Boloxícara (minha crônica de hoje no Divirta-se do Estadão)

Cupcakes

De onde vem a cupcake? O seu equivalente masculino – e salgado – eu sei: o temaki existia desde sempre, ainda que meio escondido dentro dos cardápios dos japinhas mais tradicionais. Mas a cupcake, que eu entenda, não passa do legado mais calórico de “Sex and the city”.

Ainda me lembro da primeira vez que experimentei uma cupcake. Apresentado a uma guloseima dona de uma popularidade aparentemente maior que a do Lula, abocanhei com vontade e – ugh! Quem foi que teve a infeliz idéia de estragar um muffin honesto com essa cobertura nojenta?

Aquele creme amanteigado era uma gosma indefinida, algo entre o chantilly e o glacê – duas outras categorias de coberturas a que sempre devotei o meu mais absoluto desprezo. Alguém aí já ouviu falar de creme amarelo de sonho de padaria? Oitocentas mil vezes mais gostoso!

Desde que tive essa primeira experiência, há um ano, o fenômeno só vem ganhando força. Para onde quer que você olhe tem alguém vendendo cupcake. Não só na rua. Todo mundo que traficava trufas, cestas de café da manhã e produtos Natura parece ter migrado para a cupcake. Os que gostam dizem que algumas dessas cupcakes feitas por encomenda são autênticas obras de arte.

No começo da semana resolvi me conceder uma segunda chance. Se 120% das pessoas amam cupcake, parece claro que eu estou perdendo alguma coisa. Daqui a pouco a onda passa e só eu não aproveitei.

Resolvi fazer a coisa do jeito certo. Fui ao Twitter. Usei 140 caracteres para expor o meu caso. E mais 140 para pedir uma indicação: se eu tivesse só uma chance de gostar de cupcake, onde deveria ir? Em menos de dez minutos eu já tinha indicações suficientes para passar um mês inteiro à base de cupcake.

Na terça-feira fui até o lugar mais recomendado. Pedi três cupcakes bem diferentes entre si.

Uma tinha uma cobertura amanteigada nojenta, uma gosma indefinida entre o chantilly e o glacê. A outra veio com uma panela inteira de brigadeiro virada por cima. A terceira tinha uma cobertura quase tão espessa quanto o bolinho; nenhum restaurante serviria aquilo sem uma bola de sorvete de creme do lado.

Preciso urgente de um sonho de padaria. Mas um temaki também serve.

Errata #1

Por um errinho de montagem, no jornal esta crônica saiu assinada pelo querido coleguinha André Laurentino. Por favor não xinguem o coitado na rua por engano, nem mandem carros-bomba à porta da sua casa. Acredito inclusive que ele goste de cupcakes.

Errata #2

Cupcakes da Cookie Shop

Algumas horas depois de enviar a crônica (sempre no último minuto, contando com a graça de Nossa Senhora do Deadline) recebi em casa uma caixa de cupcakes da Cookie Shop, gentilmente encomendadas pela @danielaAF. Delicadas, com coberturas bem-feitas e sobretudo bem-proporcionadas, essas cupcakes calaram fundo na minha consciência. São ótimas. Preciso retirar do texto aquela parte dos traficantes de trufas… pelo jeito, cupcakes por encomenda são realmente melhores do que as de rua :mrgreen:


61 comentários

Realmente os cups encomendados são mais saborosos porque são feitos com carinho e amor um a um. Sei disso porque sou filha da Dona Zenira, a mestre-dona-cuca que faz cups maravilhosos! Mas nem por isso deixei de experimentar também alguns de lojas dos Jardins e adjacências. O mais “famoso” que fica na Rua Augusta não gostei!

Pra mim cupcakes são cenograficas, por isso ficavam tao bem em Sex and The City. São só para olhar na vitrine e dizer: Olha que graça aquela ali… Para comer, nem pensar.

Realmente é um efeito Magnólia Bakery!!
Sinceramente também acho o gosto duvidoso, e ainda por cima enjoativo.
Olha que já tentei os menos adocicaods com casta de Limão e outros sabores cítricos, e enjoam também.

Eu já provei destes cupcakes da The Cookie Shop e de fato eles convertem qualquer herege! 🙂

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito