao passeio para os Geisers del Tatio, vai garantir lindas fotos, é bem interessante e passa por uma vila minúscula chamada Machuca…O unico incoveniente é o horário do passeio, por volta de 4 da matina! Outra coisa que amei foi o tour astronomico com um astronomo frances, radicado no Atacama, com uns telescópios maneiríssimos e com direito a chocolate quente no final, vale muuito a pena!
Bjão. Aproveite!

Não sei se sou eu que não estou vendo direito ou se é isso mesmo… Nas fotos 4 e 5, aquelas pessoas estavam caminhando sobre o Salar, pisando nele mesmo? Fiquei chocada – quando eu fui, em 2000, isso era expressamente proibido, em nome da preservação ambiental, do equilíbrio do ecossistema e tal… 😯

Faço coro com os elogios às fotos!!! Eu sei que elas vêm “semi-prontas” de fábrica, mas sem um olhar fotográfico sensível não ficariam tentadoras! 😉

Riq, só para dar um ar mais “científico” nessa questão do “horário errado” do Chile… Eu verifiquei o horário do ponto de evelação máxima do Sol aí no Chile e Argentina.

Em outras palavras, é o horário local em que o sol está mais “alto”, dividindo as horas de sol ao meio. Um dia “perfeito” tem o ponto de elevação máximo ao… meio-dia! Os dados são de um site da NASA com latitude e longitude do Google Earth:

27/03
Punta Arenas – 12h46
Antofogasta – 12h46
Ushuaia – 13h38
Buenos Aires – 12h58
El Calafate – 13h54
Bariloche – 13h50

Podemos dizer que a Argentina está, relativamente, no “horário errado”, mas o Chile não 🙂

Só para comparação, os horários do ponto de elevação máximo hoje em algumas cidades brasileiras:
Brasília – 12h17
Porto Alegre – 12h30
Rio de Janeiro – 11h58
Salvador – 11h39
Recife – 11h24
Cuiabá – 11h49
Manaus – 12h05

Embora os horários do Nordeste não estejam tão “errados” assim, para o “horário do turista brasileiro”, em que acordar antes de 8h é anátema nas férias, já toma um pedaço bom das horas de sol, e a orlas com arranha-céus e prédios altos nas cidades maiores (= sombra a tarde na maioria das praias) faz o resto do “estrago”.

    Ok. Vou olhar umas datas durante o ano para JOÃO PESSOA e colocar o horário de início da Alvorada, o ponto mediano e o início do pôr-do-sol, nessa ordem:

    10/jan – 4:49 – 11:26 – 17:42
    10/fev – 5:01 – 11:33 – 17:44
    10/mar – 5:03 – 11:29 – 17:35
    10/abr – 5:00 – 11:20 – 17:20
    10/mai – 4:59 – 11:15 – 17:10
    10/jun – 5:27 – 11:18 – 17:10
    10/jul – 5:04 – 11:18 – 17:10
    10/ago – 5:07 – 11:24 – 17:21
    10/set – 4:54 – 11:16 – 17:17
    10/out – 4:38 – 11:06 – 17:13
    10/nov – 4:51 – 11:03 – 17:15
    10/dez – 4:34 – 11:12 – 17:28

    Ou seja, no horário em que a gente se instala na praia, o dia tá quase na metade 🙁

    Sempre achei que RN, PB e PE, e talvez AL, deveriam estar no fuso de Fernando de Noronha… Agora eu tenho argumentos científicos para tanto ^^

    Bom término de viagem pelo Chile.

    Eu não sei o que é certo ou errado cientificamente, mas minha opinião é que deveria clarear mais tarde do que acontece na maioria dos lugares no Brasil…

    Para mim não faz diferença sair de casa para o trabalho com o céu claro ou escuro… mas eu me sinto péssimo quando volto pra casa e já está escurecendo… tenho a impressão que perdi meu dia só trabalhando e quando vou viajar o dia sempre fica curto para aproveitar tudo como eu gostaria…

    Apóio totalmente o horário argentino que é defasado assim como acontece na Espanha (vai ver é culpa da colonização! 😀 )

Uau, uau e uau!
O Atacama é certamente o lugar mais interessante que já fomos!
E uma pena você não fazer o passeio das Lagoas Altiplanas.
Lá você seria “possuído” pela tua Canon Rebel.
Boa viagem pra vocês e ótima pra nós, que estamos acompanhando.
Alguma dica de algum grande hotel que abriu por aí?

Que lugar lindo! Que post lindo! parabéns, Riq! Vc continua imbatível quando se trata de transformar em post as suas experiências de viagem!
beijo gde

A foto de abertura, uma pintura. Imagino que você vai fazer (se já não fez) as Lagunas Altiplânicas… é lá que a câmera fotográfica entra em colapso! De emoção. 🙂

    Pior é que não vou fazer, Silvia. Tô indo agora pros geysers, vai ser meu último passeio. Mas eu quero voltar aqui para ver como é o combinado com Uyuni e Salta.

    Isso é o que me fascina nas viagens: saber eleger prioridades – de acordo com o tempo, o dinheiro ou meu estado de espírito – com a certeza de que um dia poderei voltar! 😉

    É vero Silvia, tanto que escolhemos uma foto das lagunas altiplânicas para capa do nosso blog 🙂

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