Banheiros compartilhados: modo de usar

The Jane - banheiro compartilhado

Entre as vantagens de já se ter feito uma ou duas viagens de mochila nas costas está não se tremer todo ao ouvir a expressão “banheiro compartilhado”. Temido por muitos, é uma solução bastante boa para os orçamentos mais apertados, em que o valor da hospedagem pode ser decisivo entre sair de férias e ficar em casa (como já dito pelo Riq por aqui). Também vem bastante a calhar quando dá vontade de esticar em alguns dias aquele roteiro tão bacana, ou quando a localização do hotel faz toda a diferença na experiência da viagem (bem como nas tarifas dos demais hotéis, com suítes completas e preços nas alturas). Por fim, para quem está acostumado a albergues, hotéis com banheiro compartilhado são um senhor upgrade!

Em junho de 2010 estive no The Jane, hotel econômico-com-um-tchans de Nova York, bem localizadíssimo no encantador West Village. Reservando com antecedência, dá para conseguir um quarto single por 99 dólares, em qualquer período do ano. O quarto não é maior do que um armário (o hotel descreve como “aconchegante”…), mas tem ar-condicionado, wi-fi grátis, televisão de tela plana e dock para iPod. Quem precisa de mais do que isso com uma Manhattan toda do lado de fora?

Passemos então ao que interessa: o banheiro. No The Jane, há um banheiro coletivo por andar. Todos são mistos, com cabines de vaso sanitário separadas das cabines de chuveiro. Em dez dias de hospedagem, mesmo com o hotel lotado, encontrei sempre ambos muito limpos, e não precisei esperar para tomar banho nenhuma vez. As cabines dos chuveiros são espaçosas, têm porta com tranca e até dispensadores de sabonete e xampu, os dois de qualidade boa. O hotel fornece roupão e chinelinhos para quem quiser ir cumprir um pouco mais à vontade os seus rituais de higiene.

O único inconveniente de compartilhar banheiro nesta ocasião foi encontrar um gringo de toalha amarrada na cintura, feliz da vida secando os seus pormenores com um secador de cabelo. Mas, se isso não tivesse acontecido, eu não teria uma passagem cômica para ilustrar o post :mrgreen: e talvez não lembraria de mencionar que existem secadores de cabelo nos banheiros!

Com um número razoável de albergues em meu currículo de viajante independente, desenvolvi o que poderia chamar de um…

 

PEQUENO GUIA PARA SOBREVIVÊNCIA A BANHEIROS COMPARTILHADOS:

Banho, só de chinelo. O chuveiro pode ser limpinho, mas será sempre menos do que o da sua casa.

Sabonete líquido é melhor de levar do que em barra – se cair no chão, não tem problema. Compre daquelas embalagens pequenas, para viagem. O mesmo vale para xampu e condicionador.

Vá para o chuveiro usando short ou qualquer roupa prática de tirar e colocar. Calças, para tirar ou vestir dentro da cabine, arrastam no piso molhado. Roupas justas não “sobem” direito quando não se está completamente seco.

Pendure as roupas no gancho na ordem que irá vesti-las de volta, para diminuir o risco de algo acabar caindo – e molhando.

Nécessaires que têm um cabide embutido são ótimas para essas ocasiões e podem guardar escova de dente, barbeador, pente e o que mais se precise.

Descobrir a hora da faxina do banheiro é uma ótima estratégia para conseguir tomar um banho com o box tinindo!

Os horários de pico são a hora em que todos os hóspedes estão acordando, e quando estão se arrumando para sair à noite. Levantar um bocadinho antes e sair à noite um pouquinho depois pode significar mais privacidade e menos fila.

Protetores descartáveis de assento sanitário são uma boa compra e servem para usar em outros banheiros ao longo da viagem.

Os banheiros na recepção dos hotéis ou albergues costumam ser pouco usados pelos hóspedes. Aproveite (e não conte pra ninguém)!

Antes de terminar, um adendo: o banheiro esteve sempre limpo, mas encontrei bed bugs na minha cama no The Jane. Parece que este é um problema crônico em Nova York. Eu voltaria a compartilhar o banheiro de lá, mas me hospedar… eu já não sei. O staff não soube contornar muito bem o assunto. De qualquer maneira, meu segundo quarto ficava em outro andar, e neste outro andar o banheiro continuava irrepreensível.

Leia também:

Nova York: um passeio por Chelsea, Meatpacking e West Village

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50 comentários

Que bom ler sua opinião, Mônica! Devo fazer um curso em NY e o YMCA foi oferecido pelo custoXbenefício e pela localização próxima à escola.

Santos, tenho 53 anos, amo viajar, conheço uma boa quantidade de países e já fiquei em muitoooosss hostels na vida. Também morei fora e compartilhei banheiro por vários meses. Pretendo fazer um curso em NY com meu marido e vamos ficar no YMCA, cujos banheiros são compartilhados. Porém, há anos que opto por quartos com banheiros, sempre que viajo em férias. E isso não é porque sou iniciante em viagens, mas pelo simples fato de hoje poder arcar com essa comodidade. Concordo com você que existem diferenças culturais grandes entre brasileiros e europeus, tanto que a rede Fórmula 1, no Brasil, tem banheiro nos quartos. Mas daí a você tratar a todos como iniciantes, me pareceu um pouco arrogante. Se a pessoa quer viajar com o mesmo conforto de sua casa e pode arcar com isso, qual o problema? Cada um que viaje na sua vibe e seja feliz!

Tinha preconceito com hostel e quarto compartilhado até que numa viagem à Europa esse ano vi que não ia conseguir me hospedar nas três cidades (Madri, Barcelona e Paris) em hoteis convencionais. Acabei reservando hostels em Barcelona e Paris e não me arrependi.

Fiquei em NY num albergue da YMCA. Super bem localizado, perto da ONU e do metrô. O quarto era pequeno mas limpo, e tinha frigobar. Os banheiros compartilhados mistos eram vários no andar, reformados e limpos. Só surpreendi um gringo escovando dentes. Toda noite eu chegava e pegava na portaria uma toalha limpinha, às vezes morna da secadora. E se você quisesse podia usufruir das instalações esportivas. O café da manhã era numa delicatéssen em frente. Achei ótimo custo-benefício.

Bem, a verdade crua (sem julgamentos) é que o brasileiro se acha o povo “do gingado”, o mais “pra frente” do mundo, quando na realidade é o contrário. O europeu não liga pra nada disso, independente da idade, e nos países mais desenvolvidos do mundo (Escandinávia) nem sequer existe banheiro privativo, só mesmo em hotéis de luxo. Pessoalmente, tenho mais de 30 anos, só uso banheiros compartilhados, e não pretendo mudar (até minha esposa já se acostumou) – pra quem morou em república por muitos anos, nunca tive estranhamento desde o primeiro minuto, o que me estranha é a quantidade de viajantes aqui que parece nunca ter usado um. As pouquíssimas vezes que peguei um privativo, é porque a diferença de valor era pequena, e me senti num resort 5 estrelas rs.
Banheiro compartilhado é a coisa mais normal do mundo (estranho é querer viajar o mundo com o conforto da própria casa). E o brasileiro ainda é um iniciante de viagens, tem muito a aprender! =)

    Pra que tentar dar lição de moral? O post é útil para quem está com restrições orçamentárias, mas eu e muita gente não se importa de pagar um pouco mais para ter conforto. Ser evoluído é ser tolerante às opiniões alheias, fica a dica.

Depois de ter ficado em um hotel com banheiro compartilhado em Roma, decidi que nunca mais. Acho que já passei da idade desse tipo de aventura extrema, haha.

Eu tinha receio depois de usar banheiros compartilhamos na Argentina e Bolívia! Rs
Mas na Europa não tem nada a ver! O banheiro compartilhado é top! A minha tese é que europeu nao toma muito banho, então o banheiro está sempre vazio. O único ponto , na minha opinião, foi acordar a noite para fazer xixi, Pq normalmente o banheiro é longe do quarto…

eu ainda não consigo dividir quarto e banheiro. .ainda mais porque viajo sozinha na maioria das vezes.. não me sinto muito segura. Acho que se planejando bem e com antecedência, dá pra pagar um preço razoável em nome de tranquilidade e conforto. Em Paris por ex paguei 70 euros num simples, porém otimo hotel bem localizado (entre o 11ème e o 3ème, mais perto desse ultimo) e com banheiro no quarto… em Portugal, 50 euros.. prefiro esperar um pouco mais e viajar tranquila do que ficar desconfortavel durante toda uma viagem. Mas se um dia tiver coragem, encararia tudo menos o quarto/banheiro misto.. isso não dá pra encarar não.. ainda mais levando em conta alguns relatos que vi aqui.

Também já tive essa experiência no ano passado, tive que ficar em local com banheiro compartilhado, misto, em Copenhague, Dinamarca – não havia opção! Primeiro dia: esqueci a toalha (lógico que descobri debaixo do chuveiro), ainda bem tinha ido com roupão; segundo dia: encontro uma criatura somente de toalha (de rosto) enrolada na cintura; precisei de muita cerveja todo dia pra encarar a situação e sempre esperava tarde da noite pra tomar banho. E da-lhe lencinho umedecido, álcool 70 pra limpar o vaso, e vista grossa para os cabelos e pentelhos que via espalhados pelo chuveiro, pia, vaso…mas os quartos eram limpos, a cama ótima, will-fi funcionando superbem, a localização era ótima. E Copenhague muito linda. Certamente foi uma viagem inesquecível…

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